terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Retrospectiva 2019

e U n ão QUer O ma is fAZ e rS en tId o

mas faço para mim. Eu me entendo orque me conheço como ninguém e, olha, não é todo mundo que sabe se conhecer como ninguém, mas eu sei, sei exatamente tudo que devo fazer para ficar bem comigo mesma, talvez não saiba como fazer, mas sei que devo.
Vou deixar as considerações para o final, dois anos em um, muita coisa aconteceu. Dessa vez vou usar meu blog mas, também, minha agenda, aproveitar que esse ano comprei uma.

Janeiro: y los deseos me vieron nacer 
Cumpi minha promessa, admiti que tinha um problema e, mais do que isso, não deixei que dominasse minha mente, eu tenho um problema mas eu não sou esse problema, tudo passa.
Eu estava animada para entrar em uma faculdade e, ao mesmo tempo, consciente de que eu estava tendo dificuldade em sair de casa e talvez não conseguisse cumprir o que tava planejando. Dia 20 teve eclipse e assisti deitada do quintal.
Lendo a agenda, fiz coisa para cacete, mas sempre escrevia o quão me sentia inútil por não estar fazendo o suficiente (leia-se: ganhar dinheiro). Também já batia um desespero pelo começo das aulas.

Fevereiro: los árboles me vieron crecer
Entre surtar com o começo das aulas e receber visitas de amigas que moram longe (oi, Mika!), o que eu mais fiz em fevereiro foi escrever. Foi o mês onde comecei a sentir uma necessidade de divulgar meus escritos, por bem ou por mal, criei uma conta no nyah! mas, em seguida, já descobri o wattpad. Foquei nele. 

Março: el océano me vio navegar
Mês de divulgar meus escritos, criei a conta, postei meus contos, produzi muito, me estressei bastante também, segundo minha agenda, o engraçado é que agora eu nem lembro o porquê. 
Sei que foi o comecinho da minha canseira em permanecer como eu tava. No finalzinho do mês, meus pais deram um pulo em Aracaju.

Abril: las estrellas me vieron cruzar
Família presente, também recebi a visita da minha grande amiga de Matinhos, a Kulka, e foi muito bom. Aos poucos fui me sentindo melhor com a minha própria cabeça, sabendo que nem sempre seria assim, mas aproveitei enquanto foi.

Maio: las estrellas me vieron llegar
Não foi um mês fácil, mas foi necessário. Parei para confrontar meus monstros e meus medos, podar pensamentos sem sentido, reaprender a gostar de mim mesmo com todo o drama, eu sou assim, hora de ficar ok com isso. Tive problemas em definir como eu ganharia dinheiro com o meu trabalho sem ter que mudar meu estilo e ideais apresentados (dúvida agora superada) e também vivi alguma crise de relacionamento, porque cinco anos é tempo e brigas acontecem, mas, no geral, estive bem desde que substitui minhas tristezas por raivas. Também entrei em umas reflexões sobre sexo onde aprendi muito sobre mim mesma, ainda bem, e tirei um tempo para vomitar muitas das minhas mágoas em relação a Matinhos, porque cansei de guardar também.

Junho: las estrellas me vieron perder
Junho pode ser resumido em São João (weee), a colheita do nosso primeiro melão (weeee), algumas reflexões necessárias e uma sensação de férias, parei, descansei, me permiti não importar.

Julho: las estrellas me vieron ganar
Um mês onde tentei focar mais na minha saúde, marquei consultas, comecei a pensar em psicólogo, enfim, querer fazer algo a respeito da minha fobia social. Pode ser resumido em: religião, política e futebol se discutem SIM.

Agosto: las estrellas me vieron correr
Se no mês passado marquei minhas consultas, esse mês foi o de ir nelas, não vou dizer que foi fácil quebrar o medo de médicos e agulhas e fazer cocô em potinho (jksfhksdk), mas superei, estamos aí! No dia 21 a Carol Zica, minha miga, chegou lá em casa.

Setembro: las estrellas me vieron volar
A presença de Zica lá em casa, por algum motivo, me motivou a aumentar minha produção de imãs de geladeira, acabou que agora tenho 80 imãs diferentes, hahah! No geral foi um mês corrido, eu acabei ficando com a casa cheia em um momento onde não era o que eu queria, então meu lado brabo ficou brabo mesmo, teve mais a ver comigo do que com os outros, mas eu nem queria saber, estava em casa e essa foi uma lição aprendida no ano passado: nada de não me sentir a vontade na minha própria casa. De qualquer forma, consegui ser uma versão melhor de mim, não me calei mas também não fui cuzona, deu tudo certo no fim.

Outubro: las estrellas me vieron perder
Tentei um emprego, não consegui, fiz uns cursos, tentei de novo, não consegui. Comecei a fazer terapia, algo que estava planejando desde que olhei para mim e decidi que não desistiria, nada foi resolvido imediatamente, o que faz meu lado imediatista sofrer, mas sei que sigo avançando. 

Novembro: las estrellas me vieron ganar
Nada de muito novo, produzi muito, desenhei, escrevi, etc. Já me sentia (sinto) melhor com minha cabeça, o desafio agora é superar o corpo.

Dezembro: me vieron cruzar
Dezembro me mostrou o que eu já sabia, eu superei muita coisa, resolvi minha mente de uma forma que eu não julgava ser possível e, embora eu saiba que ainda tem muito a ser feito, as coisas estão caminhando. Eu ainda não consigo sair, passo mal, as vezes tô ok com a mente racional mas o subconsciente puxa algo que eu nem mesmo capto, mas tá lá, e aí me vem a sensação de desmaio, a forte ânsia, enfim, meus obstáculos desse ano. Mas as coisas estão acontecendo. Eu tô em Curitiba agora, feliz por estar aqui, feliz em ver meus amigos, meus pais, as pessoas que eu amo, também com saudade de casa, ansiosa (no bom sentido) para botar em prática as mil coisas que quero para o próximo ano.


Eu não tinha expectativa para esse ano, porque 2018 foi um ano muito agressivo, no geral, e não é que esse não tenha sido. O país tá despencando, sempre gostei de observar a política, não tenho como virar os olhos agora só porque tá tudo tão desesperador, mas prometi para mim mesma que eu não ia colocar minha felicidade nisso ou estaria ferrada, estaria mesmo, meu país sofreu demais no decorrer desses trezentos e tantos dias (nunca decoro quantos dias tem o ano).
Eu quero pensar em mim, estando bem consigo pensar nos outros, efetivamente agir,  eu quero ficar bem, mesmo se a vida for mal, tem coisas que a gente não escolhe e tem coisas que a gente escolhe sim, ainda bem.
Se 2020 vai ser bom ou uma merda, sei lá, não sou vidente e também não escolhi a música do que virá, e tudo bem. Eu estou onde eu quero estar, ainda não sou a pessoa que quero ser, mas vou me descobrindo, me lapidando, me amando, vou ficar bem comigo mesma, espero isso para vocês também, mais uma década começando, tenho mais de uma década de blog, obrigada pela companhia, enquanto estiver viva estarei aqui, o depois a gente vê, um beijo, mundão.









sábado, 28 de dezembro de 2019

O tempo tá passando

Tenho que escrever a retrospectiva desse ano porque, ei, são anos de tradição, não vai ser agora que vou parar! Não é minha casa, não é o meu pc, mas ainda assim tô confortável, esse blog é muito para mim, um registro, uma comédia, uma vergonha, algo honesto, vulnerável, gosto da ideia de escrever aqui, mesmo que sempre venha algum pequeno arrependimento depois, o medo de me expôr vem da sobrevivência também, mas eu não calo, tô viva e aprendo sempre, a vida tem sido difícil mas tem muita coisa boa acontecendo também, quero viver com mais leveza.
Esses últimos dias tem sido muito bons, mesmo que eu sempre tenha que lidar com uma crise, mas é bom estar com a família que me quer bem, é bom estar entre amigos, meus amigos constantemente demonstram quanto gostam de mim e isso me faz feliz, me mostra que eu também tenho feito algo certo, e eu tô feliz comigo, não o quanto quero ser, ainda vai vir muito trabalho para isso, mas eu não desisti e isso faz bem. 
Chega, já aqueci, o tempo tá correndo e temos muito o que fazer, vou começar a retrospectiva, sovrevivi mais um ando, eu ainda estou aqui, espero que vocês também!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

corpo x mente

Quando eu era adolescente fui uma das últimas pessoas da minha bolha a ganhar um celular, aquilo era uma novidade imensa pra mim, era um tijolinho com zero atrativos mas eu tava super feliz porque aquilo que todo mundo já tava acostumado era uma puta novidade para mim, então eu queria pegar o número de todo mundo (mesmo que eu nunca tivesse crédito), queria mostrar o jogo (no singular), tava deslumbrada. Minhas amigas acharam ruim, falaram que já tava chato, que eu não parava de falar disso, e aí eu me calei, não queria ser a chata.
É uma parada boba para lembrar agora, mas, querendo ou não, fala muito de mim. Eu estava feliz com algo, fui criticada e engoli minha felicidade, me calei, minha felicidade incomodou e abri mão dela. Era algo bobo para as outras pessoas, mas não era algo bobo para mim, não importa que seja, no final das contas, uma besteira, eu não garanti minha felicidade pelo medo do que iriam pensar, eu ainda não tinha diagnósticos e nem sinal visível da minha ansiedade, mas ainda tomei essa decisão, um exemplo entre tantos outros.
Esse final de semana que passou foi um resgate a várias coisas do meu passado. Saí de casa, o que é raro, para encontrar uma das pessoas que mais me conhece nesse mundo, não das que acham conhecer, uma que realmente me conhece, e ela me jogou (com muito amor) várias verdades na minha cara, coisas que em seis sessões de terapia ainda nem foram remexidas, coisas que eu preferia fingir que não guardo, mas guardo, e foi bom ouvir isso.
Um lado de mim queria que todo mundo olhasse as coisas que passei e validassem: não é justo, não foi justo. Talvez porque eu tenha essa capacidade com os outros, vejo as pessoas sofrendo injustiças, maioria social, e sei que elas não deveriam estar passando por aquilo, validar não faz com que parem de sofrer, mas as vezes é bom que alguém chegue para nós e fale: ei, eu vejo razão para o seu sofrimento, porque nós somos ensinados a agir como loucos, viver como loucos, ignorar tudo aquilo que sentimos e tudo aquilo que dói, ignorar essa dor interna, inclusive, é sinônimo de amadurecer. Essa fragilidade (ou honestidade), essa vulnerabilidade às nossas dores do passado, tudo isso é considerado fraqueza, eu não vejo mais assim, mas sei que é visto assim, sou parte do mundo mas não sou o mundo todo.
Minha mente vai bem, obrigada. Eu saí de casa e tive que lidar, por umas duas horas, com os sintomas de sempre, aquela sensação de que vou vomitar, vou desmaiar ou explodir, aquele aperto e vontade de chorar, mas não o coração, dessa vez ele bateu no ritmo normal, é algo a se agradecer, um sintoma a menos. É chato, sabe, é chato porque, mentalmente, eu me sentia ok. Sabia que ia sair, queria sair, sabia que talvez passasse por alguns eventos físicos, sabia que teria que lidar com isso. Mas me enche pensar que eu vá ter que lidar com isso para sempre, será? Será que, sempre que eu sair de casa, vou precisar andar com uma sacola plástica na mão, caso vomite? Será que vai ser sempre tão cansativo?
Eu não estou mal, pelo contrário, tô mais consciente das minhas vitórias, eu consegui ir, afinal, eu sobrevivi. Mas o peso é grande, a vergonha e a falta de confiança, eu não quero que o mundo me valide, eu só gostaria de ser minimamente entendida, mas é um erro esperar isso, ninguém vai ver a validez na minha dor porque ninguém tá vivendo o que eu vivo, isso não quer dizer que eu não possa me afagar. Não quero viver como uma vítima de mim mesma, mas quero ser capaz de me olhar no espelho, fazer um afago com os olhos e dizer para mim mesma que não importa se ninguém vê o tamanho do peso que eu carrego, importa que eu sei o quanto eu me supero a cada dia, esse peso não me define, talvez (espero?) nem seja parte de mim por muito tempo, quem sabe? Talvez, em algum momento, eu possa sair de casa e ver as pessoas que eu amo sem nem sentir ânsia ou sensação de desmaio. Já foi assim, talvez um dia volte a ser.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

fim

Eu tenho um pouquinho de raiva de dezembros, sei lá, tem o lado bom que tá todo mundo envolvido em uma tal de mudança de ciclo, mas também tem o natal, que eu já não sou muito fã, e o fato de que todos os planos que eu tenho na cabeça precisam aguardar a virada do ano para se concretizarem, não só porque eu não consigo abrir o tempo necessário dentro dos meus próprios planos, também porque muita coisa já parou, tchau e benção, é isso.
Tudo bem. Tá vindo muito movimento por aí, vou reaprender a gostar disso, pelo visto na marra, mas sempre foi assim, pular do trampolim, voo livre e queda bruta, sou corajosa pelo tamanho dos meus medos, é a versão que vou apostar minhas moedas.
Amanhã vou sair de casa, fato sabido, ainda me deixa nervosa mas tô empurrando com a barriga, deixa para depois da 00h, tá tudo ok, sorte ou revés, vou ter que lidar, tô viva, pelo menos vou sair para encontrar gente que eu gosto, tenho sorte, ainda posso escolher me recolher. Mas eu não quero, 2020 será prova, espero, quero sair dessa prisão mental, não será a primeira vez, que raiva dos dezembros, mas são importantes também.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

couch de blog

Me sinto avançando em vários quesitos, um pouco mais conectada comigo mesma, seja lá o que isso significa, sei lá, eu sempre gostei muito de gente, no geral mesmo, conhecer gente nova, ou conhecer novos pontos de vista, cada pessoa é um universo de possibilidades, eu gosto muito disso e quero resgatar todo esse amor em mim, digo resgatar porque vivi Brasil 2018 e 2019, não é fácil, quem vive sabe, nesse universo de possibilidades ver gente se limitando e defendendo o indefensável, olhe, não é que eu não tenha que lapidar muitas das minhas opiniões e achismos, eu tenho também, mas nem sempre é fácil amar a humanidade enquanto eu vejo gente aceitando assassinatos, censura e, enfim, todas as coisas que defenderam esse ano. Mas tudo bem, porque também sei que coisas ruins ganham mais visibilidade do que coisas boas, mas isso não quer dizer que coisas boas não estejam acontecendo. Tem muita gente estudando (eu, inclusa), muita gente se movimentando, muita gente trocando a ideia de caridade por mudanças estruturais, olha, não sei se as pessoas perderam a capacidade de sentir, muitas talvez sim, eu não, sigo sentindo, eu ainda estou aqui, e isso é algo a me orgulhar.
Meus últimos anos foram uma merda, mas coisas boas aconteceram também, conheci gente legal (mesmo que eu não tenha conseguido ser tão legal quanto gostaria), aprendi muito, passei vergonha demais, sei disso, mas quando não? É o preço da espontaneidade, de não vestir uma máscara de inteligencia e perfeição que não me cabe, mesmo que o externo cobre, eu sou de verdade, gente de verdade erra, vou aprender a ficar bem com isso, vocês vão ver.
Me sinto menos ansiosa. A fobia social e agorafobia seguem, agora diagnosticadas, mas também não vai ser para sempre, vou relembrar como eu era antes de ser assim, tão preocupada com minhas falhas que prefiro silenciar do que me expôr, sendo que me expôr era meu maior ato de coragem, existe coragem em admitir a vulnerabilidade, eu falo muito de medo, sei disso, tenho dez anos de blog falando sobre medo, mas o medo nunca me impediu, ao menos até os últimos dois anos, quando, é, impediu para caceta, mas esse é o obstáculo a se superar. Também tem honra em falhar.
Eu não sou uma pessoa desagradável. Chata, entediante? Ok, com certeza. Mas a felicidade alheia me contagia, as vitórias alheias me animam, eu sou uma utópica, foda-se, quero um mundo perfeitinho, onde todo mundo possa viver bem, ter dignidade de vida, sei que precisa de muita luta para isso acontecer, não posso perder toda a vida lutando comigo mesma. Sou parte do problema em muitos aspectos, mas não sou quem bate no peito e se orgulha disso, quero ser melhor, sempre busquei isso, quero conhecer minha melhor versão, não uma ideia besta de paciência infinita e tom de voz doce, isso não tem a ver comigo, quero ser verdadeira comigo e não me abalar por quem quiser ir embora, todos tem esse direito, fica aqui quem quer, fica ao meu lado quem pode, não quero mais ter que aceitar opinião de gente que só quer ver minha queda, ah não, eu caio e cairei para sempre, mas eu ainda estou aqui e vão ter que me engolir. No mais, não sou feliz, quem é? Não sou triste também. Sou doente, ou estou, e não existe um problema nisso, não vejo nenhum tabu aí, sei das cruzes que carrego e do peso das minhas decisões, quem segura sou eu e eu até que aguentei, tô satisfeita.
Ainda são muitos os arrependimentos: na falta de ação quando recebi carinho, na falta de compreensão quando julguei, na falta de auto-defesa quando fui julgada, mas tudo passa, eu passo também, ainda bem.
Esse ano não foi bom, mas foi importante. Continuo simbólica, escolhendo músicas para definir o que virá, fazendo retrospectivas do que já foi (podem esperar, há de vir), pensando, pensando muito, até a cabecinha doer e a terapeuta dizer chega, mas isso sou eu também, tô parada, é verdade, mas minha própria lição segue forte na mente: não sou moinho para me movimentar sempre no mesmo lugar. Fui do Nordeste para o Sul, só os deuses sabem o peso dessa criação, do Sul voltei para o Nordeste, recuperar algo que quebrou, se tem como, não sei, mas me conheci demais na busca, estou exatamente onde queria estar, me dói ver que não aproveito tanto, mas, sabe, faço o que posso dentro dos meus limites, um dia vou ser melhor, eu não desisti, se tem algo que posso bater no peito e sorrir é isso, eu não desisti, não vou desistir nunca, ainda tenho muito para fazer.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

despejando

Todo dia é uma luta, toda luta uma canseira, as vezes perco o ar, tô na beira, o precipício é convidativo mas ele é também o fim, não chegou a minha hora, ainda tenho muito para cumprir, não para expectativas alheias, para mim, para aquilo que busco, não na minha vida, no mundo, só que o mundo é grandão e eu sou só um grão de areia. Tenho voz, já usei, parei de usar quando percebi que não era ouvida, mesmo mais ouvida do que muitas, mas estava errada, erro constantemente, erro comigo, erro com os outros, carrego toda a culpa, não serve de nada, culpa sufoca e estagna, mas não muda nada. Mas eu mudo, mudo constantemente, e nessa mudança me aceito, com a maior das dificuldades, em um mundo cheio de dedos apontados, reconheço meus erros, sim, sempre, mas não vou mais levar o peso que botaram. Eu tô aprendendo, provavelmente em uma lerdeza maior do que deveria, verdade, mas sua caixinha também é pura vaidade, gostar de lembrar meus defeitos para esquecer os seus é cômodo, faz parte, mas é de tamanha inutilidade que ignora a possibilidade de construção mútua para um bem-estar egoísta, escolha de cada um, mas não mais minha escolha, eu respondo por mim e para mim, apenas isso, vou viver com meus fantasmas e tentar não criar outros, mas com a ciência de que faço isso por mim, se isso ofende alguém, bom, cada um com seus fantasmas, vai ficar bem também, sobreviveremos, todos nós, até o dia que não mais, somos grãos de areia mas ainda podemos virar cisco no olho de alguém, eu ouvi um amém?

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Coisas que fiz esse ano e devo me orgulhar

* Sigo escrevendo meu livro, sem desistir dele, sentando minha bundinha murcha para escrever com mais disciplina do que nos últimos 13 anos (uma hora saporra sái)

* Fiz algumas tirinhas novas do Da Igreja Ao Cortiço, não muitas, mas fiz.

* Fiz muitos imãs de geladeira e agora tenho 80 imãs diferentes.

* Pintei vários quadrinhos e eles virarão presentes de natal, o que vai surpreender todo mundo que nunca espera um presente de natal meu porque eu 1) no geral não curto natal 2) nunca dou nada porque eu sou uma falida. Fica aí a intenção misturada com surpresa agradável (a não ser que eles não gostem dos quadrinhos mas enfim)

* Depois de mileanos tive a chance de começar a fazer terapia, não resolve tudo mas ajuda um tanto. Tô cuidando da minha saúde, fazendo exames de rotina e tentando me alimentar melhor (ainda falho mas tô muito muito muito melhor do que no ano passado).

* Fiz um curso de escrita criativa que me ajudou muito, também fiz cursos para tentar aprender sobre freelancer de produção de conteúdo e me candidatar a uma vaga. Eu não passei, mas tô de boa com isso.

* Escrevi vários contos esse ano e finalmente comecei a expôr meus escritos de forma mais organizada, lá no Wattpad.

* Voltei a treinar karatê, mesmo que meio auto-didata por vídeo de youtube, e entrar em alguma academia de karatê é um dos planos pro próximo ano. Fiz quando criança e não percebia a falta que eu sentia de praticar.

* Aprendi a cantar a música Again, do Fullmetal Alchemist: Brotherhood, em uma semana, e fiquei muito feliz de saber que sou capaz de aprender a cantar uma música em japonês em uma semana se eu me dedicar a isso (tenho um forte dom para conhecimentos meio inúteis).

* Voltei a tocar didgeridoo, coitados dos meus vizinhos, porque eu toco mal.

* Fiz alguns rituais esse ano, menos do que eu gostaria, mas mais do que ano passado.

* Comecei a tentar aprender forró kkkksdjksjd socorro eu sou mto ruim (mas agora um pouco melhor)

* Consegui falar mais "não" para as coisas que não queria ou não concordava.

* Tô numa luta intensa para tentar ajeitar minha postura.

* Voltei a fazer listas bobas no meu blog.

Desplexo solar

Peguei a receita há uma semana, ainda não comprei o remédio, não sei se vou comprar, me irrita pensar que preciso de algo da indústria farmacêutica para conseguir ter alguma qualidade no meu dia a dia, tenho medo dos efeitos colaterais, tenho medo do vício, mas meu maior medo é não conseguir controlar meu próprio cérebro sem ajuda de algo externo. É lógico e é válido, mas me irrita, acho que sou arrogante demais pra admitir que não posso seguir sem conseguir sair de casa, mesmo que uma parte minha ame não sair de casa, não ter que ver pessoas, tudo tem me irritado demais.
Mas eu vou tomar. Sei que, passado o choque inicial, vou arriscar esse negocinho que promete modificar minha estrutura cerebral de forma a diminuir minha sensação de que eu sou um esquilo rodeado por, sei lá, qualquer coisa que coma esquilos. Pior é saber que não sou. Pior é saber que eu, com medo idade, não tinha medo de nada. Tudo bem, agora eu tenho. Talvez agora eu só saiba o quanto tenho a perder, talvez agora eu saiba que eu caio e que a queda dói. Mas é um saco.
O problema da ignorância é que ela é confortável e quem aqui não gosta de conforto? Mas eu sempre preferi verdades duras do que respostas fáceis, embora também seja verdade que eu não fazia ideia de quão duro o mundo é, mais pra uns do que pra outros, mas creio que viver não deve ser muito fácil pra ninguém, pelo menos é o que minha amiga Maria Raquel fala, que todo mundo é meio surtado mas alguns disfarçam bem. Será? Não sei, mas sigo pensando.
Espero um dia voltar a ter prazer em sair de casa, em encontrar com pessoas, toda vez que penso nisso a palavra que ronda minha mente é "cansaço", espero que seja como exercício, quanto mais você faz mais fácil fica, mas todas as vezes que tentei eu só consegui me foder mais e mais, valeu, planeta.
Mas eu não sou um esquilo. Eu me sinto um no momento, mas eu não sou, eu já vivi situações que me provaram o contrário, por que agora eu me sinto assim? As vezes penso que é o peso de saber o que tá do lado de lá, mas não quero tomar como verdade nada que diga que eu tenho que permanecer assim. Eu não sou assim.
Todo o amor do mundo para quem luta com a própria mente, com os próprios hormônios, com o próprio corpo, com os próprios boicotes. Não é fácil. Da minha parte, tento julgar cada vez menos as pessoas (nem sempre consigo), sabendo que isso não é muito mas, por enquanto, é o que eu consigo. Ainda estamos aqui.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

um dia bom

Antes, o medo, como de praxe. Medo de acreditar e no final quebrar a cara mas, sei lá, estamos aí para o que tiver que acontecer. O fato é, me sinto melhor. Aos pouquinhos, de passito, sem arrogância, nem todo dia é uma vitória e, às vezes, a derrota é bem dolorosa. Só que tem sido menos constante e, por isso, agradeço.
Não é que eu já esteja pronta, longe disso, ainda tenho bastante coisa para lidar, mas agora a vontade é maior, sei lá, acho que cansei de desistir e, principalmente, pedir desculpas por ser eu. Tô (re)aprendendo a rir de mim, sou trouxona mesmo, deeesde que me lembro por gente, lerda é a palavra, isso não me torna burra, embora eu goste do personagem para ver até onde os outros vão.
Vai vir julgamento de todo lugar, como sempre veio, do sotaque, do gestual, das opiniões, das atitudes, do meu drama, que preguiça, passei anos me preocupando com isso, e por quê? Se no fim do dia, mesmo acompanhada, eu sou minha única companhia? E isso não é ruim, eu gosto de mim, tenho várias qualidades, se são maiores do que os defeitos eu não sei, nem me interessa, tendo ser minha melhor versão todo dia, não por vocês, por mim, sempre tem sido assim.
Aaai que gostoso que é, voltar a me expôr. Minha vulnerabilidade é mais honesta, gosto mais de mim assim, mesmo com todos os riscos.
Eu ainda não tô 100%, mas olha aí, vai dizer que eu não tô um pouco melhor? Foram muitos aprendizados, reparei várias coisas nessa maravilhosa lua cheia, inclusive que eu não preciso ficar triste. Eu posso, e tudo bem, mas eu não preciso. A raiva, essa é minha amiga, sou boa direcionadora e sei quem são meus fantasmas, mas eu também não posso só ter raiva, tenho que lembrar o que é felicidade também. Nem que, pra isso, eu precise rir de mim e dos meus problemas, já que chorar comprovadamente não faz eles desaparecerem.
Próximo ano (lógico que eu já tô pensando nele!) eu vou subir uma horta comunitária seja lá onde eu estiver, é isso aí, ihuu!



terça-feira, 12 de novembro de 2019

pátria que pariu

não aguento mais esse Brazil
onde ninguém mais fala alto
todo mundo trancado, medo de assalto
do lixo à mesa para alguns
fogo na mata, óleo no mar,
lama nos rios, fumaça no ar
privatizar o lucro e socializar o prejuízo
não aguento mais esse Brazil
onde se calcula o valor de uma existência
e decide apagar quem resistir
chama de invasor quem nasceu aqui
consente que os nossos durmam no chão
não se permite falar sobre inclusão
e se eu discordar me manda sair
eu não aguento mais esse Brazil
de muitos inimigos e poucos aliados
onde a violência é o argumento válido
e fogo amigo se vê em todo lugar
no novo shopping, na rua sem asfalto
na falta de um saneamento básico
e muita gente segue sem tem nem um lar
Sinto falta de um Brasil que nunca conheci
Um sonho, utopia, ou um futuro a construir
Reforma agrária efetiva e agroecologia
Inclusão social, universidade universal
Saúde pública e de qualidade, preventiva,
no interior ou na cidade, oportunidade
estímulo artístico, valorização
eu queria um Brasil que não cabe no quadrado
um lugar sem fronteira, ninguém armado
que repensássemos o sistema prisional,
a saúde mental, desigualdade social, o racismo estrutural,
capitalismo e seu mal, arrancar grandes empresas
se ligar no ambiental!
é um processo longo e o caminho natural
ai, um Brasil que respeitasse nosso direito fundamental
de existir







quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Seguindo

Se eu cair ninguém me segura, ainda assim eu caio, se eu fraquejar ninguém me abraça, ainda assim fraquejo, não escolho as dores que vou sentir, só sinto e, vez ou outra, deixo ir, mas sigo, eu ainda estou aqui, sem ninguém pra segurar ou apoiar, me ergo a cada tropeço porque é deles que sou feita, uma soma dos erros passados e a oportunidade de, ainda assim, me amar. Se não eu, quem? Amor tem seu preço também.
Me afasto, dou um trago e reflito: se, viva, sempre parto, e sendo a morte um fato, seria ela só um parto a mais?
Sempre pensei muito na morte, desde criancinha, sempre fui daquelas que se perguntam quando vão morrer e se estão passando pelo aniversário de morte nesse momento, me pergunto o que vem depois, se tem depois, eu acho que sim mas se não tiver não vai fazer diferença. Nem sempre eu tenho certeza de que existe um "agora"...
Penso na morte mas não a desejo, esse não é um daqueles textos onde eu só quero que tudo acabe, penso na morte para lembrar que estou viva, que tenho voz, que eu amo me expressar, numa texto em computador ou num quadrinho no papel, eu amo estar aqui, influenciar, eu amo tudo que é o oposto de se esconder. Mas, há dois, três anos, me escondo. Com medo de não ser aceita por vocês (que nem deveriam importar tanto, seja lá quem forem), por medo de derrapar -eu mesma- nas minhas convicções e em como acredito que o mundo devia ser, com medo de me lançar ao conforto e só me enfiar em uma bolha, a que já me encontro, me escondendo de tudo aquilo que eu podia ser.
Mas eu ainda estou viva, porque meu livro não se escreve sozinho, porque minhas tirinhas merecem mais investimento meu e porque existe um cinismo em mim, desde sempre, lá no fundo, dizendo que quem não gosta de mim já tem algo em comum comigo, mas eu tenho que me aturar todo dia, mundo, vocês vão superar também.
Tô cansada de me esconder, quero voltar a ser espontânea, não quero calcular toda a forma com que vivo, isso nem parece comigo, não quero mais ter medo dos meus próprios erros, mesmo que machuque outras pessoas, eu odeio sentir que fui algo ruim para alguém mas não posso viver uma vida inteira evitando que isso aconteça. Eu não quero deixar de me importar, isso faz parte de mim também, mas isso é diferente de ficar tentando adivinhar se posso ou não ter machucado alguém por, sei lá, falar com a pessoa usando o nome dela no diminutivo (abrindo aqui a gaveta das paranóias cotidianas) ou ser sincera sobre algo que me incomoda, simplesmente.
Pessoas se ofendem com qualquer coisa, assim como eu, e se eu não quero que ninguém se adeque à mim também não faz sentido ficar me forçando a me adequar aos outros, por mais que eu goste deles e da sensação de pertencimento que, no fundo, nem sei se eu conheço. Se alguém se ofende com alguma atitude minha e escolhe o silêncio, me tira a oportunidade de ter ciência. Ninguém tem obrigação de me ensinar nada, fato. Nem eu de adivinhar.
Eu não tô feliz há um tempo, mas também não tô triste e, diferente dos momentos ruins da minha adolescência, também não tô vazia. Eu tô brava comigo, o que sempre tem um lado bom, mas ainda sinto um cansaço imenso ao sair de casa ou conversar com outras pessoas, algo que realmente não acontecia há uns dois anos. Não consigo identificar que evento me tornou assim, embora tenha minhas teorias, mas sigo na busca de me entender, de analisar e observar meu interior (isso é meio irritante mas é mais forte do que eu D:) e de lembrar que pessoas são legais (às vezes) e que eu tenho que dar chance de conhecer elas e que elas me conheçam, independente se vão gostar de mim ou não.

Termino essa baboseira aqui com um arrepentimento: devia ter ouvido mais Pitty na infância.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

passos

Tiro peça por peça, sem apego, o que for eu há de ser eu, perco as lembranças aos poucos, quem fui e quem almejava, tudo é novo, descompacto, imutável, tiro peça por peça, me perco na ideia do que seria eu, aprendo com o passado, desde a decisão de tatuar a frase "então sou conforme posso e o resto é vaidade" até a promessa: o mundo pode até ser assim, mas eu não sou. Tiro a peça, desencaixo, nenhuma certeza berrada pode trazer nada de bom, a pergunta é o que impulsiona e poucos fatos perduram, é preciso perder o controle para lembrar que nunca o teve.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Se tem luz tem sombra

Narrativas de bem ou mal, nós versus eles, argumento que justifica as maiores atrocidades, "existe um inimigo a ser combatido" e no fim a gente esquece que tudo é feito de gente, fala em punitivismo e rechaça igualdade de oportunidades, políticas públicas, somos feitos para condenar e, veja bem, sou pacifista até certo ponto e sou humana também, guardo meus rancores e busco justiça, mas o que é justiça? Qual o limite? Derrubar um inimigo ou impedir a criação de um inimigo? 
Debates e reflexões em uma sensação de manhã às duas da tarde.

domingo, 15 de setembro de 2019

~*~*~ fingindo ser uma pessoa alegre e bem-humorada ~*~*~

Tenho medo de morrer e alguém ler meu blog e achar que eu sou uma pessoa depressiva, rabugenta e irritada! Eu até sou, e nesses momentos escrevo, mas também tenho momentos bons, tá, gente? Eu sou legal, eu juro, hahah, às vezes até sou, mas aí quando tô massa não escrevo aqui porque sai uns textos bestas desses e ninguém merece (ninguém merece nem meus textos bravos, na dúvida não leiam meu blog depois que eu morrer)(digo depois que eu morrer porque em vida ninguém lê mesmo)(ainda bem).

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Touro furioso

Eu tô muito irritada, eu ando muito irritada, isso porque eu sou assumidamente uma pessoa cheia de manias e, não, ninguém precisa lidar com as minhas manias, mas no meu espaço, no meu cantinho conquistado com muito esforço, vale a minha regra, não gostou é tchau e benção, não é injusto e nem difícil de entender, não quero mudar ninguém e não quero que ninguém me mude, só que as pessoas são absolutamente sem noção e é isso. 
Nos últimos tempos minha grande lição foi aprender a falar 'não', aprender que não é porque eu posso fazer algo por alguém que eu tenha alguma obrigação, aprender que as pessoas se aproveitam e que o limite sou eu quem dou. Pois bem, aprendi a falar o tal do 'não', deixo bem nítido meus sentimentos sobre as coisas, falo o que gosto e o que não gosto, só que aí vem a lição desse ano: como fazer a porra do meu 'não' entrar na cabeça dos outros, porque não é possível que eu fale tintin por tintin o que me incomoda e as pessoas finjam se importar para no final cagarem e continuarem com as mesmas atitudes.
Se antes eu pecava por nem permitir que as pessoas soubessem o que eu sentia, hoje eu pego por deixar elas cagarem para o que eu sinto, porque pior do que não falar é falar e ser completamente ignorada DENTRO DA PORRA DO MEU ESPAÇO. 



terça-feira, 23 de julho de 2019

Vidão

Pensei num plano genial agora. O mundo tá acabando e todo mundo sabe que quando o mundo tá acabando os donos do planeta pegam suas pesquisas e suas naves e vão em busca daquele planeta X já descoberto que parece a Terra e poderia abrigar a vida, certo? Certo.
Ao mesmo tempo o mundo só tá acabando porque esses mesmos donos do mundo estão destruindo tudo com suas mineradoras e agrotóxicos e barragens e enfins. Não estamos perto do fim do Sol ou prestes a sofrer com meteoros gigantes, o mundo só está acabando porque eles estão aqui.
É um paradoxo e todo mundo sabe que paradoxos foram feitos para dar dor de cabeça, mas E SE a gente desse um jeito de cortar o ciclo, precisaríamos de alguns cientistas conspiracionistas e um ou dois indícios de perigo imediato (cadê aquele meteoro? Nibiru não, que Nibiru já tem conceito demais envolvido, precisamos de algo neutro), uns quatro bilionários para comparem a mídia (aquela vendida!) com alguns fatos interessantes de como o Planeta X é um local emergente e a ida para lá é questão de alcance social, todo vão querer ir, pelo menos todos que não conseguirem imaginar quão bela e pura seria uma vida no planeta Terra sem esse bando de almofadinhas, ahh, que vidão!

segunda-feira, 22 de julho de 2019

provadores

- A pior coisa é um artista com medo. - Eu disse na frente do espelho, ele me fitou de volta.
- Por que diz isso?
- Veja bem, o artista sempre apresenta uma ideia, certo ou errado, bom ou mau, sempre tem algum conceito envolvido. Mas e o artista que não tem segurança de si? Ele vai criar, porque isso é inerente, mas nunca vai divulgar. Vai ter medo de mostrar o que pensou.
Meu espelho me fitou com um olhar engraçado.
- Como alguém pode ter medo da própria criação? - Perguntou e eu ri, sendo acompanhado pelo reflexo envergonhado.
- É fácil, na verdade. Estamos sempre nos destruindo e reconstruindo, é fácil olhar algo do passado e não se ver mais ali.
- O que é diferente de negar a própria arte.
- Não é tão diferente assim. Se eu ficar famoso por uma obra que na época fazia sentido mas hoje em dia está ultrapassada, bom, ficarei conhecido como ultrapassado.
O espelho soltou um muxoxo de descrença.
- Não acho que as pessoas pensem muito nisso.
- Mas é aí que está, o artista pensa, o artista gosta de refletir sobre aquilo que ninguém mais reflete. Só que quando ele gera essa reflexão, bom, as pessoas que nunca tinham pensado sobre passam a discordar dele.
- Mas o papel não seria exatamente gerar a reflexão, e não a ideia pronta?
Andei pelo banheiro até encontrar o barbeador, só então respondi.
- Não, acho que isso é ilusório. Todo mundo tem uma ideia pronta, a gente pode até mudar, mas imparcialidade é uma mentira.
- Isso tudo parece papo de maluco.
- De maluco não, meu amigo. De artista.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Aviso não muito importante

Eu não reviso meus textos aqui. Não é um blog profissional, mesmo que eu queira trabalhar profissionalmente com escrita. Aqui é pessoal, desabafo, elucubração, tenho mais de dez anos de blog, minha opinião muda rapidin, graças aos deuses, e eu não sou ~digital influencer para que minha opinião tenha algum significado nesse mundo, enfim. Sem métrica, sem regra, só vai.
Seguimos.

Narrativas

A verdade pode até ser uma só (isso não é uma afirmação), mas são muitos os pontos de vista e, hoje e sempre, isso que define quem vai segurar a faca e o queijo.

A humanidade já passou por muitos momentos e já acreditou em muitas coisas, algumas dúvidas que pareciam superadas inclusive voltando à moda (alô terraplanismo), e eu cada vez mais penso que o que controla tudo é a narrativa, veja bem, um dia acreditamos que o rei era escolhido por Deus para ser rei, ou que mulheres eram propriedades de seus pais e maridos, ou em papos lixos de supremacia ariana, enfim, a lista de absurdos já defendidos pela humanidade e encarado como "opiniões comuns" é imensa, surpreendentemente até hoje, quando grande parte de nós já tem acesso à internet e, com ela, à maioria dos livros existentes no mundo.

Nós avançamos muito no decorrer da nossa história, ao menos em teoria, e mesmo assim estávamos muito longe do ideal, mas existia um futuro a ser vislumbrado, já entendíamos que as pessoas são diferentes entre si mas devem ter as mesmas oportunidades e que, se isso ainda não acontece, é algo a ser mudado e não elogiado.

A internet mesmo, essa linda faca de dois gumes, propiciou que muitas pessoas tivessem acesso a histórias e contextos de vida muito diferentes da própria bolha e, mesmo que nem toda a população tenha acesso, o crescimento da internet mudou a televisão, mudou o rádio, mudou o cotidiano brasileiro (provavelmente mundial) e, principalmente, jogou na roda debates que por muito tempo tentamos evitar, debates desconfortáveis, sim, mas necessários e atrasadíssimos.

Só que um fenômeno antigo também se apropriou das redes, a certeza da alienação. E então as teorias e opiniões começaram a ser mais importantes do que os fatos, novamente a narrativa, certa ou errada, se fazendo valer. Se por trás da ideia de progresso está a destruição do planeta, por que não focar apenas naquilo que queremos focar? Existe uma tendência crescente em ignorar verdade e mentira e trocar pelo "concordo" ou "não concordo". E por isso pessoas seguem defendendo suas opiniões bizarras, defendendo seus heróis mesmo que os mesmos entupam a comida da população com veneno e etc.

Se eu pudesse enfiar alguma ideia na cabeça do mundo todo seria essa: não existem heróis e não existem vilões. Mas existe a narrativa e, com ela, você consegue fazer as pessoas viverem em um estado de medo e alerta que torna fácil o controle. Nós só queremos ser dopados, ninguém aguenta mais receber a tonelada de informação diária, estamos sendo soterrados porque, assim, não reagimos, e é mais fácil lidar com isso quando tem um suposto herói para nos salvar de nós mesmos. Terceirizar o trabalho de ter uma sociedade justa, algo assim.

E aí a gente inventa um papo meritocrático, algo como "as pessoas são pobres porque não se esforçaram o suficiente", e fica fácil tirar o nosso da reta.

No último episódio de Brasil 2019, nosso vergonhoso presidente soltando uma daquelas cortinas de fumaça e defendendo trabalho infantil, mais uma narrativa que eu pensava estar consolidada, "lugar de criança é na escola", e pelo visto, não, tem muita gente, os famosos "cidadãos de bem", se prontificando em defender a narrativa de que criança pode e deve perder a infância trabalhando. Felizmente esse não é um projeto de verdade, como prometer empregos para crianças em um país onde parte gritante da população está desempregada? Ainda assim, é um absurdo que a fala tenha sido defendida, é desesperador ver pessoas que eu considerava boas e sensatas (já nem sei em quê me baseio) defendendo que o filho dos outros deixe de brincar e estudar para garantir a sobrevivência da família que, para começar, nem deveria estar passando dificuldade se vivêssemos em um mundo justo.

E a narrativa vigente é essa: se não está conosco está contra nós, é inimigo e deve ser combatido. É só observar a atual campanha para tirar o técnico da seleção, Tite, não pelo seu desempenho como técnico, mas por sua posição política que ele, pelo que entendi, nem levou ao campo. Eles defendem que isso aconteça mas acham um absurdo serem chamados de fascistas, mesmo isso deixará de ser um problema, com o tempo, o termo fascista perderá o significado e vai se tornar o mesmo que anti-comunista, porque segundo a narrativa o comunismo foi o que vivemos nos últimos tempos (o lucro dos bancos deve ter sido alucinação coletiva ou algo assim) e deve ser combativo porque o PT estragou o país e aquele papinho todo e etc.

São tempos sombrios e vem aí mais um ciclo de vários anos para resolver essa bagunça toda. Pena que a gente destrói o planeta cada dia mais e se bobear nem temos todo esse tempo. Vai depender da narrativa. No momento aquecimento global nem existe mesmo...

terça-feira, 2 de julho de 2019

Espiritualidade é mais do que falar bonito

Me cansa um pouco essa tendência de alguns nichos entusiastas de um estudo espiritual, aquela mania de tentar se transformar em um "ser de luz", o que já me remete a pitadas de cristianismo (nada contra), porque a ideia de "ser de luz" seria alguém bondoso, com compaixão, que brilha, ilumina o ambiente. Nada mau, não é? Mas o que é isso senão a imagem construída de Jesus, um homem tão perfeito que não podia nem ter esposa? E nessa esquecem de coisas simples, como não julgar inferior alguém que não está na mesma busca, não criar uma hierarquia espiritual ("nós, que estamos mais evoluídos, temos que.........") ou, sei lá - não acendam as tochas ainda - amar os próprios defeitos? Se aceitar, como humanos? Talvez entender que uma vida comum (com esposa e tudo!) não torne ninguém menos ~evoluído?

Eu amo a sombra. Quando tem sombra de noite é porque a Lua tá cheia! Na sombra nos conectamos com nosso verdadeiro eu, o que gostamos e o que gostaríamos de esconder, na sombra está aquilo que é sutil, secreto, palpável, me lembra até uma frase muito bonita do meu irmão (Felipe Bello, autoria aqui haha): "De dia o trovão assusta, de noite ele ilumina". O que quero dizer nisso? Que tudo tem uma função, mesmo aquilo que não identificamos de começo, e isso também diz respeito aos nossos sentimentos, inclusive os que muitos tentam abafar por não considerarem "ser de luz". O medo é horrível, mas pode salvar minha vida. A raiva é perigosa, mas impulsiona. A tristeza é dolorida, mas também ensina. Não tem porque odiar essas nuances ou querer tirá-las de mim porque são sentimentos "negativos".

Outra coisa que eu noto muito por aí. Jogo runas, é um dos meus oráculos preferidos, me sinto muito integrada com meus guias quando sacudo as pedrinhas (feitas por mim) na sacola. Também jogo profissionalmente, num valor ínfimo (costumo cobrar vinte reais), e já fui criticada por isso mais de uma vez. Dizem que eu deveria cobrar mais para valorizar o produto porque, se eu for barateira, vão achar que não sei o que estou fazendo. Ora, vejam bem, não estou aqui para convencer ninguém, não preciso encarecer meu trabalho para buscar clientes porque eu não preciso de clientes, não é minha intenção e, se uma pessoa precisa pagar caro para valorizar o que eu faço, talvez não seja ela quem eu precise atingir. Nada contra que as pessoas cobrem o preço que quiserem nas coisas que fazem, isso é um direito de quem dispõe a mão de obra, mas não é isso que me trará credibilidade.

E aí eu paro e olho para os lados, o que me trará credibilidade no meio, se é que eu preciso disso? Então observo e reconheço alguns padrões dentre a maioria (sem generalizações aqui) das pessoas que falam nesses assuntos: o tom de voz sereno, as frases de superação, a insistência em olhar para o lado bom da vida (e só para ele ou estará atraindo pensamentos negativos). Gosto de pensar que as pessoas são assim porque estão confortáveis consigo mesmas, se sentem realmente serenas e prontas para o futuro, mas isso passa uma imagem de que pessoas que estão envolvidas no auto-conhecimento e espiritualidades em geral são bem-resolvidas, felizes para caramba e nada derruba elas, e isso é uma inverdade. Todos nós somos passíveis de encontrarmos a tristeza e, principalmente, a loucura. Estamos num mundo onde todo mundo flerta com a loucura constantemente, euzinha, numa escolha pessoal, prefiro abraçar minha loucura do que fingir que ela não existe (não que eu tenha muita escolha). Acho que isso é mais realista com o mundo em que vivo, onde não somos iguais, mesmo que cada um de nós tenha uma existência que merecia mais, nós não somos iguais e não é esse o problema, o problema é que, dependendo de quem somos, o mundo se relaciona diferente conosco, nós nunca podemos esquecer isso ou a nossa espiritualidade tá girando só em torno do nosso umbigo, e isso é prejudicial, passa para as pessoas ideias irreais

Tive minha época de tentar só ser feliz. Ter paciência, sempre buscar ajudar os outros, fazer de tudo para que gostem de mim e achava que isso era me lapidar espiritualmente. Quando a vida apertou, quebrei, lembrei que isso era uma farsa e, pior, tinha gente que contava comigo para manter a máscara no lugar. Essa é uma das minhas histórias de vida, não necessariamente é a de todo mundo que se encaixa no que eu falei, sei disso mas, curiosamente, também é essa máscara que muitos sentem falta para confiarem em mim com as runas. "Como posso jogar runas com ela se ela não é serena, com tom de voz complacente e aspecto bondoso?" Pois bem, não sou e não serei, assim como meus guias não são seres de luz e nem por isso são menos sábios e admiráveis. Sou cinza, bem cinzinha, não me acho pior e nem melhor do que ninguém, não ataco mas não dou a outra face, não sou cruel mas conheço meu lado monstro e, felizmente, sei que tenho muito, muito, muito a aprender. Espiritualmente? Demais, mas, principalmente, sobre o mundo físico e sua sociedade desigual. Com tanta injustiça nesse mundo, melhor deixar minha parte "serena" para o pós-morte.

O que eu quero com tudo isso é lembrar de que muito mais importante do que "manter os pensamentos positivos para, enfim, encontrar o sucesso" é lembrar que o sucesso é muito mais fácil para uns do que para outros, de acordo com classe social, etnia, gênero, sexualidade etc, lembrar que mais importante do que conseguir um sucesso (geralmente atrelado com dinheiro) é fazer algo de bom com isso, algo que facilite o caminho para os que vierem depois, é usar o sucesso para diminuir um pouco as injustiças do mundo, sabendo que nós também não somos super-heróis, não dá para, individualmente, vencer um sistema estrutural, mas dá para não ignorá-lo, não fingir que inexiste porque "eu só lido com o astral".

No âmbito pessoal cada um lida com o que quiser, não tô aqui para decidir por ninguém, só que se você se coloca em uma posição de "autoridade espiritual" (francamente, isso é ridículo), é contraditório que não fale de direitos humanos, de direito à moradia, alimentação saudável, dignidade de vida, isso não é política, isso é espiritualidade! É reconhecer que toda pessoa no planeta deveria ter o básico para uma vida digna, é reconhecer que isso não acontece. Podemos falar disso com o olhar sereno e o tom de voz complacente, se vocês preferem, mas que não deixe de ser falado, que essas questões não percam sua importância para dar lugar ao "sua vida está ruim porque você não está mentalizando direito". Aproveitem essa credibilidade aí, meu povo!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Pensamentos e reflexões SERÍSSIMOS do mês de junho

- Deus criou a humanidade para fazer memes e a gente não devia fazer nada além disso!

- Nem todo mundo que age de forma diferente de como agiríamos é "tóxico", mas se afastar continua válido.

- Borboleta é um bicho muito esquisito. Come, come, come, come, come, aí fica cheio, dorme, dorme, aí VIRA DO AVESSO, agora pode voar, aí trepa e morre.

- Não deve dar tempo de borboletas criarem memes, elas são muito ocupadas.

- Não é porque a gente tem uma opinião que a gente tem que DAR ela.

- E nem é preciso ter opinião sobre tudo (está tudo bem, prometo)



domingo, 23 de junho de 2019

yule é intro

Tô meio cansada de gente, isso é mais problema meu do que dos outros, lógico, mas não posso ignorar que exista. Eu gosto de pessoas, gosto das inúmeras possibilidades, só que tenho preguiça dessa fase que a gente vive, "eu tenho uma opinião e o mundo PRECISA saber", é chato de verdade conhecer a opinião de todo mundo, vocês já viram o tipo de barbaridades que a humanidade pensa? Tem gente pra tudo e isso me cansa. Não é que eu queira que as pessoas sumam ou só concordem comigo, eu só queria um sossego (ilusório), uma placa que dissesse "mente cansada demais para fingir que se importa" ou simplesmente um pouco de respeito ao meu silêncio, as pessoas hoje obrigam as outras a se posicionar (me boto nisso, mas não quero mais ser assim). Não importa ter noção da nossa ignorância, agora temos que fingir que sabemos e convencer outros que também fingem que sabem, todo mundo tão certo de suas verdades, ai, que preguiiiça que me dá. 
Me sinto cobrada infinitamente, de todos os lados, por todo mundo, uns por amor, outros por controle, "eu respeito você desde que faça o que eu quero", alguns nem escondem a falta de respeito, lidam bem com ela também, eu acho isso um saco. Eu sou como eu sou e como quero ser, me engulam ou saiam fora.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Mágoas

Gostava de você, confiava, peito aberto como sempre fui, mas um dia acordei e, com um estalo ou dois, notei. Notei que minha felicidade era um problema, notei que me apontava uma vida que, julgava você, era minha, mas era? Foram dois anos de contato e me moldou a partir de sua observação, direito seu, mas era eu? Você define quem sou? Como devo agir? Um dia acordei e percebi que esperava minha falha, o monstro que acreditava que eu escondia, o pior? Acreditei.
Você não tem culpa da minha ansiedade, isso é óbvio, mas foi gatilho e não ajuda, foi o dedo apontado e não a mão oferecida, tudo por quê? Porque esperava de mim a pessoa que criou em sua cabeça, mas eu era?
Eu não te odeio. Não desejo seu mal, nunca desejei, quero que seja feliz, conheço minimamente seu contexto, sei que sofreu e passou coisas que não deveria ter passado, até tentei te ajudar no limite que conseguia, mas não era minha obrigação, entende? Eu faria de novo, porque sou assim, mas nunca para te provar nada, nunca para te mostrar que estava errada sobre mim. Eu não preciso me provar, eu me conheço, saca? Me perdi mas nunca me esqueci e por isso sofri tanto, tentei caber em sua expectativa , para quê? Sou tão completa, por que fiz isso? Me magoou que tenha deixado e me magoou mais ainda quando se ofendeu por ter me levado mais a sério do que te levo. Só que esse foi o meu maior acerto.
Me afastei, cortei relação, sofri muito por isso, me achei tão injusta, tão tão injusta! Só que tão leve... Como estaria errada em fazer algo que me fez tão bem?
Por muitas vezes quis te dizer tintin por tintin das minhas mágoas, algumas até tentei, mas não senti abertura, continuei sentindo o julgamento e, pior, descobri que falava de mim para terceiros, não sobre quem eu sou, sobre quem julgava que eu era, pautada em uma vida que não conheceu e não acompanhou. Comemorei suas vitórias e sofri suas derrotas, mas minha felicidade te incomodou e você nem percebeu, mas eu sim.
Por que não falou dos meus supostos erros comigo, se sua intenção era boa, se eu dava abertura? Por que me diz que era pro meu bem e não me deu o direito de saber? Quando os outros se afastaram de mim porque minha ~energia estava pesada~ você os defendeu, quando eu me afastei você me criticou, isso me magoou também.
Dois anos passaram e eu sigo com medo de fazer amigos, não é culpa sua mas ajudou a criar o medo, eu achava que era minha amiga, mas você só era no meu "sim", quando o "não" veio eu me tornei um monstro e, de repente, você tinha inúmeras críticas para me fazer.
Te desejo o bem, embora não queira proximidade ainda, talvez nunca. O mundo é grande e sei que nós vamos ter vidas legais com pessoas legais em volta, é o que eu busco para você e para mim. Mas eu deixei de me importar com o que pensa sobre mim e aprendi que nunca deveria ter me importado, você nunca me conheceu, mostrou isso várias vezes, não é nenhum pecado, só um fato, será iludida se achar que sabe quem sou. Não vou pedir desculpa por isso, pedi por inúmeras coisas, por isso não, você não sabe nada de mim.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

nem as palavras demonstram o quão PUTA eu tô

Aldair tinha família, tinha conta pra pagar, Aldair tentou de várias formas, aproveitou os benefícios, se esforçou, mas o boicote sempre chega, implacável, o momento do tapete puxado e o riso cínico, "o mundo tá cheio de oportunidades, se esforce mais", aí se esforçou, conseguiu entrar na faculdade, outra cidade, não vou entrar nos detalhes, Aldair ralou, ralou como via poucos ralando ali. Mas o boicote sempre chega, implacável. Perdeu a bolsa, perdeu a vaga, sem ônibus, sem comida, que escolha tinha? "O mundo tá cheio de oportunidades, se esforce mais". Lembrou da fórmula antiga, como uma velha conhecida, não era fácil mas funcionava, era uma oportunidade, se manteve na faculdade o quanto deu, quando não deu voltou a vender comida, voltou pra antiga cidade, precisou reconstruir, redescobrir, o negócio não ia bem, sempre acontecia algum problema, as vezes o clima, as vezes falta de sorte, as vezes o velho boicote em forma de estrutura ou estado, as contas chegaram, aluguel tá batendo, não sei o que tá acontecendo mas sei como me livrar. Aldair apelou, é verdade, que o julgue os covardes, um cara sem uma arma, disposto, com boa-vontade, sem tendência agressiva e muito pouca oportunidade. Vendeu? Se sim, foi para concluir a faculdade, queria ser doutor, mas doutor humanizado, tinha um sonho bem bonito, mas o boicote sempre vem, dessa vez em forma de giroflex, senhores da verdade, cara estampada da mídia e até sua versão da história, ridicularizada. Aldair têm aos montes com motivos variados, hoje a desculpa foi a planta, mas costuma se tratar de vontade estrutural, "o mundo tá cheio de oportunidades, só não tá dividido igual".

domingo, 2 de junho de 2019

Da série textos confusos que no fim reclamam do capitalismo

Tenho medo da tendência, vou usar a Netflix como exemplo, estudam os dados para apresentar exatamente o que o público que receber (pelo qual ele paga), olha, não é querer dizer que empresas não devem buscar agradar seu público, mas, sei lá, mídia é comunicação e a gente não pode ouvir (no caso assistir) só aquilo dentro das nossas vontades.
Eu não sei se esse pensamento faz sentido, tô conversando comigo para tentar entender, mas explico trazendo para mim, o grande objetivo da minha vida é publicar o livro que eu gostaria de ter lido e por isso eu me mato, reescrevo, reviso, mudo, reflito, eu não faço ele para os outros, eu faço para mim, mas sei que mais alguém vai gostar, enfim, a questão é que se eu tivesse tido acesso a um serviço onde eu decida exatamente a história que eu quero ver, para quê eu criaria? Como eu sairia da minha bolha? Como uma ideia realmente diferente, daquelas que a princípio deixa na defensiva, dá chance para se explicar? E aí vou pro macro e percebo que não se trata da Netflix, se trata de tudo, propagandas todo momento, baseadas nos dados do que tem chance de nos agradar, somos facilmente influenciáveis e como julgar quem usa do artifício? Tá todo mundo buscando sobreviver e, para alguns, o sistema capitalista é realmente a melhor opção. Isso porque não conhecemos nada diferente disso, lógico, ninguém nem permite que se pense, você fala "o capitalismo está destruindo o mundo, isso é um problema" e a pessoa entende "vamos viver em um mundo sem normas e caótico nunca mais usar plástico andar pelado parar de ter conforto etc", isso quando não chama de comunista sem nem conhecer o comunismo, quantos conhecem, afinal? Eu mesma que não, por isso não me rotulo, o que não tira a verdade da fala: o capitalismo está destruindo o mundo, isso é um problema.
Me mostre um país, unzinho, daqueles que vocês falam "o capitalismo funciona lá", me mostre um que não explore ou tenha explorado outro país. Argumente que isso é normal e faz parte da evolução, agirmos como macho-alfa urinando em território e criando fronteiras imaginárias. Me diga que é válido expulsar os nativos, derrubar toda a mata, comprometer NOSSA ÁGUA, em nome de progresso. Envenenar comida. O passado é imutável mas o futuro não precisava ser, não estou pedindo para ninguém rasgar dinheiro e jogar fora o Iphone, só custava a gente ao menos admitir que o negócio tá feio? Parar de agir como se questionar isso fosse coisa de maluco viciado em teoria da conspiração? Velho, tá todo mundo doente, do corpo e da cabeça, olhe pro lado, tá todo mundo prestes a surtar, fingir que tá tudo bem é o verdadeiro sinal de loucura. O que vai vir depois disso?
Frações de um pensamento gigante, fluxo, onda, me debato, busco a superfície, lanço um texto ao mar mas ninguém o entende.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Esqueci de lembrar de pensar que todo penso é torto

Quero falar, quero expressar, mas cansei de jogar palavras ao léu, direciono, aqui falo para mim, certa ou errada, isso é minha conversa com o eu-futuro, não cabe a mais ninguém pois quem pagará o pato sou eu. Aqui é o espaço para teorias não-validadas, reflexões inexatas, um mundo particular. Peça licença.
Me policio para não falar besteira e, francamente, já li meus dez anos de blog, quantas besteiras não falei? Precisei falar, o silenciamento nunca é caminho, como desvalidar honestamente um pensamento se eu nem me permito tê-lo? Sou esforçada, tendo tirar o mundo do meu umbigo, mas não posso ignorar que é a minha perspectiva que está aqui em jogo, e ignorância é meu segundo nome, nenhum orgulho nisso, apenas fatos. São muitas vidas para mudar um fato que talvez nunca possa ser mudado, eu sou uma ignorante. Conheci a história pelos olhos dos livros, reconheci a história pelos olhos dos relatos, da vivência, ainda assim é pouco, eu cansei de sentir dor por esse fato, cresci achando que eu seria essencial para a evolução humana e descobri tarde que isso é uma grande besteira, digo, quem sou eu? Lógico que tenho uma influencia e um alcance, tenho voz entre aqueles que me amam, com eles falo, debato, discordo, mas meu alcance é limitado, maior do que de muita gente, mas limitado. Por isso o individual é importante, mas não funciona sozinho, somos coletivo. Coletivo em um mundo que ensina a competição, está errado desde o começo.
Eu não estou aqui para ensinar nada para ninguém. Mas eu vou me expressar, vou dizer o que eu penso e vou me reconhecer a cada dia, doa a quem doer, eu vou ser eu, irmãzinhas e irmãozinhos, espero que isso, um dia, seja capaz de causar algum estrago. Dos bons.

sábado, 25 de maio de 2019

estradas

De certa forma, eu não ligo para o que as pessoas pensam. Não ligo se concordam com minhas decisões ou reprovam minhas atitudes, digo, estou sempre ao lado da auto-crítica e ela, como o nome já diz, deve vir de mim, então relevo. Relevo os olhares decepcionados e suspiros de desagrado, relevo a falta de confiança alheia e a certeza externa de que eu já deveria estar além, mas eu tô, além do que se vê.

Júpiter, mané

Abri os olhos com navalha, às vezes é preciso, doeu mas foi bom. Menosprezei questões, me conformei, lógico que estava infeliz, dormia e dormia mal. Mas acho que agora encontrei, o futuro vai dizer, mas me sinto até animada, positivamente ansiosa, espero que as coisas deem certo. Tô há tempos tentando encontrar um caminho, conciliação, acho que, depois de muito cultivar, alguma força começa a brotar, é coragem o que tô sentindo?

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O dia do fim

Escrevo, como sempre, porque me liberta.
Eu sabia, porque as runas me dizem, e também me disseram lá atrás, as vezes prefiro ignorar, tapas na cara doem, mas da última eu já sabia, aquilo que evitei a dois anos atrás não seria evitável para sempre.
Que bom que não o é. Eu estou morrendo de medo, zero perspectivas com o futuro, mas que bom. Melhor uma verdade dolorida do que uma ilusão confortável.
Só que eu já tô tão cansada do mundo, tão destruída, que perdi uma das poucas coisas que me trazia alguma felicidade e conforto, mas isso é culpa minha, não posso colocar minha felicidade em alguém, essa lição eu já tive muita chance para aprender, as pessoas vão emboras e, mesmo junta, eu estou só. 
Eu quero que as pessoas sejam felizes, se não é do meu lado é melhor mesmo que se vá, eu só não tinha certeza que esse momento sempre chegava, não sei, talvez por meus pais estarem juntos até hoje?
Acho que o que mais dói é não saber o que vai ser do futuro, eu estava caminhando em relação à minha fobia social, e era muito ajudada nisso, agora sinto que estou sendo chutada de volta para o mundo, para o mercado de trabalho, para longe da minha ideia de vida isolada num campo (que era o que eu estava atrás). Eu sei que muitas possibilidades se abrem também, eu poderia dar uma viajada com meus cachorros, por exemplo, algo que sempre quis fazer (caronar sozinha), mas não acho que eu esteja pronta, não ainda. E, também, sinto que eu faria isso e não construiria nada, eu tenho certas obsessões com "construir", meu futuro já é largado o suficiente para eu adiar mais ainda uma independência financeira mais estável, e eu gostaria de construí-la à partir dos meus desenhos e dos meus textos, o que por si só já não é coisa fácil nesse Brasilzão.  
Eu estou triste, eu tô com medo, tô me sentindo abandonada, mas eu escolhi esse ano que eu não daria brecha pra voz nenhuma falando merda na minha cabeça, então eu tô evitando ao máximo qualquer pensamento destrutivo e focando no que eu sou e no que eu não sou.
Entendo que eu vou sofrer, mas entendo também que não vou perder meu tempo sofrendo absurdamente, espero de verdade ter passado da fase de ficar implorando migalha de amor, então vou respeitar as decisões tomadas e seguir a minha vida.  Como? Sei lá, acho que vou começar aceitando o generosíssimo oferecimento da minha amada mãe e ir passar umas duas semanas em Curitiba, vou tentar conciliar com a ida do Rô pra lá também que tô numa saudade danada dele, vou ver meus amigos, vou abraçar meu irmão e agradecer por ele ser uma das coisas mais fixas da minha vida, vou abraçar minha família e agradecer por eles, vou dar um beijão da testa do Kinhus e do resto da galera tudo, vou encher a minha cara em uma noite, vomitar uns quatro anos e fazer o que eu sempre faço (quando a vida obriga, risos nervosos), que é me movimentar.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Um bilhete de amor

Aiai, o que seria de mim sem eu mesma, não é? Sempre ali, me segurando quando eu caio, sabendo bem que, se não eu, quem? :')

gotas

Chega de perguntas, para mim deu, sem esperar nada da vida posso começar a ser eu, tô cansada, cansada de improvisar, pagar pra viver, enriquecer terceiros, esse mundo me cansa, o mundo não tá aqui para me servir, fato, eu tô aqui para servir o mundo inteiro? Fui vitoriosa, garanti chegar até aqui sem filhos, pura sorte no útero do estado mas sempre foi meu objetivo, era minha maior preocupação, como levar a vida que eu quero levar com alguém dependendo de alguma boa decisão? Tive medo, ainda tenho, meu maior obstáculo, mas tamo aí, sigo viva, pronta pro próximo ato, seja qual for, não espero nada bom, sem diploma, sem emprego e, por isso, não peço perdão, digo, eu sei o quanto tentei e quase fico louco mas, pelo visto, o suficiente foi por pouco, por mim tudo bem, o foda é o peso terceiro, eu não me importo com o futuro desde que eu viva primeiro, não me importo com aquilo que possa me acontecer porque o meu grande medo é morrer sem viver, esperar um mundo justo, esperar algum respeito, não dá mais, eu cansei, vou caminhar de qualquer jeito, vou passar qualquer barreira, mesmo que eu mesma a ponha, eu tô viva mas vivendo só à base de _______. Não aguento mais pensar, buscar um futuro seguro, como se fosse escolha minha sendo que vim com um útero mas, ó, não se trata só disso, não é útero que define, é a certeza de que pra viver preciso de permissão de quem não vive, das máquinas velhas brancas psicopatas do poder, aquelas que odeiam liberdade e o que ela pode trazer, existe todo um boicote, eu sozinha não sou forte, mas eu nunca tô sozinha mesmo só até a morte, então sigo, recolho todos meus amigos, levo no peito a saudade e a certeza de que consigo, sigo em frente, só isso que eu sei fazer, não consigo pensar no futuro se o presente não me deixar SER, eu poderia mudar, seria até recomendado, ficar sempre caladinha e arranjar algum trabalho, fazer parte da estrutura, ser útil pro meu país que diz que só com dinheiro no bolso tenho capacidade de ser feliz mas, e o que eu quero mas, e o que eu busco, poder andar por aí sem morrer só por um susto, por ser uma ameaça, por viver como eu desejo, poder estar na natureza sem nenhum humano perto e se tiver tudo bem, que esse tenha oportunidade de poder viver uma vida com alguma dignidade, acho que só isso que queremos, para quem sente isso importa, não me interessa ser feliz se só pra mim abre essa porta, tentação fechar os olhos, obrigada, mas não, só sou feliz se um mundo inteiro estiver nessa condição. Diria que se trata disso, poder ver por mim, sentir por mim, viver por mim, podem falar que meu problema é só não querer trabalhar mas a verdade é que eu não aguento ter que, pra viver, pagar, nunca assinei esse contrato e já aprendi que não deveria ser assim, é capitalismo, cru e nu, não é o pai dos problemas mas se aproveita deles no fim e faz lucro, lucro na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, casamento com padre mas sem um "sim", só a sentença, abusivo, não me deixa pôr um fim e eu, coitada, não sou nada, nada perto da estrutura, seria como comparar um elefante com uma pulga, mas ok, também sei do meu valor, sei que consigo causar um estrago se não me apegar em não me expôr, se tiver uma vida honesta no sentido de sentir, não abaixar a cabeça praquilo que já não me convir, buscar minha felicidade também é ato de fé, se eu tiver feliz consigo escrachar alguns manés, tô cansada de ter medo, viver só para não morrer, se a morte vem de qualquer forma nem sempre é privilégio envelhecer mas bem que eu queria, mesmo que sem dignidade, se enquanto estiver viva enfim deixar de ser covarde. Pago o preço, seja ele qual for, viver na sarjeta ou viver sem amor, que seja, se for para me movimentar, não sou moinho de vento pra rodar sempre no mesmo lugar.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Suba

O futuro é incerto, cheio de palavras não-ditas, casca de feridas e roupa pra lavar.
O futuro é sem-jeito, sem amor ou respeito, a sombra de algo que foi.
Demorar para quê? Se uma hora acontece o caminho inevitável de cada um para cada estrada e eu sem saber pra onde ir. Já me sinto acostumada, depois que cresce me põe de lado, "obrigado pela jornada, mas não vejo utilidade mais", e se vai, como quem nunca esteve, não de verdade, de novo e de novo.
Peco sempre no mesmo ponto, o de achar que é encontro, de almas, de gostos, sensibilidade, mas vai tarde, meus sonhos ficam de escanteio enquanto busca seu futuro e eu espero, espero a migalha, espero a chance, espero a casa se limpar sozinha, nunca acontece.
Não é que o finito não valha de nada, não se trata disso, mas existe todo um abismo entre aquilo que valeu e o tempo que perdi. 

no divã que eu tenho

Eu me amo porque sobrevivi às merdas que vivi, e eu me odeio por me permitir ter entrado nelas. Eu me amo porque tô ligada da minha força, e me odeio por precisar vez ou outra que outros confirmem. Eu me amo porque nasci sabendo que morreria, sozinha vim e sozinha voltarei, e me odeio por não saber que história vou deixar para trás. Eu me amo por ter aprendido com as merdas que já fiz aos outros e me odeio por ter magoado outros para aprender. Eu me amo por ter aprendido que não foi culpa minha e me odeio por nem sempre lembrar disso. Me amo pelos traumas superados e odeio pelos que não foram.
É incômodo ter que me lembrar eventualmente da minha importância e entender que a solidão sempre vai estar presente, mesmo acompanhada. É chato sentir que eu merecia mais e mais chato ainda é ter a ciência de que o mundo não tá aqui para agradar. É horrível sentir que tenho que viver buscando minha felicidade enquanto, em realidade, eu deveria estar trás de dinheiro. É uma merda me sentir devedora, pagando para viver em um mundo em que nem escolhi nascer (e que dá as coisas de graça). Odeio bater de frente com a minha própria ignorância e com o tanto de coisas que eu não sei. Odeio a ilusão de estar caminhando junto. Nunca estamos juntos. Somos sozinhos, egoístas e sozinhos, e me desdobrar em mil pela felicidade alheia não fará ninguém fazer o mesmo por mim, e tudo bem. Viver no equilíbrio, buscando uma "perfeição" que nem me cabe e de certa forma nem exatamente me atrai, mas busco, controlo a mente sabendo que qualquer oposição me joga no balaio de histérica, tendo por histérica qualquer mulher com sentimentos próprios, válidos, mas a máscara cabe, porque aprendi a vestir, a opinião alheia, principalmente masculina, também formou tudo que eu sou, até eu me rebelar e decidir que eu formo o que eu sou. "Você tem que se impôr mais", certa vez me disseram, "ei, peraí, comigo não!", e ninguém se responsabiliza pelo monstro quando ele sai, mesmo que tenham insistido para isso, mais fácil jogar o corpo fora do que se responsabilizar.
Entendo que não sou uma pessoa fácil. Entendo que ninguém tem o direito de me dizer isso, porque também ninguém o é. Não tem um desgraçado nesse planeta que pode ter a pachorra de olhar nos meus olhos e se auto-intitular uma pessoa fácil.
Tento aprender com meus erros, sabendo que eu tenho uma limitação grande de entendimento baseada no meu contexto de vida, me amo e me odeio por isso também. Só que eu tô cansada de me odiar, é egoísmo querer apenas se amar? É egoísmo querer conviver apenas com aqueles que me amam por aquilo que eu sou? Que valorizam o que eu sou? Não estou sendo irônica, a pergunta é sincera, volta e meia me convenço (bom ou não, sei lá, deixa pra terapia) de que felicidade é algo meio egoísta. Ao mesmo tempo que escrevo meu eu mais sábio já me diz que isso é ridículo, mas não posso fingir que minha mente não lide com coisas assim constantemente: ser feliz é egoísmo? Querer se amar é egoísmo? Ser sincera com o que eu sinto, mesmo que não agrade os outros, isso é ser egoísta?
Eu sou um personagem, ou vários, eu sou aquilo que eu escolher em soma com aquilo que eu conseguir, eu sou um fenômeno, como toda forma de vida é, mesmo não me sentindo lá muito viva, mas quanta gente também não tá aí se agarrando à vida por sabe-se lá o quê? Eu inventei a história que eu quero acreditar, eu não acredito nela, eu quis acreditar, repare a diferença, porque eu sou como eu consigo, não só como eu quero, por que não consigo me perdoar por isso? Por que sempre que sou diferente do esperado pelos outros me sinto culpabilizada? Por que eu me importo com isso?
Analisando meu passado, sempre fui meio 8 ou 80 nesse quesito, ou eu me importo com o que as pessoas que eu amo pensam ou eu simplesmente deixo de amar elas, nenhum desses caminhos é o que eu quero, mas sempre que eu busco um amor (de qualquer tipo) distante a solidão bate. Só que quando eu me apego, bom, me influencia e eu perco um pouco de mim. Só que talvez também se trate um pouco disso, difícil dizer, é que, sei lá, respirar é arriscar, né? Será que amor continua sendo roleta-russa (uma das frases prontas da minha adolescência)? Precisa ser uma relação que sempre traz algum tipo de dor ou a gente que aprendeu tudo errado (ou os dois)? Sempre mais perguntas, nunca respostas, essa merda é um desafio mesmo. Viver, no caso, isso tudo, um puta desafio, como as pessoas conseguem fingir que sabem o que estão fazendo?
(terapia, será?)

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Ambição

Já tive vontade de ganhar muito dinheiro, rios de dinheiro, mesmo sem uma vida de conforto no imaginário, só pra mostrar que eu posso, que se eu quiser eu consigo, porque muita gente na minha bolha acha que dinheiro tem a ver com sucesso e eu, besta iludida, por um tempo acreditei.
Minha mãe sempre me disse que liberdade tem a ver com se bancar, eu concordo, não dá pra se julgar livre e desconstruidão sem pagar as próprias contas, mas não é isso que o pessoal considera sucesso não, não se trata de garantir o meu, se trata de viver no luxo, mas eu preciso? Não preciso.
O máximo de luxo que eu penso ou almejo para minha vida é minha terra, documentadinha para não ter erro, meu espaço, bom o suficiente para uma agrofloresta que de jeito nenhum seria só minha, não tão grande quanto terreno para gado, não preciso de muito, preciso de algo meu. Luxo? Dinheiro para construir minha casa com minhas próprias mãos, sim, lógico, adoraria, de verdade, mas se morrer sem puder alcançar por mim tudo bem, também, faz parte, quanta gente morre sem tem onde morrer? Ainda assim, nada a ver com sucesso.
Eu gostaria que parassem de tentar escrever minha vida, digo, lógico que se preocupam, também me preocupo, mas eu sei que não preciso de muito e eu sei que, sendo preciso, sempre existe uma vaga de telemarketing para se preencher. Não é o que eu quero? Não, não é o que eu quero, enriquecer outro, garantir a terra de quem já tem muita terra, mas eu consigo pagar contas, isso é sucesso? Garantir um diploma sabendo que o que eu realmente quero fazer não existe faculdade que oferte? Perder anos da minha vida me mantendo minimamente para garantir que um dia, aaah, um dia eu vou poder fazer o que eu quero? Ou eu posso fazer hoje e aproveitar que eu já vou morrer sem aposentadoria, mesmo... felicidade é teto, água limpa e comida no prato, sucesso eu não sei o que é, acho que sucesso é morrer tendo orgulho de como viveu, seguindo pelo caminho que escolheu (seja lá qual for).

sábado, 11 de maio de 2019

Fodace o artista

Sou eu que faço arte ou a arte que me faz? 
Vou me propôr a falar de arte, mesmo que eu não entenda, não levem a sério minhas reflexões, se tudo correr bem nada vai fazer sentido.
A arte como profissão ou a arte como obrigação (no sentido de não se ter escolha), tanto faz, quem sente que tem que manifestar não pode escolher o caminho inverso, se fizer explode, confusão pra todo lado, cenas feias.
Eu já tentei gourmetizar, saber do que eu falo, do que escrevo, do que pinto, conceitualizar, "dê a eles o que eles querem", se trata quase do oposto, fingir agradar antes do soco na cara, POW!
Se eu posso falar, para quê pinto? Para quê escrevo? Uso as ferramentas da expressão, do sentimento de andar descalça de madrugada nas ruas sujíssimas do centro da cidade, e daí? Não falo para ti, é essa a graça. Na arte eu só falo, um grito para ouvidos surdos (episódio de Naruto), consciente (nem sempre) e operante, não preciso do reconhecimento.
A arte como profissão. Preciso me alimentar. Sobreviver. Independência financeira. e isso significar pintar o belo e agradável, fazer o quê? Mas e o nojo? Não dá para mim, não que eu nunca tenha feito, aberto um sorriso e pegado o dinheiro mesmo com o coração palpitanto (de dar palpite) que "não, não", "não, não", mas sou eu? Não sou. E se tirar eu mesma de minhas obras vai restar apenas o dinheiro e o sorriso falso. Chamo minha arte de arte, mesmo que discordem, chamo minhas obras de obras, mesmo que nem sejam, mas são sinceras e por isso eu faço. Ali tem minhas vergonhas, arrependimentos, medos, tudo que eu escondo no fundo do buraco e eu rapo, boto pra fora, me exponho, me exponho porque fodace o artista, foda-se se vão pensar A ou B, ou pensar que eu nem deveria fazer aquilo, ou pensar que é tudo uma merda, e daí? Sigo aqui, eu sempre passo e, garanto, depois da morte continuo, talvez não nesse blog, mas ainda aqui, eu, minha arte, minhas ideias.
Passo a ideia de introvertida, até que sou, tem todo um mundo dentro de mim, meu mundinho particular, nele ninguém ninguém entra. Mas eu também me abro, e muito, só que eu também tenho meu palhaço e deixo com ele a decisão de como, meu palhaço sabe bem quando falar exatamente aquilo que vai atiçar seu julgamento, não sou trouxa, gosto de ver com meus olhos, por isso, na condição de artista, quero ficar famosa antes de morrer. Vou amar escrachar as hipocrisias com cores coloridas e desenhos fofos, textos inacabados ou indecifráveis, malabares para todos os lados e um palhaço bem triste, bem puto, pela primeira vez dando muita risada.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Chorinho de leve

Me afastei de diversas pessoas, não falo do afastamento por distância, falo do emocional, a minha saída de Matinhos me ensinou algumas lições e, com isso, manter próximidade já não fazia sentido.
No último ano da cidade, todo dia chegava alguém lá em casa. Alguns pra jogar, outros para passar o tempo, enfim, eu não tenho problema com isso porque eu gosto de receber gente em casa, perceba que eu disse "gosto", que é bem diferente de ser obrigada.
Mas com o tempo fui percebendo algumas coisas em pessoas específicas. Tinha gente que só ia lá em casa pra desabafar (na época, me sentia honrada da pessoa confiar em mim. Com o futuro, percebi que só estava sendo usada), que sempre tava muito feliz comigo enquanto eu estava concordando (mas debochava pelas costas quando eu discordava), teve gente que se afastou de mim e depois vejo ME COBRAR PRA TERCEIROS porque eu me afastei também, enfim, vi de tudo e fui ingênua demais para não me proteger na época.
Não me entendam mal, fiz MUITAS amizades verdadeiras lá, várias vezes fui ajudada e ajudei, sem cobrança, sem obrigação, só porque estávamos todos à vontade com aquilo, eu gosto disso, gosto quando é assim. 
Mas tive companhias que se achavam assim muito sabidas, muito vividas, dispostas inclusive a apagar qualquer vivência alheia para enfiar no lugar a ideia do que a pessoa pensa que eu sou ou vivi. Me encaixaram em uma caixinha e ficaram ofendidos quando não representei, olha só, curioso caso dos desconstruídos mas não tanto. Não fui a única a passar por isso lá, nem de longe.
Vocês me perdoem ficar fazendo mil reclamações e desabafos aqui mas, se veio no meu blog esperando algo diferente disso, local errado.
Ainda sinto raiva. Gosto de fingir que não, mas sinto, quer dizer, eu não quero que ninguém se foda na vida nem perco meu tempo desejando mal aos outros, tenho noção que muito do que eu passei não foi uma maldade proposital de todas as pessoas, só de algumas e, mesmo essas, não torço pela derrota, torço pela distância.
E aí volto no começo disso, me afastar me fez muito bem. Eu sigo me desconstruindo, sigo tentando aprender cada vez mais de realidades que não sejam a minha, mas eu não devo a ninguém a resposta sobre como sou e o que eu penso. Esperaram meu deslize, esperaram minha queda, como não veio (porque eu não sou nenhum tipo de monstro, afinal), inventaram, criaram um contexto que não existia, um enredo que não bate e uma Lua que não sou eu, até hoje, é isso que mais me incomoda. Por que eu deixei?
Muitas vezes preferi o silêncio mesmo percebendo o que estava acontecendo, isso porque parte de mim dizia que "deixem pensar, sou mais que isso", mas não realmente acreditava e, surpresa, eu era mesmo.
Fui pra Matinhos achando que, saindo de Curitiba, seria mais entendida. Me enganei, como sempre me engano, passei por coisas lá que em dez anos em cwb, com todos seus inúmeros defeitos, não tinha passado. Sei lá, eu, dentro da minha vivência, descobri que xenofobia é mais difícil ainda de lidar quando é sutil, acho que isso pode ser aplicado para diversos preconceitos, mas vou me manter naquele que, infelizmente, vivi. 
Hoje eu acordei com meu celular apitando, me avisando que uma menina que foi minha melhor amiga por anos e depois descobri que sempre me odiou entrou para o telegram. Eu não tenho mais contato com ela, mas tinha seu número salvo porque mandei parabénsno ano passado e, tcharan, foi aí que eu descobri que o que parecia ser uma amizade de mais de catorze anos só existia na minha cabeça. Lógico, os sinais sempre estiveram ali, mas tenho uma tendência bem ruim de sempre achar justificativa para as pessoas quando elas fazem merda (aquilo de perdoar sem nem terem me pedido desculpas). Aquilo me abalou. Sei lá, é uma merda achar que uma pessoa gosta de você e descobrir que ela não gosta porque, afinal, seu sotaque é arrogante, seu jeito é muito expansivo, você fala muito alto e isso incomoda as pessoas de sangue azul, ah, vá pra merda. 
Só que isso, em escala ainda mais sutil, se possível, aconteceu em Matinhos, mesmo com meu sotaque muito mais discreto, minha fala muito mais baixa e meu jeito hoje (nem imagino o pq...) mais calmo e quase lerdo. E, da mesma forma, diziam não conseguir me ler, não conseguir me entender, mas vai entender o quê?
Para não terminar sem catarse, falemos de Bárbara. Bárbara não era intima minha, mas a gente se dava bem e eu tenho um forte carinho por ela. Um dia conversávamos, eu, ela, Thaís (outra pessoa maravilhosa demais), Matheus, Pinduca, nem lembro bem sobre o quê, sei que uma hora Bárbara se virou para mim e me perguntou "de onde você é?", eu respondi "Aracaju" e ela: Agora eu entendi tudo.
Meus olhos se enxeram de lágrimas, recebi o abraço mais gostoso que já ganhei na vida, é como eu disse, eu nem sei o que tanto ela entendeu, só sei que ela entendeu. Em 14 anos no Paraná, pela primeira (e única) vez, me senti entendida. De verdade. Eu tava escrevendo esse texto de boa e agora meus olhos se enchem de lágrimas de novo, de tão forte que foi aquilo para mim. As vezes quero dizer para ela o quando o que ela disse foi importante, mas acho que não preciso, vou guardar para sempre. Acho que era tudo que eu queria, entendimento em vez de julgamento. A mesma coisa que eu busco fazer mesmo com as pessoas que me fizeram mal, porque os que diziam "me amar" não podiam ter comigo? Afeto?

domingo, 5 de maio de 2019

Um post sobre sexo ou a falta dele

Ao meu ver, fluido. Tive vários momentos, mas padrões parecidos, primeiro: nunca criei tabu sobre o assunto, fiz quando quis, a hora que quis. Só que raramente quero, digo, fui uma das últimas da turma a perder a virgindade e isso não me incomodava. Analisando os namoros passados, 70% das vezes que eu transava era mais por uma vontade deles do que minha (um dos namoros tinha inclusive problemas com chantagens emocionais), quanto as e aos peguetes, rolava sexo, mas era pontual, vez ou outra, não é como se eu não tivesse vontade, saca? Só que era sempre menos vontade. 
Nada nesse desabafo busca algum juízo de valor, definir certos e errados, sexo é fluido, tendo tesão e consentimento tá tudo ok, eu só queria me sentir menos bicho estranho. Muitas vezes as pessoas se ofendem ou se sentem inseguras, eu digo muitas mas foram raras as vezes em que isso não aconteceu, eu entendo, dá um certo baque na auto-estima até a pessoa entender que eu sou assim mesmo, mas e eu comigo mesma nisso tudo? 
Em relacionamento com homens, a primeira coisa que eu faço é ensinar (sim, ensinar mesmo, como uma novidade) que não é porque estamos em um relacionamento que teremos sexo todo dia. Que eles até podiam ter tido isso em outros relacionamentos, tudo bem, mas que comigo não seria assim, só faço quando tenho vontade (como deve ser) e não tenho vontade sempre. Que se é o que eles buscam se relacionando comigo, péssima ideia. Acho ainda mais difícil ter esse papo com mulheres, com homens eles sempre jogavam a culpa em mim, com mulheres vi uma tendência a achar que a culpa era delas. Só que não tinha culpa nenhuma envolvida.
Eu não tenho esses pensamentos preparados desde sempre, demorei muito tempo para entender que eu não tinha que achar o que estava errado, eu tinha que entender que nada estava errado, mas nem sempre rola. Se dentro do meio desconstruidão eu já ouvi que "só não achei a pessoa certa", tipo, oi? Pessoa certa para mim é quem me respeita como sou, que não tente me mudar para que caiba nas suas expectativas, isso é muito, mas muuuuito mais difícil de achar do que sexo.
E velho, é isso, eu sei que é um negócio meu, que a maioria das pessoas encara e sente de outra forma, por mim tá tudo bem, sexo é um negócio lindo, não me diria moralista nem de longe, transem mesmo, até eu adoro quando rola uma sintonia legal e o negócio acontece bonitinho, mas eu só gosto quando é assim, não quando é uma obrigação, um contrato subentendido, um acordo social inquestionável, aí não, aí não contem comigo, prefiro jogar meus joguinhos e fazer testes no buzzfeed. 

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Vinagre

Atenção, esse texto terá altos índices de palavreado chulo.
Ter ansiedade é uma merda e isso não é segredo, mas, caraca, eu estava me sentindo melhor. Sei lá, sigo não saindo muito (mas saindo mais), sigo preocupada com o que pensam de mim (mas me preocupando menos), tava conseguindo administrar meus medos e ter em mente que eles são, no geral, ilógicos. 
Só que tão ruim quanto lidar com sintomas mentais é lidar com sintomas físicos. Tem alguns momentos em que a ansiedade me trava tanto que eu não consigo fazer nada, incluindo ser feliz, só que eu não tô assim agora. Eu tô atrás de motivos para ficar aqui bem viva e bem plena, não tenho me considerado infeliz, tô me sentindo até menos preocupada em manter o controle das coisas! Ainda assim, tive duas crises de pânico nessa semana (fazia mais de ano que eu não tinha uma). O pior não é ter crise de pânico, o pior é não reconhecer o aspecto da minha linha de pensamento que pode ter gerado, digo, a primeira eu estava em um lugar lindo, maravilhoso, onde nada tinha como dar errado, em meio à natureza e na companhia de gente que confio, tive crise. É uma merda você estar em um rolê maravilhoso e ter uma crise, não recomendo, você fica se achando o maior entojo na vida dos outros (mesmo que, felizmente, ninguém próximo me trate assim hoje em dia). Quando aconteceu, reconheci os sintomas, já não é nenhuma novidade, sabia perfeitamente que era uma crise e que ia passar, mas e o sentimento de ser provavelmente a única pessoa viva a ter tido um ataque de pânico na Croa do Goré? (risos nervosos) E aí era aquele ciclo, estar em crise e me sentir pior ainda por estar em crise num lugar tão privilegiado que eu tenho raro acesso (sendo que tava lá pra minha amiga conhecer e me sentia pior por fazer ela passar por aquilo).
Enfim, aquela beleza, né. Consegui me acalmar lá, até porque já sabia o que estava acontecendo, mas ainda ficou aquele sentimento de "caramba, nem em um dia que tinha tudo para dar certo as coisas dão certo e minha mente é a única culpada". 
Sigo até ontem, quando passei o maldito dia INTEIRO esperando o episódio de Game of Thrones e simplesmente tive uma desgraçada de uma crise quando a personagem que eu gosto parecia morrer. Eu tava MUITO feliz, tava em casa, tranquila, assistindo a série que eu gosto e comendo um pastelzinho mas, quando percebi que eu estava tremendo e o coração acelerado (por causa da série) a crise veio rapidinho, jogando na minha mente que agora meu coração tinha acelerado muito e, puxa que pena, eu ia ter que morrer.
Foi muito rápido, já corri para frente do ventilador e comecei a controlar a respiração (estou aprendendo!), botei meu parceiro para me abraçar e tentar regular a respiração comigo e em menos de cinco minutos já estava me sentindo "eu" de novo, mas com a mesma sensação de "minha mente está criando problemas em momentos de tranquilidade porque ELA QUER ME FODER". Será que já posso processar a HBO por brincar com meus sentimentos?
Brincadeiras à parte, tô atrás de terapia e cogitando buscar algum atendimento online, porque boa parte do meu problema em fazer terapia é basicamente o percurso até chegar ao consultório. Queria entender o que está acontecendo, compreender como posso estar me sentindo melhor com a mente e pior com o corpo e, principalmente, tentando levar tudo no bom-humor (na medida do possível), para evitar entrar naquele ciclo de tristeza meio lixo que de vez em quando me enfio. Das coisas que me ajudam, lembrar que a minha opinião sobre mim é a mais importante e que, paciência, essas coisas vão acontecer ainda algumas vezes e eu vou passar por isso quantas vezes tiver que passar. Não se trata de empurrar com a barriga, só de não desistir e eu, lição aprendida, sempre tenho que lutar comigo mesma pra não desistir. 
Se vai dar tudo certo ou se não vai dar tudo certo, tanto faz, sigo viva, oremos.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Bolhinhas verde cor de esperança

Minha amiga voltou para o Paraná, meu curso de escrita começou, a vida vai bem ou eu vou bem em meio a vida, já nem sei. Caio direto, mas me machuco menos, cada dia aprendo a me perdoar um pouco mais, principalmente em relação ao último ano, quando errei muito comigo.
A ansiedade segue à toda, embora eu também ache que aos poucos eu tô aprendendo a lidar, sei lá, é uma parte de mim também e lido com a minha cabecinha bizarra e confusa a quase 26 anos, afinal. E eu sempre me amei, mesmo com minha mente, agora só tô redescobrindo isso. Não diria que eu estou feliz, mas também não estou mais triste e, definitivamente, não me sinto mais tão vazia, quer dizer, meu natural é intensidade, não vazio, aos poucos sinto que estou voltando ao normal, se é que tem um normal.
Sinto saudade da convivência com meus amigos, é difícil (e ao mesmo tempo comum na minha vida) estar longe das pessoas que amo, foi bom demais ver meus pais esse mês, e Kulka também, foi tão bom ela aqui (nenhuma surpresa nesse fato, sabia que seria ótimo).
Ainda existem alguns monstros dentro de mim, a maioria me enchendo de culpa pelos erros e passividades do passado, outros me trazendo temores pelo futuro, mas eu meio que estou acostumando com eles. Não estão totalmente errados, mas também não estão totalmente certos, dá pra entender o que eu quero dizer? Eu preciso aprender com minhas culpas e erros e a melhor forma é não repetindo, não me martirizando. E, sobre o futuro, ridículo ter medo, vou passar por tudo aquilo que tiver que passar, do vinagre ao vinho.
Sobrevivi aos meus piores momentos. Não preciso da aprovação externa sobre o que passei ou como fui forjada, eu sei, sei que não foi fácil e também sei que tem gente que passa por coisas muito piores (só que não tem beleza nenhuma nisso, pelo contrário, é triste). Eu não estou no meu melhor mas estou em paz porque tô fazendo o melhor que eu posso, assim como sou eu quem digo o que é o melhor que posso fazer. 
Estamos sozinhos nesse planeta, temos que aprender a lidar e amar o coletivo, mas estamos sozinhos, só que isso já não é mais ruim, não. É bom. É gostoso. Mas só porque eu tô me perdoando.