terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O mundo pertence ao futuro, não ao passado (devaneios)

Antes de começar esse texto quero lembrar que nada aqui é verdade absoluta, é só um bando de pensamento das coisas que eu acredito no momento.

De nada me importa que sua vontade seja manter a imagem de um passado morto e violento. De nada me interessa se sua opinião é meritocrata e a miséria só existe para quem não se esforçou o suficiente. Se pensa "o mundo anda chato demais", concordo contigo, mas provavelmente por motivos diferentes. O mundo não está chato demais porque mulheres resolveram parar de se depilar e performar uma feminilidade artificial, ou porque tem um casal do mesmo gênero casando e garantindo direitos, ou porque dói encarar a criança racista escondida dentro de nós (brancos), ou porque VOCÊ passou a saber que transexuais e travestis existem, tudo isso é o mínimo do mínimo pra alcançarmos uma sociedade realmente evoluida. 
O mundo tá chato exatamente por gente que quer viver no passado, onde as relações de poder e dominância seguem como se fossem a norma, como se não fosse possível o mundo ser um lugar melhor pra todo mundo, como se realmente a gente nascesse para produzir lucros para alguém, ser subserviente, ter uma família de comercial de margarina, comprar um monte de inutilidade pra se sentir melhor que os vizinhos, comer veneno, cagar em água limpa, odiar tudo aquilo que não parece com a gente (ou até que parece), olhar no espelho e se sentir evoluído.
Vejo uma crescente busca pela espiritualidade no Brasil, de diversas fontes diferentes e, com todo o respeito aos ateus e atéias, eu até vejo isso como algo positivo, desde que respeitando o estado laico e a diversidade religiosa, porque o bonito não é ver UMA religião crescendo, é ver o ser humano pensando em algo que não seja só físico, mas também energético e imaterial, isso não precisa ligar a uma religião, mas quando liga é uma expressão cultural bonita também.
Só que uma fé não pode ser alívio consciencial. É a ideia que eu sempre bato na tecla, a da hierarquia espiritual que é vendida hoje, adianta algo ter algum tipo de religião e não fazer nada pra diminuir a desigualdade que existe por aí? Adianta de alguma coisa dizer que "somos todos irmãos, somos todos iguais" e querer liberar armas para eliminarmos IRMÃOS? Vejo gente que é contra a galera ter comida, ter terra, gente, que é isso? É um planeta farto, nós somos IGUAIS mas tem gente comendo lixo pra sobreviver e gente herdando patrimônios gigantes. Nós somos iguais?
Ninguém aqui tem uma fórmula de "mundo perfeito" ou "a revolução começa hoje". Eu não sei traçar o caminho que vai nos tirar dessa ideia de destruir o planeta e a igualdade em troca de lucro e mão de obra, e eu nem preciso saber, porque a resposta tem que ser conjunta, mas é essencial que a gente pense em saídas para isso sem que qualquer papo a respeito vire "COMUNISTA!!! ~insira aqui um monte de desinformação inclusive sobre comunismo~". 
Eu sempre falo isso, a gente tem que aprender a debater. A gente tem que aprender a reconhecer padrões, questionar, ouvir e falar sem entrar na defensiva. Tudo isso se tornará mais difícil ainda com a precarização do ensino e o ódio a qualquer aparente senso-crítico, mas seguimos, primeiro porque não temos escolha, segundo porque é o natural.

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