segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Retrospectiva 2018 - o ano do medo, o ano do ódio

Foi difícil. Tapa na cara de vários traumas que exigiam ser superados, a fobia social veio forte, dificuldade em criar laços com as pessoas, mesmo que mantendo forte os laços antigos, os de sempre, como sempre.
Não consigo definir muito bem ainda o que aprendi, vou fazer o a retrô aqui e no final penso sobre.

Queimou!
Janeiro - Nunca se vence uma guerra lutando sozinho, cê sabe que a gente precisa entrar em contato.
A vida é cíclica e, no janeiro passado, acho que eu estava esperançosa, começando a sair de um desses buracos que de vez em quando eu me boto, ainda não sei o por quê. Eu sabia que ia passar as coisas que passei esse ano, não importa, eu sabia, eu escolhi, ação - reação, sabia que não seria fácil, embora não soubesse que seria tão difícil. Estava já fechada na concha fazia um tempo, sentia necessidade de sair, de voltar a me abrir, conhecer novos universos. 

Fevereiro - Com toda essa força contida e que vive guardada
Posso definir fevereiro como perrengue financeiro e desejo por reforma agrária, grr!

Março - O eco de suas palavras não repercutem em nada
O silêncio geralmente não é bom. Tempos difíceis, meus amigos, coisas na família, no financeiro, cos amigos, março foi a primeira prova.

Abril - É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro, evita o aperto de mão de um possível aliado, é...
Os perrengues de março seguiram por um tempo, mas abril trouxe coisas boas, uma certa esperança, mas ainda muita coisa para resolver com a cabecinha, muita coisa que ainda acontece e eu sigo não entendendo. 

Maio - Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo
Mês complicado. Começa comigo pedindo biscoito por fazer o óbvio (me desculpem, imaginários), mas ok, não vou ficar me julgando, precisava lembrar um pouquinho do porquê era importante eu estar ali, melhor do que abafar o sentimento só porque vem do ego. Nesse mês eu tive uma viagem astral very crazy também. Mas o monstrinho seguia ali, subestimado, e eu pensando estar no controle, até que mais uma sequência de bombas (a segunda prova) se instaurou. Acho que aprendi algo com tudo isso, mas ainda não entendo. Coisas boas também aconteciam, mas eu não conseguia aproveitar os bons momentos verdadeiramente, tava desconectada comigo e meio que tendo vergonha de ser quem eu sou, de me permitir, os traumas do passado sempre ali, rondando, e uma forte necessidade de me reconectar comigo. 

Junho - Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo 
bagaceira, meus amigos. Aqui foi minha pior barra do ano, perto do inverno, bem simbólico, eu morri. Recebi bronca de todos os lados, aprendi coisas bem sérias no mês de Junho, principalmente a superar os erros do passado mas nunca esquecê-los, nunca acreditar que estamos livres, a vida testa. Também fiz um post bravo e sensato sobre comédias românticas e, no final do mês, peguei todos meus problemas, fiz uma bola com eles e entrei no modo COPA.

Julho - Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz, coragem, coragem que eu sei que você pode mais
Gostar das pessoas e não gostar de si mesma é algo que acaba trazendo tristeza para todos os lados, aos poucos eu aprendo

Agosto - É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Tempo de reflexão, passou a copa, perdemos feião e o mundo me obrigou a voltar a pensar sobre mim e o que eu estava passando.

Setembro - Evita o aperto de mão de um possível aliado
Foi um mês importante pra mim, eu viajei para Curitiba pela primeira vez desde que vim pra cá, tava precisando de uns golinhos da minha antiga vida pra manter algum equilíbrio, então foi muito bem vindo. Ver meus pais, meus amigos, minhas irmãs e meu irmão, foi como um abraço forte e gostoso depois de meses de pancadas, me energizou um pouco e por isso agradeço muito. Decidi não ir para Matinhos, porque estava atrás de amor, não julgamentos, mas ainda sofro um pouco de saudade das pessoas que eu gostaria de ter visto lá. 

Outubro - Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo
A tristeza deu lugar pro ódio (se tratando de mim, isso é bem saudável). Enquanto a mente foi ficando mais firme, a conjuntura política dava (dá) vontade de vomitar (na cabeça de alguns). 

Novembro - Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo
Mais uma vez Mariana Lua querendo biscoito por tentar ser alguém MINIMAMENTE decente, foi mal aí, minha auto-estima ficou no lixo esse ano, deem um desconto.

Dezembro -  Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz, coragem, coragem que eu sei que você pode mais
A chegada do verão sempre deixa a vida um pouco mais feliz. Ver minhas plantas crescendo, as coisas acontecendo, a possibilidade de ter um pouco mais de convívio social no próximo ano (por causa da faculdade), eu sinto que eu estou construindo algo.

Não estou indo pra 2019 com muitas expectativas, fiz isso no ano passado e só quebrei a cara, agora não, agora eu sei perfeitamente que vai ser um ano onde vou ver muita merda rolar, faz parte, elegeram o fakedinha pra presidência afinal, mas estamos aí. Eu não morri esse ano, vitória para mim, sei o quão difícil foi e não me sinto exatamente mais forte, mas eu ainda estou aqui. Me dei a chance. Que no próximo ano eu possa ser eu sem medo de ser feliz, e que use meu ódio com mais direcionamento e sabedoria, mas que nunca tente abafá-lo, que eu nunca esconda minhas vulnerabilidades, medos e raivas só porque as pessoas só gostam de ver o "belo e agradável". 
Agradeço meus guias, mais do que qualquer outra coisa, porque as melhores broncas e melhores palavras de carinho vieram deles. Agradeço eu mesma, porque começo (novamente) em um processo de me amar e ter orgulho de mim, agradeço a mim por me permitir fazer as coisas que fiz, mesmo com um medo muito forte e paralisante. Agradeço quem teve paciência comigo, quem torceu por mim, quem esteve ao meu lado mesmo quando eu tava insuportável e não conseguia nem retribuir dignamente o carinho, agradeço qualquer um que se opôs ao maluco que tá agora no poder, todo mundo que vê o mundo como uma possibilidade, não como uma roda para manter a violência rodando, agradeço por ter tido casa, por ter tido comida o suficiente pra estar aqui, pela chance de plantar e poder melhorar minha alimentação no próximo ano, pela chance de entrar novamente na faculdade, que mesmo podendo não trazer diploma vai me trazer experiências. 
Não vou dizer que tô pronta pro próximo ano, não faz diferença, eu não sei o que vai vir. Mas, se eu conseguir, estarei aqui novamente, espero que vocês também (eus do futuro).








terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O mundo pertence ao futuro, não ao passado (devaneios)

Antes de começar esse texto quero lembrar que nada aqui é verdade absoluta, é só um bando de pensamento das coisas que eu acredito no momento.

De nada me importa que sua vontade seja manter a imagem de um passado morto e violento. De nada me interessa se sua opinião é meritocrata e a miséria só existe para quem não se esforçou o suficiente. Se pensa "o mundo anda chato demais", concordo contigo, mas provavelmente por motivos diferentes. O mundo não está chato demais porque mulheres resolveram parar de se depilar e performar uma feminilidade artificial, ou porque tem um casal do mesmo gênero casando e garantindo direitos, ou porque dói encarar a criança racista escondida dentro de nós (brancos), ou porque VOCÊ passou a saber que transexuais e travestis existem, tudo isso é o mínimo do mínimo pra alcançarmos uma sociedade realmente evoluida. 
O mundo tá chato exatamente por gente que quer viver no passado, onde as relações de poder e dominância seguem como se fossem a norma, como se não fosse possível o mundo ser um lugar melhor pra todo mundo, como se realmente a gente nascesse para produzir lucros para alguém, ser subserviente, ter uma família de comercial de margarina, comprar um monte de inutilidade pra se sentir melhor que os vizinhos, comer veneno, cagar em água limpa, odiar tudo aquilo que não parece com a gente (ou até que parece), olhar no espelho e se sentir evoluído.
Vejo uma crescente busca pela espiritualidade no Brasil, de diversas fontes diferentes e, com todo o respeito aos ateus e atéias, eu até vejo isso como algo positivo, desde que respeitando o estado laico e a diversidade religiosa, porque o bonito não é ver UMA religião crescendo, é ver o ser humano pensando em algo que não seja só físico, mas também energético e imaterial, isso não precisa ligar a uma religião, mas quando liga é uma expressão cultural bonita também.
Só que uma fé não pode ser alívio consciencial. É a ideia que eu sempre bato na tecla, a da hierarquia espiritual que é vendida hoje, adianta algo ter algum tipo de religião e não fazer nada pra diminuir a desigualdade que existe por aí? Adianta de alguma coisa dizer que "somos todos irmãos, somos todos iguais" e querer liberar armas para eliminarmos IRMÃOS? Vejo gente que é contra a galera ter comida, ter terra, gente, que é isso? É um planeta farto, nós somos IGUAIS mas tem gente comendo lixo pra sobreviver e gente herdando patrimônios gigantes. Nós somos iguais?
Ninguém aqui tem uma fórmula de "mundo perfeito" ou "a revolução começa hoje". Eu não sei traçar o caminho que vai nos tirar dessa ideia de destruir o planeta e a igualdade em troca de lucro e mão de obra, e eu nem preciso saber, porque a resposta tem que ser conjunta, mas é essencial que a gente pense em saídas para isso sem que qualquer papo a respeito vire "COMUNISTA!!! ~insira aqui um monte de desinformação inclusive sobre comunismo~". 
Eu sempre falo isso, a gente tem que aprender a debater. A gente tem que aprender a reconhecer padrões, questionar, ouvir e falar sem entrar na defensiva. Tudo isso se tornará mais difícil ainda com a precarização do ensino e o ódio a qualquer aparente senso-crítico, mas seguimos, primeiro porque não temos escolha, segundo porque é o natural.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Liberdade religiosa!!!

Sinceramente, fico zero escandalizada com a ministra vendo Jesus na goiabeira (ainda em um momento de trauma), acredito em mediunidade, em fé, não vejo diferença para alguém vendo uma entidade de alguma outra religião.
Me espanta mesmo é bolsa-estupro, dar preço a um trauma, querer que mulheres criem vínculos com seus estupradores, desumano total. Mas o que me espanta DE VERDADE é a facilidade com que as igrejas estão adentrando na política, moldando o país ao gosto cristão, ignorando que nós não somos e não queremos ser um país uniformemente cristão, nem prioritariamente cristão. Me assusta que, no ano passado, milícias religiosas obrigaram mães de santo a destruirem seus próprios templos, mais uma vez forçando as pessoas (principalmente vindas de culturas afro-brasileiras) a abdicarem dos próprios valores, pontos de vista, me preocupa que a política atual fale frases como "chegou o momento da igreja governar", é uma ideia perigosa, e falo isso baseada no que vejo hoje e no que vejo do passado, já tivemos um momento onde a igreja governou, olha o que deu.
Cada um com sua fé, nenhuma fé desrespeitada pela política.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Coisas que eu preciso lembrar quando eu passar a esquecer

Eu tive e tenho uma vida muito boa. Mais do que muita gente, tive o privilégio de ter tido uma infância saudável e com vários pontos bem peculiares que sei que a maioria das pessoas não tem; já na adolescência passei inúmeros perrengues, alguns bem sérios, passei sozinha, sobrevivi e conheço o preço, me forjou também; momento atual, não sei o nome que se dá, retraí, pensei em tudo aquilo que construí e destruí, tudo foi aprendizado, mesmo que tardio.
As faculdades. Não quero desistir dessa, sei a pressão externa que a falta do diploma carrega, sei que já saí de três e que as pessoas costumam ver isso como algo ruim (eu não, eu aprendi muito enquanto estive ali, muito mesmo, e sei meus motivos pra sair), também me interesso bastante pelo curso que tô entrando, penso que é o futuro (que busco), a terra, a fartura e o compartilhamento, tão simples e faz tanto sentido, aprender na prática é uma experiência que eu agradeço muito. Tenho medo, ainda, de várias coisas. Ter que passar 1h30 pra mais com três ônibus diferentes pra ir para faculdade (mais três para voltar) depois de um momento de fobia social não totalmente superado (mesmo que à caminho), tudo isso me assusta um pouco. Mas a faculdade é um negócio que eu quero, então eu vou tentar, vou até onde puder. E não mais do que isso, porque minha sanidade mental é mais importante.
As pessoas costumam colocar pesos nas coisas. É normal, é humano, a gente mede relações, faz associações, cria lições para o que já passamos, é isso aí. Só que os meus pesos costumam ser distribuídos de forma muito, muito, muito diferente da sociedade padrão atual. Tem coisas que eu absolutamente NÃO CONSIGO me importar, sei lá, moda, por exemplo. Ou o que as pessoas pensam por eu ter idade tal e me portar da forma tal (tipo assistir desenhos). Ou Natal. Me preocupo mais com a gatinha prenha do quintal, se ela vai querer parir no meu colo como as duas últimas gatas que tive contato e como eu vou fazer pra doar gatinhos E ela pra donos responsáveis. Me preocupo com meus sonhos (o de hoje eu lembro pouco, mas em algum momento mergulhei minha mão numa tinta que deixava invisível e levei um susto mesmo que eu soubesse que era isso que ia acontecer). Me preocupo em publicar meu livro e ter uma terra e em como ter uma terra sem me afastar totalmente da sociedade. Enfim.
Não dá pra ficar se importando tanto com o externo. Com o que as pessoas pensam da sua vida e do jeito que você leva ela. Sei lá, eu acredito que a existência é infinita, mas o momento não, talvez eu nunca mais venha pra cá como Mariana Lua, vou viver a vida como ela faria. (As vezes me pergunto se dá pra entender algo dos meus textos ou se só são frases desconexas).

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Pago o preço

Existe um auto-ódio em mim, falo sem surpresa, fato conhecido. Não quero manter, não fui sempre assim, permiti que o externo entrasse e forjasse sua verdade baseados em coisas que não viram, mas permiti, não mais.
Já quis morrer, foram inúmeras vezes, onde esse ódio me dizia que o mundo ficaria melhor sem mim. Mas não ficaria. Ouço desabafos, é meu trabalho, cura é mais do que enviar boas vibrações. Papo pesado, mas real: eu sei da minha importância porque eu sei da importância das vidas que eu ajudei. Eu não salvo ninguém, as pessoas se salvam sozinhas, mas estive lá. Dos meus catorze anos de idade até aqui, ao menos um suicídio evitado por ano, teve ano que chegou a cinco, esse ano termina com dois. Entre pessoas conhecidas e desconhecidas, um fato em comum: elas merecem a vida. Talvez o mundo não nos mereça, no geral, porque o mundo é acostumado a boicotar quem está pelo certo, mas a existência é maior que a sociedade, a existência é a possibilidade. E eu os amo. Me salvaram. Ao ouvir o grito que muitos falam se compadecer mas não tem estômago para aguentar, eu me ajudei também.
Esse texto vem com surpresa, porque fui perceber hoje (com o caso dessa semana), o quanto é constante eu estar ali, pelo acaso, bem onde eu devia estar. Com gente que nunca me viu, com gente que me via sempre mas com outros olhos, nada nunca foi calculado, mas sempre aconteceu com a precisão de um relógio.
Não ligo quando as pessoas me consideram muito "auto-ajuda" pro gosto delas, não ligo mais, seria como pedir que todos entendessem a importância do meu "ouço desabafos, e é de graça". Não sou terapeuta, não sou psicóloga e também não sou uma escritora de auto-ajuda. Mas eu sei que quem precisa, entende. Podem guardar os julgamentos de vocês, eu tô do outro lado, do lado que não tem ninguém. O preço disso é tão caro quanto pesa a impotência, mas eu aguento, pago o preço, sempre paguei. Achem o que quiser de mim,mas enquanto não pagarem o preço também, suas opiniões e bosta são a mesma coisa. Ninguém a menos. Ninguém. Se eu puder evitar, eu vou.

domingo, 11 de novembro de 2018

spoiler: ridícula e idiota

quem tem atitudes ridículas e idiotas é o quê?

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Frangalhos combatentes

Hora de reconstruir. Começo por mim, na organização mental, sem espaço para influências ou julgamentos externos. Hoje, ouço os mortos, reflito em suas mensagens, os mortos sabem das coisas. Não que já não estejamos mortos também, é um estado constante nessa brincadeira eterna, quantos de nós estaremos mortos em 2020, por exemplo? Faz parte, mas eu nunca achei que as coisas acabassem aí.
Eu sempre tentei separar o social do espiritual, era algo que eu precisava para não cair em falsas narrativas como "pense positivo e você será feliz (no caso ter dinheiro)" ou até aquela bizarrice de "coisas ruins estão acontecendo contigo porque você está vibrando erraaado, irmã",  não, as vezes o social e o espiritual não são tão simples e culpabilizadores, meritocracia espiritual e nada pra mim é a mesma coisa. Só que o que estamos vivendo agora, certo, tenham paciência comigo, o que estamos vivendo agora é, primeiramente, inevitável , seguido de necessário. Precisamos passar por isso. É uma merda, mas fazer o quê? O que meus guias me ensinaram é que tudo é o processo e como você passa por esse processo, e isso se aplica ao âmbito social. Os preconceitos não vão se desconstruir sozinhos em um mundo que inclusive boicota essa desconstrução, perceba que não falei "não coopera", falei boicota, porque É um plano. Passaram a vida toda me chamando de conspiracionista mas, qualé, gente, conspiracionismo? Falar que EUA tem uma influência gigante e planejam muito do que acontece por aqui? ISSO virou conspiracionismo? A falha é nossa. Se amigos e parentes nossos acreditam em coisas ridículas como mamadeira de pinto e kit gay, ou a Pabllo Vitar na nota do real, a culpa também é nossa. Falhamos na comunicação (não digo falhamos como um ou outro partido ou enquanto esquerda, digo como seres humanos mesmo, ou ao menos brasucas).
Brasil foi envolto em uma bola de neve de mentiras que tende a crescer e muito pós-posse. Agradeçam ao Trump e às pessoas por trás dele. Não sei bem o que fazer com a informação de que a parte boa que eu conheço do mundo tá diminuindo, e as partes que eu mais gostaria de evitar estão crescendo. Sinto que preciso encontrar meu grupo, preciso sobreviver aos primeiros cinco anos, sei que no final de tudo isso algo bom vai acontecer, mas o final tá bem longe e vamos perder muita gente no caminho, e eu só não quero me perder. Eu posso morrer, tô ok com isso, eu sou ETERNA, vocês também. Mas não posso me perder.
As vezes espiritualidade e política conversam sim. Pelo bem do planeta, mãe Terra, o capitalismo tem que acabar, e gosto de pensar que esse seja o começo do fim.
Não sou comunista, não sou anarquista, não concordo 100% com nada do que leio e vejo por aí, tô bem com isso. Não sei qual caminho entre os milhares que a gente ainda nem pensou pode ser o certo, mas eu não sou dona do mundo, não tenho que pensar isso sozinha. Um bom ponto de partida pra mim é: nossa sociedade não pode ser baseada em lucro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Me importar menos

Pensar cada detalhe, tentar ser a perfeição social, evitar os erros, me perdoar.
 Eu sei o que eu sou, aquela coisinha que desde criança prometi não me permitir mudar, eu tenho que honrar aquela criança, fizemos uma promessa.
Eu machuco as pessoas, e eu detesto isso, mas a questão é que todos nós machucamos pessoas e, ultimamente, relembro que é a intenção que faz a diferença e sempre foi assim. Eu reflito meus erros, tento aprender com eles pra não repetir, não machucar as pessoas em coisas cíclicas. E, na verdade, acho que vou bem. Só preciso relaxar (e, velho, pensar menos, pra poder focar mais nas coisas que realmente importam).
Tem gente que me ama de verdade e ainda chegou a conhecer versões bem mais escrotas de mim. É um processo.


(eu falei que ia voltar os textinhos bregas de auto-ajuda, mas se isso significar que eu estou melhorando então que venham)




Para registro futuro: estamos a uma semana da eleição presidencial e eu parto da idéia de que não importa quem vencer, boa parte da população cogita votar num fascista que apóia um torturador e independente dele ganhar ou não é provável, ao meu ver, um novo golpe. Se bobear apoiado por uma população que desconhece o passado. Tempos difíceis.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A balança de ir ou não para Matinhos

Motivos pra ir pra lá: quem eu quero ver eu queria MUITO ver.
Para não ir:
Tô sem grana
Não quero reviver tudo que gerou o post passado
Não queria ir

O que eu aprendo comigo e esqueço comigo e relembro comigo

Nós nunca estamos sozinhos, bom, não se considerarmos o tanto de gente que pense em nós (positivamente), os laços, eles se criam, se consolidam ou se desfazem, mas eles sempre existem. A gente pode nem saber.
Ao mesmo tempo em que, dentro de cada cabecinha confusa que tenta criar uma norma mais confortável de vida, cada um é um universo, e nele estamos sozinhos.
Ou talvez não, sei lá, talvez só mude a companhia, porque as vezes penso que meus amigos não-fisicos conseguem penetrar meu mundinho particular, e só eles entram lá, mas a solidão passa um pouco. Nesse ponto já peço desculpas se meus textos parecerem auto-ajuda, é meu processo de cura e vocês nem deviam estar aqui (eu deixo a porta aberta mas não mais pro julgamento).
Julgamento. Uma dos pilares da minha ansiedade, me importar, pro que devia e pro que não, mas com tanta frequência que fica difícil separar as coisas. A primeira semente da primavera vai superar essa questão, tudo é bruxaria. E perspectiva.
O medo. Base de tudo. Medo de morrer, sabendo que vou, medo de sofrer, sabendo que vou, medo de me expor, sabendo que devo, medo de quê? Só medo, base de tudo. Só que não faz parte de mim não amar a vida, e o morrer, sofrer, etc, tudo isso é viver. Outra semente, rega, Lua.
A dor na garganta, o bruxismo, insônia, dor na lombar, cólica, vômitos e desmaios, tudo tão óbvio, tão auto-explicativo. Timidez (sou eu mesma?), rigidez, preocupação, pesos, medo de ser eu. De me enraizar. Aumentar o valor da aposta.
Rancor. Aquela "impressão" de que quem tá na boa intenção só se fode e quem machuca os outros propositadamente só se dá bem. Que direito tenho sobre isso? Eu sei quem me colocou na posição de carrasca e sei que não me cabe, tô de boa. Não aceitarei carrascos também, que fique só quem me quer bem, que o resto seja feliz, mas para lá. Se afastar não é egoísmo, é amor-próprio, mas não me afasto quando eu mesma levo, então vou só deixar pra lá. De qualquer forma, são poucas as pessoas que eu gostaria de manter longe, poucas mesmo. O que mais tenho sentido nessa minha jornadinha em Curitiba é vontade de levar todas as pessoas que gosto no bolso. Vai ser difícil dar tchau de novo, mas eu sempre faço isso, de todos os lugares. Eu sempre vou embora.
No final, acho que a nuvem era eu.


terça-feira, 4 de setembro de 2018

Aquele conto lá do Paulo Coelho com o Maurício de Sousa

Eu não posso ter vergonha de quem eu sou, eu sou tudo que tenho! Se eu queria mudar 90% das minhas atitudes e da minha cabeça? Lógico,  só que sou eu. E eu não posso ter vergonha de quem eu sou.
Não sou alguém ruim, não machuco conscientemente, calculadamente, tem gente que faz isso ow, pensa nas maldades e manipulações que vai causar, eu não sou assim. Não costumo planejar as coisas, vou vivendo, conhecendo, e observo muito. Meu silêncio as vezes faz com que os outros me tomem por trouxa, mas costumo captar o que tá acontecendo mesmo quando fecho os olhos para não ver, é um peso também, saber, e as vezes fingir que não porque a verdade nem sempre é mais gostosa que a ilusão, só que é a verdade, ainda prefiro ela.
Não curto ser julgada, onde estiver julgamento provavelmente estarei longe, ou tentando me afastar, vocês não me conhecem,  por quê diabos gostam tanto de falar? Tratam como verdade o que imaginam, com que direito? Tenho mais do que mostro e não mostro exatamente por não precisar provar nada, nada, minha verdade é imutável, tenho mil questões mas eu sei quem eu sou, e eu me amo, com meu jeito panaca e tudo. Por aí também tem gente que me ama exatamente pelo que eu sou, ainda bem, amo vocês também, e por serem diferentes de mim.
Tenho muito o que aprender, por mim mesma. Vocês não?


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Mês atrás

Entre passos e laços
Aos poucos me desfaço
Permitindo a desconstrução para conhecer minha base
E nessa jornada extensa
De parabenizações ou sentenças
Deixo de mim cada vez mais um pouco
Sou bicho, sou bicho solto
E não há amarras que possam me prender
Sou assim, fazer o quê?
Entre passos e laços
O soluço do não-dito
A idéia de infinito
E a louça por lavar

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

letras

me acalmem com sua capacidade de permitir aquilo que a garganta não fala, o medo de sei lá o quê, vocês costumam vencer essa batalha - um golinho de água no deserto aos poucos se transforma em oásis - espero que as coisas estejam mudando, mundo melhorando, sintomas, parecem dois lados em cima de uma gangorra, eu queria ser cinza em um tempo de contrastes máximos, trabalho no denso ou sutil, eu já vi um potencial, quantas coisas não passei?
posso ser fraca mas o santo é forte, quando não confio em mim jogo pra eles, se estiver pelo certo sempre me ajudam, eu não sou do mundo, eu tô longe, mesmo que me atrapalhe é um fato, daqueles que não se foge, nunca tive escolha. Ainda assim, acho que escolhi.
somos potencialidades, não acho que cabemos no nosso corpo, as vezes nem me sinto em meu corpo, e isso também já me trouxe problemas por não ser certo, demonstra falta de equilíbrio.
o equilíbrio é a resposta que recebo faz tempo, mas a prática é mais complexa.
somos eternos, é nisso que acredito, embora ainda não saiba dizer se isso traz alivio ou cansaço, mas pra mim é um fato, mas um desses a aceitar.
quanto ao amor, preciso, de mim por mim, tô nessa busca, me livrar da culpa, tudo na vida é aprendizado e o melhor perdão é nunca mais repetir o erro, tento ser o melhor de mim, mas as expectativas são alheias e isso sempre me assustou, pois se nem eu lido bem com como sou, como pedir a outro universo de subjetividades?
gosto de textos não revisados, gosto da aleatoriedade, gosto de falar de mim e assim sinto não encher os ouvidos alheios, lê quem quer, não é? assim o sentimento de que sou puro ego fica mais leve, como se não fosse verdade, que besteira, aiai.

Rodei

A gente muda mesmo, né. Sou meio fixa em algumas concepções, e as vezes é estranho quando comparo a mim mesma com minha versão mais jovem, sem idade específica. Cresci prometendo para mim que algumas coisas não mudariam, algumas formas de ver o mundo, e ainda assim sigo me fechando na concha do caramujo, cada vez mais distantes das coisas que considerava ser "eu". Ou pelo menos dos aspectos positivos, porque os negativos continuam aqui, luta diária.
Não tô reclamando. Pode parecer que tô, mas tô só notando mesmo, e não consigo nem me culpar, sei meus obstáculos mentais e sei a causa de boa parte deles, tô trabalhando nisso e acho que da vida gosto mesmo é do processo.
Não sei se funciona pra vocês do lado de lá, mas funciona pra mim. Fazer o quê?

terça-feira, 17 de julho de 2018

momentos de títulos dramáticos: qual o problema comigo?

Entre a falta de dinheiro pra pagar psicólogo e a barreira que eu mesma pus de conseguir ir em um, sigo lidando sozinha com toda essa confusão mental que significa estar viva.
As vezes parece que eu sou uma criança aprendendo a viver, e é meio vergonhoso uma pessoa de 25 anos se sentir assim, mas vergonha é meu segundo nome mesmo. Vou mentir pra criar um personagem menos frustrante?
Eu não sei lidar com pessoas da mesma forma que eu não sei lidar comigo mesma. Sigo com a mesma sensação de que minha entrada na vida dos outros significará invariavelmente problema para os outros, e acabo concretizando por não saber fazer diferente. Acho que eu só me odeio tanto que não me desejaria para ninguém, e as auto-reflexões sobre o porquê desse ódio continuam aleatórias.
É como se eu fosse um monstro tentando deixar de ser um monstro. É como se, para ser aquilo que eu quero ser (ou para não ser aquilo que não quero ser) eu tivesse que controlar cada palavra, cada pensamento, como se em qualquer momento eu fosse deixar escapar a pessoa horrível que minha mente gosta de dizer que eu sou. É tipo ser uma farsa de mim. 
É uma paranoia estranha porque, ok, eu não sou perfeita com pensamentos sempre perfeitinhos e blábláblá mas, carajo, não sou um monstro. Acho que não, pelo menos. Mas, ainda assim, nada faz ir embora a impressão de que em algum momento eu vou revelar aquilo que eu tanto tento esconder e nem sei o que é. 
As vezes penso que isso foi criado em mim, consigo identificar algumas situações em que pessoas entraram na minha vida e saíram me culpando por tudo que deu errado, e eu realmente acreditei nisso por anos porque, sei lá, críticas devem ser refletidas, né? Eu tento ser uma pessoa legal, dentro do meu padrão do que é legal, e aí quando falam algo negativo ao meu respeito eu realmente quebro a cabeça tentando enxergar onde eu pisei na bola, só que isso já virou um "socorro, as pessoas não podem pensar mal de mim", e tá longe de ser o que eu tava buscando em todo esse processo. Eu não quero que as pessoas não possam pensar mal de mim, eu quero que EU não me considere um lixo.

A culpa, minhas amigas e amigos imaginários, ela é uma merda. Ela não serve pra nada. Os erros e o arrependimento ensinam, mas a culpa só atrapalha, trava. Sentir culpa por todas as besteiras que já fizemos na vida pode ser algo bem pesado, e considero diferente de simplesmente se responsabilizar. Eu tenho muitos arrependimentos, alguns já consegui inclusive me desculpar com as pessoas (que não tem obrigação de me desculpar), mas meus arrependimentos são diferentes da culpa que eu sinto, que tá mais relacionada com o que eu vou fazer de merda do que com o que eu já fiz de merda. Não faz nem sentido, pelos deuses, como viver é difícil.

Eu queria acordar um dia sem nada disso na cabeça, uma pessoa comum, e eu nem sei se pessoas comuns existem porque sou uma criança e tô descobrindo tudo agora, pelo visto.
Não quero me aturar, quero gostar de mim, caramba, não pode ser tão difícil.



sexta-feira, 13 de julho de 2018

Mas me afasto

Então chega o lado frio, aquele monstrinho que fala "tu leva confusão pra vida dos outros", "nada é simples com você", mas como ser? nenhuma vida é simples, isso não me torna especial. Nem pro bem, nem pro mal. Mas o medo persiste, me forçando fobias, como se eu fosse a pior pessoa do mundo e nem conseguisse identificar o porquê. Que inferno, fazer o quê? Algo me fez assim, na construção do meu ser, e então eu volto, volto, descontruo sonhos, reflito e recomponho, tento entender, mas só névoa, nada pelo caminho. 
Posso ser uma farsa de mim, mas não conheço outro caminho e não estou pronta para respostas fáceis.

Gosto

Medo de gostar, mas gosto, fazer o quê? sou livre e posso, e é com força que os batimentos bombeiam o sangue, meu "tic-tac" particular. 
Gosto com medo de gostar, por bobeiras do passado que feriram como navalhas, por paranoias criadas por uma ansiedade aguçada, por auto-boicote também, tenho muito o que aprender.
Mas é tão bonito e traz um quentinho tão gostoso, conhecer esses universos, mesmo que de passito. A gente se ajuda só por saber que existe, a gente existe.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Declaro aqui que não há mais tempo para resoluções de problemas

a lua que fala de problemas sai de férias e só volta lá pra outubro
agora eu sou luazinha copa-e-hexa




(não vou deixar de escrever meus dramas não que isso é mais forte que eu)

tomando as rédeas (aham)

pausa para descansar, muitas influências externas. bom, válido, tem feito bem mesmo que para o corpo, sinal de que a mente aos poucos se encontra mais tranquila (aos poucos, de passito, conheço meu ritmo).
tô viva, sonâmbula, existem focos e focos e tô na onda mas escolhendo o caminho, cortei laços, tomei passos, o que tiver que fazer eu faço, mas vou fazer por mim. opiniões externas não são mais do que isso e, embora invariavelmente bem-intencionadas, não saem da minha cabeça e do que busco para mim (não entendam mal, não são ofensivas também, só não são minhas).
escrevo porque preciso ser estranha. preciso não fazer sentido e gastar essa necessidade confusa de manifestação sem regras ou lógicas, essa dramaticidade toda me ajuda, é brega mas me ajuda, vou fazer o quê? 

toda casa que eu moro nascem flores amarelas. e lagartas fazem casulos. 

tem coisa que é teoria e tem coisa que é fato, e dentre meus próprios fatos e teorias eu sei identificar o que é o quê. ou talvez eu não saiba, isso é uma teoria.

terça-feira, 5 de junho de 2018

às vezes eu tenho VERGONHA da minha falta de fé

A verdade é que tendo a odiar mudanças, de todos os tipos, mesmo que eu tenha errado inicialmente sobre TODAS as vezes que elas aconteceram. Eu odiei ir pra Curitiba, e até o final da minha jornada lá reclamei de estar lá (embora pro final eu já soubesse que gostava de muita gente lá). Tudo bem, eu me perdoo por isso, porque a questão era o clima, o preconceito em geral e o fato de não ter praia (só nos meus sonhos. Pois é, Curitiba sempre tem uma praia atrás do shopping Mueller nos meus sonhos). Eu odiei todos os términos de relacionamento (inclusive até o de amigos deixando de morar em casa, mesmo que eu soubesse que seria melhor para todo mundo), odiei começar em quase todos os meus empregos (alguns gostei) mas também odiei sair deles (porque todo mundo gosta de dinheiro certo pra pagar as coisas). Odiei sair de todas as faculdades, principalmente a última, mesmo sabendo que estava insustentável para minha cabeça e, principalmente, sem a bolsa eu não teria como me mantêr, ia viver onde (agradecimentos especiais para todos que bateram panela pedindo o fim da Dilma, a faculdade que eu estudava foi criada pelo Lula, o que vocês acham que aconteceu com ela depois disso?)?
Só que, pra sair da faculdade, joguei minhas runinhas. Pras questões pessoais mais importantes, joguei minhas runinhas. A primeira eu obedeci, a segunda não. Me mandaram a letra das duas situações e uma eu não obedeci, e agora colho o preço. E é doido, porque agora eu joguei de novo, para váááááárias questões, e tá tudo ali, definidinho, só resta acreditar.
E eu fiz tanta besteira comigo mesma esses dias que, aiai, vergonha define, só que existem várias eus aqui e as vezes o controle não é fácil. Posso ser auto-destrutiva mas, diferente de muita muita gente, não sou destrutiva, ou pelo menos tento não ser. Acho que, nesse momento, não faz mal sentir um pouco de orgulho de mim, não. Passei tanta coisa, já, e, mesmo tendo várias falhas grotescas comigo mesma no decorrer da minha história, é porque tô me conhecendo. Ás vezes eu tenho que implodir um tempo, me permitir sofrer tuuuudo que eu tenho que sofrer, e aí seguir. No começo durava uns três meses, agora uns três dias.


eu quase não estive, mas eu ainda estou aqui

(eu ainda sinto medo, muito medo, mas se tão me pedindo fé e eu já não tenho nada lógico para acreditar, então fé será)


Saindo do fundo do poço apenas lembrando que já sobrevivi à tudo isso antes

Temos que absorver as perdas que a vida nos impõe
As perdas que às vezes nos derruba
E não há tempo pra depois
Fico sempre de cabeça erguida
Encontro forças dentro de mim
E agora restam aquelas velhas fotos do tempo que passou

Já sei, não é a primeira vez
Cansei de perguntar por que
Só o que me deixa puto
É não ter tido tempo pra dizer tudo pra você

Melhor deixar rolar
Nada como um dia após o outro, continuar viver
Tenho que me levantar de novo, e acreditar
Dias melhores virão

Já sei, não é a primeira vez
Cansei de perguntar porque
E o que me faz feliz é ter certeza que você está bem
Sinto você

Melhor deixar rolar, nada como um dia após o outro
Continuar viver, temos que nos encontrar de novo
E acreditar dias melhores virão
E acreditar

Melhor deixar rolar, nada como um dia após o outro
Continuar viver, e quando o sol nascer
Temos que recomeçar de novo, e acreditar
Dias melhores virão

Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier
Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier
E aceite o que, e aceite o que vier

Rancor

As comédias românticas me estragaram ensinando que, mesmo depois de todos os obstáculos, no final tudo dá certo. A mocinha volta com o cara que cagou na cabeça dela, o mocinho aprende que a mocinha vale minimamente a pena, todos os erros passados são magicamente superados e ninguém sai desgraçado da cabeça no final.
As comédias românticas me botaram na cabeça que quando é pra ser, vai ser, que o perdão vale a pena e a felicidade existe apenas quando você tem alguém ao lado. Me mostraram que, não importa quantas pessoas tenham interesse nela, ela sempre vai querer aquele cara difícil, cheio de problemas emocionais, aquele que até quer se envolver mas, coitadinho, ele não sabe como funciona. Mas ela pode ensinar, afinal, a mocinha leu sobre romance desde sempre, só esperando o momento de vivenciar. E então ela se coloca na posição de mãe, abrindo os olhos da criança que conhece o mundo pela primeira vez, a mãe que perdoa, a mãe que protege.

Deviam proibir esses filmes.


sábado, 2 de junho de 2018

Prefiro a morte.

dia inteiro na fila do chat online cvv
comecei com 93 pessoas na frente
horas depois, faltando 4 pessoas, serviço cancela sozinho
a vida dá sinais

boa noite, eu estou ficando louca

Não sei se quero mais estar viva. Sei lá, não é uma condição que eu vá mudar por mim mesma, mas cada vez mais me pergunto o porquê. Se eu já não consigo confiar em ninguém, se cada vez mais evito criar laços, se tudo que acontece, de bom ou ruim, só me traz um forte vazio, qual o sentido?
Não estou acrescentando nem desacrescentando, nada a se construir, somente perspectivas pessimistas, não sei bem do que estou atrás mais. Acho que eu queria um pouquinho de paz, talvez viver no mato, com pouca coisa e pouquíssimo contato, não nasci para viver em sociedade.
Já julguei estar acompanhada, hoje não mais. Sempre sozinha, a vida vai mostrando, mas essa é uma ideia que não me agrada tanto também.
Eu escrevo com dor, reclamo da vida mas tenho medo de morrer, morrer de estresse. As vezes acho que vou deitar e minha alma simplesmente vai embora, cansada, sem pensar em nada, e aí meu coração pára (não sem antes das uma agitada). É um medo bobo, mas constantemente penso que está prestes a acontecer. Qual o limite de preocupações de um cérebro? Uma hora eu pifo, não tá longe, voltei a ter sintomas antigos, daqueles que parecem superados, me iludo fácil.
Tenho medo de psicólogos e psiquiatras, tenho medo de ser internada. Em quantas sessões julgariam ser a melhor opção? E quanto de mim teria que sair para eu poder sair dali? Não sei, não entendo como funciona, só desabafo, um grito para ouvidos surdos (nome bonito e poético de um episódio de Naruto, quem diria), espero sobreviver.
Eu sei que sempre tem a chance de um novo dia, mas eu tô tão desamparada na vida que não faço ideia do que esperar, e meu pessimismo me diz que é melhor assim ou não vou querer pagar para ver o que vai rolar.
Eu já não sei se fui muito machucada ou se só sou uma louca que sente tudo de forma muito aumentada, eu não sei. Vários já tentaram me responder e no fim era só mais gente tentando me enganar, parece algum tipo de karma.
O golpe sempre dói mais quando vem de perto e uma lição eu preciso urgentemente aprender, mesmo que custe minha insanidade: não conte seus medos para quem vai usá-los contra você depois.
(isso inclusive deveria se aplicar ao meu blog e talvez esteja se aproximando o dia de excluí-lo)

quebrando a cara nas mesmas rachaduras

burra, bem burra.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Presente de grego

Em cada momento sai de mim um pedacinho, me sinto um estranho no ninho, meu caminho é a solidão. Vivi pra ver, pensei que não, mas a verdade sufoca até sair e aqui estou, digo pra ti: melhor se afastar do que deixar ruir.
Eu sou problema, sou bicho ruim, não sou cais, sou tempestade. Não me desejo pra ninguém, nem pros piores inimigos, querer companhia agora é egoísmo e vaidade, presente de grego, maldade, melhor deixar as pessoas numa mais confortável realidade.
É tarde, fui tarde...

Acalma

Todas as palavras não-ditas, tensão no ar, milhões de gatilhos e armas dentro da minha boca me matando aos poucos.
Eu preciso pensar. Eu preciso parar pra pensar. Já não entendo nada e na névoa não sei muito por onde andar, não dá, já tentei me acalmar, mas o preço do obscuro de não saber onde vai dar... ele sufoca aos poucos, nó na garganta, o grito que ninguém ninguém ouve.
Eu tô vendo, sinto de longe o cheiro desse veneno, tomado de pouquinho em pouquinho no decorrer da vida, mas deixando o mesmo amargor de sempre.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

eu (de sempre e por enquanto)

Uma constante sensação de estar sozinha.
Um pedacinho de mato no meio da cidade.
Barulho de sino.
Estrelas. O céu.
Malabarismo.
Lembranças do passado.
Criar simbologias.
Várias vozes na cabeça, gostar delas.
Chackra da garganta constantemente desequilibrado, bem ou mal.
Viver a vida metaforizando tudo.
Crescer os próprios sentimentos de forma intencional de forma a se sentir mais viva (funciona e ajuda a se manter no Agora).
Escrever o que não consegue falar.
Cólicas.
Insônia ou bruxismo.
Uma ansiedade tão antiga e tão intrísica que dá medo de ser o que considera "si mesma".
Me comunicar com animais com mais facilidade do que com gente.
Procurar os futuros problemas quando as coisas vão bem.
Medo irracional de decepcionar pessoas.
Dores na lombar.
Desenhos animados até ficar velhinha, se possível.
Leve vício em jogos (administrado).
Dente-de-Leão é a flor que mais me representa.
Sensação de que nunca está no lugar que deveria estar.
Mãos inquietas viciadas em cabelos.
Boca inquieta viciada em unhas.
Neuras muito fortes, que passam muito rápido e parecem patéticas depois.
Gente astral e alienígenas em geral constantemente marcando presença.
Confiança total na frase acima.
Minha casa é meu cantinho.
Questionamentos intermináveis sobre quem somos e o que estamos fazendo aqui, carajo.
Sensação de ter vivido várias vidas em uma vida só.
Sensação de ter vivido várias vidas antes dessa daqui.
Preguiça de terminar uma lista inútil e aleatória de uma forma decente.


segunda-feira, 28 de maio de 2018

esse ano abril chegou em maio

mas chegou, porque ele sempre vem
o momento da pausa, concentrar, enfim
carrasca de si
me faz bem também

devaneios

Confiança é um negócio doido e difícil de definir. Gatilhos lembram situações, e relacionar-se (de qualquer forma) é sempre um jogo onde alguém sempre corre o risco de ser machucado.
Já criei vários caminhos alternativos para as linhas de raciocínio que não me permitem abaixar a guarda e confiar, e aos poucos a vida - essa cretina - foi derrubando um à um.
Me pedem "confie", respondo "por quê?". Qual razão lógica teria pra isso se tudo sempre sempre prova que é cilada? Que nada, amigas e amigos, confio desconfiando, pelo menos por enquanto, sem previsão pra mudar. Confio em mim, se é que dá, mas sei que, nesse mundo, só eu SÓ EU não vou tentar (nunquinha) me enganar.

Narcisista que sou, me estudo e, embora não queira detalhar, refleto e vejo meus motivos, não dá, até queria mudar, mas sem base tudo despenca e não tenho como acreditar, faz parte, dolorosa é a jornada de se conhecer, mas é boa, boinha. Recomendo, até.


dramin

insônia e um pouquinho de vontade de chorar
faz parte, vai passar

domingo, 27 de maio de 2018

essa menina

ela é demais

(só isso mesmo. ela é demais)

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sem forças nem pra sentir medo

situações antigas me obrigam a refletir o quão cíclica a vida é. quando problemas são superados até mesmo ao ponto de serem esquecidos, o sacode, lembrando que nossos monstros estão vivos, só esperando o momento certo.
vivi algumas vidas que já não parecem essa, embora tenham sido. um dia fui uma menina de vestido florido, esperando no balanço com os olhos cheios de lágrima, já não parece eu, mas sou. queria poder colocar as pessoas em uma caixinha, parafraseando uma delas, mas isso não sou eu. 
carrasco. o chute do alto do ninho obrigando o vôo. nunca mais fui brisa de verão, ou nunca fui, já não sei. sei que a lama do mangue tem todas as minhas respostas, ou não, ou não.
a morte também ensina, já aprendi também, pelo visto com necessidade de reafirmar a lição antiga. talvez. a solidão tá aí também, me lembrando que, ao fim do dia, ela é minha melhor amiga, fazer o quê? ela me agrada também. são muitas vozes ao mesmo tempo, quero poder entender em vez de silenciar.
em meio à tudo isso, lembrar que dessas vozes algumas são minhas, e vem sido tão tão silenciadas por um medo irracional que quase já não tenho forças para sentir.
eu sei que tá tudo bem. mesmo nos problemas, tá tudo bem, a vida é cíclica e os bons momentos voltam também. mas cansa um pouquinho.
eu só tenho duas metas nessa vida, cada vez mais nítidas, e são daquelas missões difíceis.
eu ainda estou aqui
e vocês também!


segunda-feira, 21 de maio de 2018

E um feliz aniversário para você

Sonhei com você. Estava em uma Curitiba bem diferente, mas o medo continuava ali. Cruzei com você, foi rápido, nem me viu, mas a raiva se apossou e, no sonho, voltei meu caminho para te falar tudo que tava engasgado. Como é comum, você já nem estava lá.
Não costumo sonhar contigo, felizmente, e me perguntei o motivo disso acontecer. Abri os olhos e vi, era seu aniversário. 
Então um feliz aniversário para ti, que fazia chantagem emocional em troca de sexo, deixando-me culpada porque, afinal, "você sentia tesão porque me amava muito, eu não te amava?". Amava, amei. Nem sei por quê, sendo sincera, mas amei. Feliz aniversário para ti, que reclamou imensamente da minha proposta de abrir o relacionamento mas foi o primeiro a ficar com alguém, no dia do meu enem, e ficou muito bravo quando eu fiz o mesmo, mesmo que eu tenha esperado um bom tempo para tal. Feliz aniversário para ti, que colocava em cheque o meu juízo, me tratando por louca, como se não houvessem verdades em minhas reclamações. Feliz aniversário para ti, que propôs uma experiência com terceiros e depois me culpou imensamente por ter aceitado. Feliz aniversário para você, que me pôs de bruços e transou comigo enquanto eu chorava, cena que ainda roda tristemente pelas minhas lembranças e, tenho certeza, apenas pelas minhas, porque você deve ter passado batido por isso. Feliz aniversário para você que, depois de aceitar o relacionamento aberto, mandou mensagem para TODAS as meninas que te interessavam no facebook investindo nelas, enquanto eu dormia ao seu lado, em sua cama, na sua casa. Feliz aniversário para ti, que hoje se dá super bem no mundo circense graças ao curso que eu fui atrás para descobrir e que, quando terminamos, você jogou na minha cara que "se eu não queria vê-lo era só não ir". Você acertou, não fui, e até hoje você pega as honras da oportunidade que lhe foi dada... por mim e pelo meu esforço. Oportunidade que você tirou de mim sabendo que era isso que estava fazendo.
Desejo um feliz ano para ti, que quando terminamos me mandou mensagens furiosas falando horrores sobre o que pensava ser eu. 
E, finalmente, um parabéns imenso, gigantesco, por não ter feito absolutamente nada em relação ao seu pai pedófilo, que abusou de uma menina de 13 anos que até os 18 não viu um pingo de justiça e que só recentemente venceu a depressão. Parabéns por não ter avisado sua irmã sobre ele, parabéns pelas respostas agressivas que me deu quando perguntei se não o faria, parabéns por esconder tão bem essa história e continuar sendo o "cara legal, que não faria mal a uma mosca".
Fico furiosa em saber que uma pessoa que amei tanto era uma farsa. Fico furiosa em, com olhos de futuro, ter percebido que os sinais estavam ali o tempo todo e eu me recusei a ver. Fico furiosa com sua indiferença diante de uma história que me fez tão, tão mal.

Hoje eu poderia te desejar um sincero feliz aniversário, mas não o faço porque, sinceramente, por mim você não tinha nem nascido. É uma pena.

"Você nunca vai achar alguém que te ame como eu".

domingo, 20 de maio de 2018

Desafios

A vida é uma doidera e ontem, logo após o clique final que oficializava o post passado, vem a bomba. Abril sempre chega. Tô lidando bem, ciclo repetido e a cabeça não é a mesma de antes, coisas desagradáveis acontecem e, embora o coração aperte em preocupação pelas pessoas amadas, não podemos guardá-las em uma caixinha, realmente. 
Dói um tanto, mas consigo me distrair. Não tem porque pensar em problemas sem solução, então sigo tentando deixar de ver as coisas que acontecem como problemas. Às vezes são lições, às vezes oportunidades, tem momentos que mudam toda uma vida e a gente nem sabe, fazer o quê?
Desejo força aos meus, é o que posso fazer por enquanto. Se todo mundo segurar o peso do mundo não fica tão pesado.

sábado, 19 de maio de 2018

Cataplum

O desconforto leva ao crescimento, é verdade, mas, usando o argumento fácil, "taurina como sou", o conforto me faz bem. A solidão, as letras, a cabeça podendo se concentrar, que mal há? Muitas questões por resolver, ciclos fechando e, mesmo sem perceber, tudo está mudando, muda porque é vivo. Por vezes sinto o perigo do monstrinho hiperativo, sussurrando besteiras na cabeça e enumerando as possibilidades de tudo dar errado, mas tem horas que não tenho tempo nem para ouvir o que ele me diz, aprendi comigo mesma que eu sou meu melhor psicólogo (mal-paga, inclusive), mas consigo ser feliz (meu segredo? não digo mais, quem entende?). Conforto não tem a ver com luxo, conforto é um estado, é o silêncio mental onde se torna possível seguir apenas uma linha. É límpido, e ensina também. 
A vida vai bem, mesmo quando não está, não se trata mais de ter ou não problemas, se trata de jogo de cintura, se permitir vivenciar. Quando o monstrinho se cala fica mais fácil, e bem sei o quanto gosta de falar, e logo que sua própria voz- já cansada- argumenta contra o medo, ele aumenta a aposta e deixa o jogo ainda mais difícil. Eu sei, convivo com ele faz tempo, conheço sua forma de agir e sei o quanto dói encontrar lógica em vários dos argumentos dele, mas é só um monstro, o que sabe da vida? 
É tudo muito estranho, mas a verdade é que nem é tão novo, e já cheguei até aqui. Eu ainda estou aqui. Vou continuar até onde o choque das bolinhas permitir. Além disso, esse monstro não surgiu do nada. Foi criado, pensado e disseminado por todo um sistema que tem prazer em ver os outros sofrerem.
Não vou dar esse gostinho, não.

sábado, 12 de maio de 2018

X

Era um festa muito louca, todo mundo presente, umas comidas gostosas e muita gente embriagada. Eu andava de roda em roda, conhecendo desconhecidos, revendo amigos, procurando os parceiros que vieram comigo. Vi um deles de relance, tava sem camiseta e usando um sutiã branco, notavelmente muito bêbado. Suspirei e fui para fora fumar um tabaco.
A festa parecia estar acabando e muita gente esperava o chuvisco acabar, sentados na escadaria de degraus grandes, para poderem ir embora. Olhei para cima, sentindo as fracas gotas de chuva no rosto, e depois para baixo, arrependendo-me de ter deixado minha mãe - sentada em algum lugar lá dentro - ter escolhido minha roupa. As nuvens pareciam estar indo embora, constatei, e algo na parte mais aberta do céu me chamou a atenção. Um punhadinho de luzes bem próximas uma das outras, cada uma com intensidade e cores diferentes, embora nenhuma fosse muito grande. No topo delas, quatro luzes formavam um padrão de cruz que eu já tinha visto inúmeras vezes no céu. Algo piscou forte e tudo mudou rapidamente. Cada minúsculo pontinho brilhante se moveu em uma direção, formando algo que me remeteu à luzes de um aeroporto, vistas de baixo. Em uma parte do desenho celeste, algo como uma pista de pouso, e o movimento de tudo aquilo me deixava meio zonza.
Ninguém mais parecia ter visto, e avistei a nuca de um amigo um pouco à frente. Corri até ele e apontei, tentando manter a voz em um tom controlável.
- Cara, olha isso.
A expressão dele mudou, como se entrasse em transe, e outras pessoas repararam no meu gesto e seguiram o movimento.
Algo invisível se chocou contra a formação luminosa e vários pontinhos menores explodiram em pedaços. Algo na minha cabeça apitou. Nunca havia considerado a ideia de alienígenas como algo perigoso, mas uma compreensão se espalhou pela minha mente: eles estavam nos defendendo de algo.
- São... são naves? - Uma mulher idosa sussurrou atrás de mim, todos ao redor com um semblante assustadoramente calmo, como se estivessem dopados.
- Oi, pessoal, fiquem calmos. Vocês estão seguros. - Uma voz masculina e tranquilizadora ressoou em todas as cabeças, mas a curta risada nervosa que ouvi no final da frase me contava que não estava tudo tão bem assim e, como para confirmar minha opinião, outras naves desabaram, vítimas de um ataque silencioso. Dessa vez os destroços cairam na quadra em que estávamos e alguém gritou de forma absurdamente controlada, o olhar de quem não estava presente:
- Procurem abrigo!
Saí correndo, obrigando meus pés a encontrarem sentido no chão, e meus pensamentos corriam em direção à todas as pessoas que eu deveria encontrar, com foco no meu parceiro -visto mais cedo com o sutiã e aspecto bêbado dando em cima de um menino louro. Eu sabia que, juntos, a gente poderia ter alguma utilidade para a situação. Não fazia ideia do quê, mas corri, a direção não importava muito.
Acordei no meu quarto, luzes apagadas e a sensação de que ele estava cheio de gente, gente preocupada comigo, como um leito de hospital. Meu coração palpitava furiosamente e eu estava com um medo irracional de encarar a janela e acabar enxergando alguma luz lá fora. Acordei meu companheiro e contei tudo. Centenas de vozes enchiam minha cabeça e diversas sensações passaram pelo meu corpo, e eu sabia que, seja lá o que fosse a multidão invisível em meu quarto, eles sentiam culpa. Soltei algumas risadas nervosas e fiz piadas dramáticas em voz alta, apenas para cortar um pouco do nervosismo e da tensão presente. Eu não estava brava, exatamente, só assustada e incapaz de olhar pela janela. Não queria que pensassem que eu preferia não ter passado por isso, ainda mais depois de tanto tempo pedindo para acabarem com o bloqueio que eu mesmo tinha colocado. Mas o medo, aiai, o medo é a barreira mais difícil de avançar, e mesmo com ganas de meter o pé na porta que leva ao abrir de mentes, o palpitar do coração me lembra que eu sou pequenininha, pequena demais. Ainda.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Repondo arestas na cabeça

Uma criança solitária, rodeada de pessoas que não sabem lê-la, nada mudou tanto.
"As pessoas mudam", me diziam, "mas o mundo não, o mundo é assim, menina", e eu simplesmente não conseguia acreditar, porque ao mínimo teste do pescoço e abrir de corações, mudou. Bem nova, a promessa: vou mudar? Vou. Mas sempre serei eu. Quantas vezes gestos considerados bobos salvaram vidas? Quantas vidas o sistema por si só não faria questão de serem salvas? Venci o sistema, eu venci. Mesmo presa, sufocada, sofrendo dores de toda uma alma, eu venci porque sei amar, não falo de amor romântico, falo de amor, reconhecer o próximo como um universo próprio, um universo lindo, como é bom conhecer gente.
Deixo um pedacinho de mim em cada um, com a distância é fácil notar, nunca somos esquecidos, mentem tanto para nós.
Uma criança solitária, cada vez mais velha, milhões de memórias enevoadas, momentos, foram tantos os momentos, pensei muito em desistir. Mas eu ainda estou aqui. E você? Você também, seguimos todos, a luta diária amaldiçoando a experiência com a ideia de pagar para viver, mas quem pagaria minhas lembranças?
Pessoas passaram, pessoas passam, roda moinho. Meus maiores ensinamentos vieram de moradores de rua, como não? Diante da proposta "ouço desabafos e é de graça", trabalhar na rua, melhor escritório, quantos aprendizados sobre a solidão, a minha não, a de quem fala sem ter quem ouça, mas eu ouvi. Ouvi porque me agrega, ouvi porque todos merecem ser ouvidos, por que não?
"Não ouça o que ele te diz", falei para aquela mulher, bolando o tabaco dado porque seria mais rápido para nós duas, "você merece ser feliz", e larguei a ocupação no mesmo dia, porque minha luta estava mais com ela do que com eles. Por que não? Se sempre foi assim.
Um dia gourmetizei meu projeto, levei pra academia, sempre fui discreta em relação ao que fazia, principalmente naquele ambiente hostil que nunca admitiria a importância do meu trabalho por não captar o lucro. Demorei dois anos para explanar para meus professores para quê vim ao mundo artístico acadêmico e qual meu objetivo, mas nada vai tirar a impagável surpresa do rosto deles, e meu senso de vitória ao fazê-los perceber que o que faço faço a muito tempo, e não preciso do aval deles para fazer. Chutei o balde, escrachei a ideia: Eu vim para ouvir quem nunca tem voz, mas vocês não vão entender porque não existe vitória alguma nisso, apenas compartilhamento de dores.
Meu trabalho é de cura, mas sem o papo de "ser de luz", eu trabalho pela sombra. É na sombra que a emoção acontece, o racional se dispersa e resta apenas o sentido, sentindo estar vivo, quantas vezes sentimos falta dessa sensação?
Uma criança solitária, sempre aprendendo. Mesmo acompanhada, só vou vivendo, porque dentro da cabeça tenho meu próprio universo, o resto é resto, e na minha guerra diária ninguém sabe nem metade, faz parte, me sobra muita saudade e a certeza de que nada -nada- foi em vão.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Abril é tempo de textos sem conclusão

Abril rodou, ô mundo, desafiando meu prumo, Abril chegou. Já fui garota de abril, parece que passaram anos, lembranças se confundem com sonhos e imagens tremeluzem na cabeça já falha. Parece que foi em outra vida, só que não foi.
Me pergunto se as coisas acontecem por acaso ou são premeditadas. Tendo a crer no choque das bolinhas de malabares, no trovão, na estrela cadente, nas impossibilidades que se tornam reais por chaveamento, todo dia mais um pouco. Será?

Eu não acredito em mortalidade.

Me fecho numa conchinha, me escondo, sou apenas minha, não quero sua aprovação. Quem busca a prova pros outros quer provar à si mesmo, não preciso, sei o que passo e vivo, e também o que se foi, pois foi comigo, eu tava lá. Agora eu tô aqui. 
Deve ser a crise dos vinte e cinco chegando, 1/4 de século, o ser-humano vive tão pouco...
todo tempo gastado
para tentar entender
observar e aprender
"por quê -diabos- estamos aqui?"
Bem ou mal,  nunca deixei de ser criança porque redescubro o mundo todo dia. Sempre existe uma parcela nova dele para observar (e o que tá no alto é o que tá em baixo, ainda bem, porque senão que chance nós teríamos?), às vezes tudo isso parece um jogo.

 

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Vento ventou

passei um tempo de más notícias, telefone tocava e lá vinha mais uma bomba, segurei. Hoje, só hoje, duas boas notícias daquelas bem boas, que deixam feliz, me provando que ainda existem.
Continua tudo certo, é só aquela pressa que angustia, querer dar às coisas o tempo que elas não tem. Tudo bem, faz parte, o equilíbrio é uma arte, eu chego nele também.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

sem nexo

Choro porque estou viva e enxergo
sinto porque não importa quantas vezes o mundo mostre sua maldade, não quero deixar de me surpreender
não entendo, só não entendo
podia estar tudo tão bem
aonde tá o meu lugar nisso tudo? Se nunca posso fazer o que quero por ter que pagar pela minha vida, direito meu, pagar pra quem?
Meus problemas são pequenos perto dos problemas do mundo, mas são meus, eu choro, eu sinto, tô viva, sou humana
e se já fui poeira estelar e agora estou aqui, pagar pra quem?

O que tanto falta?

Mundo farto, tem pra todos, divisão, empatia, mundo farto, natureza, quanta beleza, simpatia, mundo farto, é demais, tanto alimento, terra, dava pra ter paz, por que não? Vida gera vida, só observar, se no troco traz o ódio é melhor nem começar, quero me libertar, quero arrancar de mim o rancor, mundo farto, tem pra todos, bem ou mal, ódio ou amor, máscaras, mascarados, personagens, todos, eu e você, que tipo de personagem você QUER ser? Devaneio, como sempre, auto-crítica, reflexão, não sei pra onde caminho mas sei que não é em vão, a vida é mais fácil com olhos de futuro, ô mundo farto, por que tanta batalha pra aceitar que poderíamos ter paz?

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A gente fica mordido, não fica?

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

às pessoas que passaram e passarão, passaremos!

Tô no mundo pra conhecer os universos habitaveis, tenho um corpo pra lembrar onde começa o seu e onde termina o meu, e as vezes se mistura e quando é bom é bom demais.
Eu amo. Fazer o quê? Carência, pode até ser, mas não acho que é o caso, não mais, é mais um fato, sou feita de amor e transborda, fora disso tá errado (e as vezes até que tá), mas passa, o equilíbrio se encontra e eu chego nas mesmas respostas que sempre me recuso a ver. Eu sou cabeça dura, é coisa de bicho ruim, no bom sentido. Quanto aos sentidos, por eles me guio, o racional só pensa nisso, no que sinto e no porquê, minha auto-análise pra conhecer, sou um universo habitável também, um universo lindão. Se ama, ser-vivo.

Eu acho que tô bem

Todo dia mudo um pouco, sempre me perco, e entre trombos e reencontros de mim cato mais um pouco. A vida, se vai bem, não sei. Eu vou, é importante frizar para que nem mesmo eu esqueça. Estou pronta, mesmo sem saber o que isso significa. 
Tô com menos medo de ser eu, tô com menos medo do sentimento de ser sozinha independente de quantas pessoas eu tenha ao lado, eu tô sozinha mesmo, estamos todos, não tem realmente um problema nisso. Tá tudo bem, como eu constantemente tenho que me lembrar.
É um entendimento estranho pra alguém que tá sempre esperando a próxima bomba explodir na vida, eu sinto medo, mas tô na fase de lidar com os medos então, bom, pular do trampolim, vôo longo, queda bruta, tem coisas que não mudam, mas se a dor passa quem sou eu pra perder o vôo?

sábado, 20 de janeiro de 2018

Tô vivona (ou dia do alívio)

Aos poucos entendo, e dessa vez a culpa nem tanto acomete, tô aqui pra ser feliz, não a felicidade de quem fecha os olhos para todo o resto, mas a felicidade de quem sabe conviver bem consigo mesma. Lógico, ainda estou longe, mas me vejo num caminho, finalmente, depois de tempos de neblina, um lampejo. O futuro. Ver o mundo com olhos de futuro é bem mais fácil, mesmo quando não parece, porque o entendimento não tá no presente, no presente a gente sente o golpe, no futuro entende o por quê.
Tô aqui pra valer. A ansiedade, depois de incontáveis anos, começa a ser trabalhada, sem remédio, sem nada, apenas no me amar, com ela ou sem, aprender a lidar. Ainda durmo mal (quando consigo dormir), ainda sinto dor na lombar (mas alongamentos tão adiantando, não 100% mas tão), ainda tenho energia acumulada nos olhos (sei lá como vou lidar com essa bosta), ou seja, meus problemas físicos continuam aqui desde a mudança, meus problemas de cabecinha também, mas aqui eu me importo, aqui eu não desisti.
Eu ainda não sei definir o que mudou tanto, porque tô com olhos de presente, mas sei que foi bom como eu inacreditavelmente sabia que seria, e tô desacostumada em acertar assim, ainda mais sem argumentos. Mas foi bom, tem sido bom, mesmo com muito mais perrengue. Parece que eu tô mais fixada em mim, lembro mais o que sou e pra quê eu vim, me importo menos com que geral tá pensando.
Quando cheguei nessa casa, o fundo do quintal era só areia e um coqueiro. Na primeira semana brotou uma plantinha que eu não reconheci. Cresceu entre o concreto e a areia, bem louca, até que as formigas vieram e arrancaram todas as folhas dela, deixando só o caule. Ela sobreviveu, ficou um tempo meio debilitada mas sobreviveu. E foi crescendo, foi crescendo, brotou semana passada e era dente de leão, minha flor preferida (e o buquê mais difícil de dar pra alguém). A mensagem tá aí, a resposta que já pedi e recebi mil vezes e sempre volto a esquecer, sei lá o porquê.

É a mensagem!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

De última hora, uma mensagem, o ano começou!

Por Quem Os Sinos Dobram
Raul Seixas


Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida e que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado, é...
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais.