Peguei a receita há uma semana, ainda não comprei o remédio, não sei se vou comprar, me irrita pensar que preciso de algo da indústria farmacêutica para conseguir ter alguma qualidade no meu dia a dia, tenho medo dos efeitos colaterais, tenho medo do vício, mas meu maior medo é não conseguir controlar meu próprio cérebro sem ajuda de algo externo. É lógico e é válido, mas me irrita, acho que sou arrogante demais pra admitir que não posso seguir sem conseguir sair de casa, mesmo que uma parte minha ame não sair de casa, não ter que ver pessoas, tudo tem me irritado demais.
Mas eu vou tomar. Sei que, passado o choque inicial, vou arriscar esse negocinho que promete modificar minha estrutura cerebral de forma a diminuir minha sensação de que eu sou um esquilo rodeado por, sei lá, qualquer coisa que coma esquilos. Pior é saber que não sou. Pior é saber que eu, com medo idade, não tinha medo de nada. Tudo bem, agora eu tenho. Talvez agora eu só saiba o quanto tenho a perder, talvez agora eu saiba que eu caio e que a queda dói. Mas é um saco.
O problema da ignorância é que ela é confortável e quem aqui não gosta de conforto? Mas eu sempre preferi verdades duras do que respostas fáceis, embora também seja verdade que eu não fazia ideia de quão duro o mundo é, mais pra uns do que pra outros, mas creio que viver não deve ser muito fácil pra ninguém, pelo menos é o que minha amiga Maria Raquel fala, que todo mundo é meio surtado mas alguns disfarçam bem. Será? Não sei, mas sigo pensando.
Espero um dia voltar a ter prazer em sair de casa, em encontrar com pessoas, toda vez que penso nisso a palavra que ronda minha mente é "cansaço", espero que seja como exercício, quanto mais você faz mais fácil fica, mas todas as vezes que tentei eu só consegui me foder mais e mais, valeu, planeta.
Mas eu não sou um esquilo. Eu me sinto um no momento, mas eu não sou, eu já vivi situações que me provaram o contrário, por que agora eu me sinto assim? As vezes penso que é o peso de saber o que tá do lado de lá, mas não quero tomar como verdade nada que diga que eu tenho que permanecer assim. Eu não sou assim.
Todo o amor do mundo para quem luta com a própria mente, com os próprios hormônios, com o próprio corpo, com os próprios boicotes. Não é fácil. Da minha parte, tento julgar cada vez menos as pessoas (nem sempre consigo), sabendo que isso não é muito mas, por enquanto, é o que eu consigo. Ainda estamos aqui.
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