terça-feira, 28 de maio de 2019

Esqueci de lembrar de pensar que todo penso é torto

Quero falar, quero expressar, mas cansei de jogar palavras ao léu, direciono, aqui falo para mim, certa ou errada, isso é minha conversa com o eu-futuro, não cabe a mais ninguém pois quem pagará o pato sou eu. Aqui é o espaço para teorias não-validadas, reflexões inexatas, um mundo particular. Peça licença.
Me policio para não falar besteira e, francamente, já li meus dez anos de blog, quantas besteiras não falei? Precisei falar, o silenciamento nunca é caminho, como desvalidar honestamente um pensamento se eu nem me permito tê-lo? Sou esforçada, tendo tirar o mundo do meu umbigo, mas não posso ignorar que é a minha perspectiva que está aqui em jogo, e ignorância é meu segundo nome, nenhum orgulho nisso, apenas fatos. São muitas vidas para mudar um fato que talvez nunca possa ser mudado, eu sou uma ignorante. Conheci a história pelos olhos dos livros, reconheci a história pelos olhos dos relatos, da vivência, ainda assim é pouco, eu cansei de sentir dor por esse fato, cresci achando que eu seria essencial para a evolução humana e descobri tarde que isso é uma grande besteira, digo, quem sou eu? Lógico que tenho uma influencia e um alcance, tenho voz entre aqueles que me amam, com eles falo, debato, discordo, mas meu alcance é limitado, maior do que de muita gente, mas limitado. Por isso o individual é importante, mas não funciona sozinho, somos coletivo. Coletivo em um mundo que ensina a competição, está errado desde o começo.
Eu não estou aqui para ensinar nada para ninguém. Mas eu vou me expressar, vou dizer o que eu penso e vou me reconhecer a cada dia, doa a quem doer, eu vou ser eu, irmãzinhas e irmãozinhos, espero que isso, um dia, seja capaz de causar algum estrago. Dos bons.

sábado, 25 de maio de 2019

estradas

De certa forma, eu não ligo para o que as pessoas pensam. Não ligo se concordam com minhas decisões ou reprovam minhas atitudes, digo, estou sempre ao lado da auto-crítica e ela, como o nome já diz, deve vir de mim, então relevo. Relevo os olhares decepcionados e suspiros de desagrado, relevo a falta de confiança alheia e a certeza externa de que eu já deveria estar além, mas eu tô, além do que se vê.

Júpiter, mané

Abri os olhos com navalha, às vezes é preciso, doeu mas foi bom. Menosprezei questões, me conformei, lógico que estava infeliz, dormia e dormia mal. Mas acho que agora encontrei, o futuro vai dizer, mas me sinto até animada, positivamente ansiosa, espero que as coisas deem certo. Tô há tempos tentando encontrar um caminho, conciliação, acho que, depois de muito cultivar, alguma força começa a brotar, é coragem o que tô sentindo?

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O dia do fim

Escrevo, como sempre, porque me liberta.
Eu sabia, porque as runas me dizem, e também me disseram lá atrás, as vezes prefiro ignorar, tapas na cara doem, mas da última eu já sabia, aquilo que evitei a dois anos atrás não seria evitável para sempre.
Que bom que não o é. Eu estou morrendo de medo, zero perspectivas com o futuro, mas que bom. Melhor uma verdade dolorida do que uma ilusão confortável.
Só que eu já tô tão cansada do mundo, tão destruída, que perdi uma das poucas coisas que me trazia alguma felicidade e conforto, mas isso é culpa minha, não posso colocar minha felicidade em alguém, essa lição eu já tive muita chance para aprender, as pessoas vão emboras e, mesmo junta, eu estou só. 
Eu quero que as pessoas sejam felizes, se não é do meu lado é melhor mesmo que se vá, eu só não tinha certeza que esse momento sempre chegava, não sei, talvez por meus pais estarem juntos até hoje?
Acho que o que mais dói é não saber o que vai ser do futuro, eu estava caminhando em relação à minha fobia social, e era muito ajudada nisso, agora sinto que estou sendo chutada de volta para o mundo, para o mercado de trabalho, para longe da minha ideia de vida isolada num campo (que era o que eu estava atrás). Eu sei que muitas possibilidades se abrem também, eu poderia dar uma viajada com meus cachorros, por exemplo, algo que sempre quis fazer (caronar sozinha), mas não acho que eu esteja pronta, não ainda. E, também, sinto que eu faria isso e não construiria nada, eu tenho certas obsessões com "construir", meu futuro já é largado o suficiente para eu adiar mais ainda uma independência financeira mais estável, e eu gostaria de construí-la à partir dos meus desenhos e dos meus textos, o que por si só já não é coisa fácil nesse Brasilzão.  
Eu estou triste, eu tô com medo, tô me sentindo abandonada, mas eu escolhi esse ano que eu não daria brecha pra voz nenhuma falando merda na minha cabeça, então eu tô evitando ao máximo qualquer pensamento destrutivo e focando no que eu sou e no que eu não sou.
Entendo que eu vou sofrer, mas entendo também que não vou perder meu tempo sofrendo absurdamente, espero de verdade ter passado da fase de ficar implorando migalha de amor, então vou respeitar as decisões tomadas e seguir a minha vida.  Como? Sei lá, acho que vou começar aceitando o generosíssimo oferecimento da minha amada mãe e ir passar umas duas semanas em Curitiba, vou tentar conciliar com a ida do Rô pra lá também que tô numa saudade danada dele, vou ver meus amigos, vou abraçar meu irmão e agradecer por ele ser uma das coisas mais fixas da minha vida, vou abraçar minha família e agradecer por eles, vou dar um beijão da testa do Kinhus e do resto da galera tudo, vou encher a minha cara em uma noite, vomitar uns quatro anos e fazer o que eu sempre faço (quando a vida obriga, risos nervosos), que é me movimentar.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Um bilhete de amor

Aiai, o que seria de mim sem eu mesma, não é? Sempre ali, me segurando quando eu caio, sabendo bem que, se não eu, quem? :')

gotas

Chega de perguntas, para mim deu, sem esperar nada da vida posso começar a ser eu, tô cansada, cansada de improvisar, pagar pra viver, enriquecer terceiros, esse mundo me cansa, o mundo não tá aqui para me servir, fato, eu tô aqui para servir o mundo inteiro? Fui vitoriosa, garanti chegar até aqui sem filhos, pura sorte no útero do estado mas sempre foi meu objetivo, era minha maior preocupação, como levar a vida que eu quero levar com alguém dependendo de alguma boa decisão? Tive medo, ainda tenho, meu maior obstáculo, mas tamo aí, sigo viva, pronta pro próximo ato, seja qual for, não espero nada bom, sem diploma, sem emprego e, por isso, não peço perdão, digo, eu sei o quanto tentei e quase fico louco mas, pelo visto, o suficiente foi por pouco, por mim tudo bem, o foda é o peso terceiro, eu não me importo com o futuro desde que eu viva primeiro, não me importo com aquilo que possa me acontecer porque o meu grande medo é morrer sem viver, esperar um mundo justo, esperar algum respeito, não dá mais, eu cansei, vou caminhar de qualquer jeito, vou passar qualquer barreira, mesmo que eu mesma a ponha, eu tô viva mas vivendo só à base de _______. Não aguento mais pensar, buscar um futuro seguro, como se fosse escolha minha sendo que vim com um útero mas, ó, não se trata só disso, não é útero que define, é a certeza de que pra viver preciso de permissão de quem não vive, das máquinas velhas brancas psicopatas do poder, aquelas que odeiam liberdade e o que ela pode trazer, existe todo um boicote, eu sozinha não sou forte, mas eu nunca tô sozinha mesmo só até a morte, então sigo, recolho todos meus amigos, levo no peito a saudade e a certeza de que consigo, sigo em frente, só isso que eu sei fazer, não consigo pensar no futuro se o presente não me deixar SER, eu poderia mudar, seria até recomendado, ficar sempre caladinha e arranjar algum trabalho, fazer parte da estrutura, ser útil pro meu país que diz que só com dinheiro no bolso tenho capacidade de ser feliz mas, e o que eu quero mas, e o que eu busco, poder andar por aí sem morrer só por um susto, por ser uma ameaça, por viver como eu desejo, poder estar na natureza sem nenhum humano perto e se tiver tudo bem, que esse tenha oportunidade de poder viver uma vida com alguma dignidade, acho que só isso que queremos, para quem sente isso importa, não me interessa ser feliz se só pra mim abre essa porta, tentação fechar os olhos, obrigada, mas não, só sou feliz se um mundo inteiro estiver nessa condição. Diria que se trata disso, poder ver por mim, sentir por mim, viver por mim, podem falar que meu problema é só não querer trabalhar mas a verdade é que eu não aguento ter que, pra viver, pagar, nunca assinei esse contrato e já aprendi que não deveria ser assim, é capitalismo, cru e nu, não é o pai dos problemas mas se aproveita deles no fim e faz lucro, lucro na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, casamento com padre mas sem um "sim", só a sentença, abusivo, não me deixa pôr um fim e eu, coitada, não sou nada, nada perto da estrutura, seria como comparar um elefante com uma pulga, mas ok, também sei do meu valor, sei que consigo causar um estrago se não me apegar em não me expôr, se tiver uma vida honesta no sentido de sentir, não abaixar a cabeça praquilo que já não me convir, buscar minha felicidade também é ato de fé, se eu tiver feliz consigo escrachar alguns manés, tô cansada de ter medo, viver só para não morrer, se a morte vem de qualquer forma nem sempre é privilégio envelhecer mas bem que eu queria, mesmo que sem dignidade, se enquanto estiver viva enfim deixar de ser covarde. Pago o preço, seja ele qual for, viver na sarjeta ou viver sem amor, que seja, se for para me movimentar, não sou moinho de vento pra rodar sempre no mesmo lugar.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Suba

O futuro é incerto, cheio de palavras não-ditas, casca de feridas e roupa pra lavar.
O futuro é sem-jeito, sem amor ou respeito, a sombra de algo que foi.
Demorar para quê? Se uma hora acontece o caminho inevitável de cada um para cada estrada e eu sem saber pra onde ir. Já me sinto acostumada, depois que cresce me põe de lado, "obrigado pela jornada, mas não vejo utilidade mais", e se vai, como quem nunca esteve, não de verdade, de novo e de novo.
Peco sempre no mesmo ponto, o de achar que é encontro, de almas, de gostos, sensibilidade, mas vai tarde, meus sonhos ficam de escanteio enquanto busca seu futuro e eu espero, espero a migalha, espero a chance, espero a casa se limpar sozinha, nunca acontece.
Não é que o finito não valha de nada, não se trata disso, mas existe todo um abismo entre aquilo que valeu e o tempo que perdi. 

no divã que eu tenho

Eu me amo porque sobrevivi às merdas que vivi, e eu me odeio por me permitir ter entrado nelas. Eu me amo porque tô ligada da minha força, e me odeio por precisar vez ou outra que outros confirmem. Eu me amo porque nasci sabendo que morreria, sozinha vim e sozinha voltarei, e me odeio por não saber que história vou deixar para trás. Eu me amo por ter aprendido com as merdas que já fiz aos outros e me odeio por ter magoado outros para aprender. Eu me amo por ter aprendido que não foi culpa minha e me odeio por nem sempre lembrar disso. Me amo pelos traumas superados e odeio pelos que não foram.
É incômodo ter que me lembrar eventualmente da minha importância e entender que a solidão sempre vai estar presente, mesmo acompanhada. É chato sentir que eu merecia mais e mais chato ainda é ter a ciência de que o mundo não tá aqui para agradar. É horrível sentir que tenho que viver buscando minha felicidade enquanto, em realidade, eu deveria estar trás de dinheiro. É uma merda me sentir devedora, pagando para viver em um mundo em que nem escolhi nascer (e que dá as coisas de graça). Odeio bater de frente com a minha própria ignorância e com o tanto de coisas que eu não sei. Odeio a ilusão de estar caminhando junto. Nunca estamos juntos. Somos sozinhos, egoístas e sozinhos, e me desdobrar em mil pela felicidade alheia não fará ninguém fazer o mesmo por mim, e tudo bem. Viver no equilíbrio, buscando uma "perfeição" que nem me cabe e de certa forma nem exatamente me atrai, mas busco, controlo a mente sabendo que qualquer oposição me joga no balaio de histérica, tendo por histérica qualquer mulher com sentimentos próprios, válidos, mas a máscara cabe, porque aprendi a vestir, a opinião alheia, principalmente masculina, também formou tudo que eu sou, até eu me rebelar e decidir que eu formo o que eu sou. "Você tem que se impôr mais", certa vez me disseram, "ei, peraí, comigo não!", e ninguém se responsabiliza pelo monstro quando ele sai, mesmo que tenham insistido para isso, mais fácil jogar o corpo fora do que se responsabilizar.
Entendo que não sou uma pessoa fácil. Entendo que ninguém tem o direito de me dizer isso, porque também ninguém o é. Não tem um desgraçado nesse planeta que pode ter a pachorra de olhar nos meus olhos e se auto-intitular uma pessoa fácil.
Tento aprender com meus erros, sabendo que eu tenho uma limitação grande de entendimento baseada no meu contexto de vida, me amo e me odeio por isso também. Só que eu tô cansada de me odiar, é egoísmo querer apenas se amar? É egoísmo querer conviver apenas com aqueles que me amam por aquilo que eu sou? Que valorizam o que eu sou? Não estou sendo irônica, a pergunta é sincera, volta e meia me convenço (bom ou não, sei lá, deixa pra terapia) de que felicidade é algo meio egoísta. Ao mesmo tempo que escrevo meu eu mais sábio já me diz que isso é ridículo, mas não posso fingir que minha mente não lide com coisas assim constantemente: ser feliz é egoísmo? Querer se amar é egoísmo? Ser sincera com o que eu sinto, mesmo que não agrade os outros, isso é ser egoísta?
Eu sou um personagem, ou vários, eu sou aquilo que eu escolher em soma com aquilo que eu conseguir, eu sou um fenômeno, como toda forma de vida é, mesmo não me sentindo lá muito viva, mas quanta gente também não tá aí se agarrando à vida por sabe-se lá o quê? Eu inventei a história que eu quero acreditar, eu não acredito nela, eu quis acreditar, repare a diferença, porque eu sou como eu consigo, não só como eu quero, por que não consigo me perdoar por isso? Por que sempre que sou diferente do esperado pelos outros me sinto culpabilizada? Por que eu me importo com isso?
Analisando meu passado, sempre fui meio 8 ou 80 nesse quesito, ou eu me importo com o que as pessoas que eu amo pensam ou eu simplesmente deixo de amar elas, nenhum desses caminhos é o que eu quero, mas sempre que eu busco um amor (de qualquer tipo) distante a solidão bate. Só que quando eu me apego, bom, me influencia e eu perco um pouco de mim. Só que talvez também se trate um pouco disso, difícil dizer, é que, sei lá, respirar é arriscar, né? Será que amor continua sendo roleta-russa (uma das frases prontas da minha adolescência)? Precisa ser uma relação que sempre traz algum tipo de dor ou a gente que aprendeu tudo errado (ou os dois)? Sempre mais perguntas, nunca respostas, essa merda é um desafio mesmo. Viver, no caso, isso tudo, um puta desafio, como as pessoas conseguem fingir que sabem o que estão fazendo?
(terapia, será?)

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Ambição

Já tive vontade de ganhar muito dinheiro, rios de dinheiro, mesmo sem uma vida de conforto no imaginário, só pra mostrar que eu posso, que se eu quiser eu consigo, porque muita gente na minha bolha acha que dinheiro tem a ver com sucesso e eu, besta iludida, por um tempo acreditei.
Minha mãe sempre me disse que liberdade tem a ver com se bancar, eu concordo, não dá pra se julgar livre e desconstruidão sem pagar as próprias contas, mas não é isso que o pessoal considera sucesso não, não se trata de garantir o meu, se trata de viver no luxo, mas eu preciso? Não preciso.
O máximo de luxo que eu penso ou almejo para minha vida é minha terra, documentadinha para não ter erro, meu espaço, bom o suficiente para uma agrofloresta que de jeito nenhum seria só minha, não tão grande quanto terreno para gado, não preciso de muito, preciso de algo meu. Luxo? Dinheiro para construir minha casa com minhas próprias mãos, sim, lógico, adoraria, de verdade, mas se morrer sem puder alcançar por mim tudo bem, também, faz parte, quanta gente morre sem tem onde morrer? Ainda assim, nada a ver com sucesso.
Eu gostaria que parassem de tentar escrever minha vida, digo, lógico que se preocupam, também me preocupo, mas eu sei que não preciso de muito e eu sei que, sendo preciso, sempre existe uma vaga de telemarketing para se preencher. Não é o que eu quero? Não, não é o que eu quero, enriquecer outro, garantir a terra de quem já tem muita terra, mas eu consigo pagar contas, isso é sucesso? Garantir um diploma sabendo que o que eu realmente quero fazer não existe faculdade que oferte? Perder anos da minha vida me mantendo minimamente para garantir que um dia, aaah, um dia eu vou poder fazer o que eu quero? Ou eu posso fazer hoje e aproveitar que eu já vou morrer sem aposentadoria, mesmo... felicidade é teto, água limpa e comida no prato, sucesso eu não sei o que é, acho que sucesso é morrer tendo orgulho de como viveu, seguindo pelo caminho que escolheu (seja lá qual for).

sábado, 11 de maio de 2019

Fodace o artista

Sou eu que faço arte ou a arte que me faz? 
Vou me propôr a falar de arte, mesmo que eu não entenda, não levem a sério minhas reflexões, se tudo correr bem nada vai fazer sentido.
A arte como profissão ou a arte como obrigação (no sentido de não se ter escolha), tanto faz, quem sente que tem que manifestar não pode escolher o caminho inverso, se fizer explode, confusão pra todo lado, cenas feias.
Eu já tentei gourmetizar, saber do que eu falo, do que escrevo, do que pinto, conceitualizar, "dê a eles o que eles querem", se trata quase do oposto, fingir agradar antes do soco na cara, POW!
Se eu posso falar, para quê pinto? Para quê escrevo? Uso as ferramentas da expressão, do sentimento de andar descalça de madrugada nas ruas sujíssimas do centro da cidade, e daí? Não falo para ti, é essa a graça. Na arte eu só falo, um grito para ouvidos surdos (episódio de Naruto), consciente (nem sempre) e operante, não preciso do reconhecimento.
A arte como profissão. Preciso me alimentar. Sobreviver. Independência financeira. e isso significar pintar o belo e agradável, fazer o quê? Mas e o nojo? Não dá para mim, não que eu nunca tenha feito, aberto um sorriso e pegado o dinheiro mesmo com o coração palpitanto (de dar palpite) que "não, não", "não, não", mas sou eu? Não sou. E se tirar eu mesma de minhas obras vai restar apenas o dinheiro e o sorriso falso. Chamo minha arte de arte, mesmo que discordem, chamo minhas obras de obras, mesmo que nem sejam, mas são sinceras e por isso eu faço. Ali tem minhas vergonhas, arrependimentos, medos, tudo que eu escondo no fundo do buraco e eu rapo, boto pra fora, me exponho, me exponho porque fodace o artista, foda-se se vão pensar A ou B, ou pensar que eu nem deveria fazer aquilo, ou pensar que é tudo uma merda, e daí? Sigo aqui, eu sempre passo e, garanto, depois da morte continuo, talvez não nesse blog, mas ainda aqui, eu, minha arte, minhas ideias.
Passo a ideia de introvertida, até que sou, tem todo um mundo dentro de mim, meu mundinho particular, nele ninguém ninguém entra. Mas eu também me abro, e muito, só que eu também tenho meu palhaço e deixo com ele a decisão de como, meu palhaço sabe bem quando falar exatamente aquilo que vai atiçar seu julgamento, não sou trouxa, gosto de ver com meus olhos, por isso, na condição de artista, quero ficar famosa antes de morrer. Vou amar escrachar as hipocrisias com cores coloridas e desenhos fofos, textos inacabados ou indecifráveis, malabares para todos os lados e um palhaço bem triste, bem puto, pela primeira vez dando muita risada.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Chorinho de leve

Me afastei de diversas pessoas, não falo do afastamento por distância, falo do emocional, a minha saída de Matinhos me ensinou algumas lições e, com isso, manter próximidade já não fazia sentido.
No último ano da cidade, todo dia chegava alguém lá em casa. Alguns pra jogar, outros para passar o tempo, enfim, eu não tenho problema com isso porque eu gosto de receber gente em casa, perceba que eu disse "gosto", que é bem diferente de ser obrigada.
Mas com o tempo fui percebendo algumas coisas em pessoas específicas. Tinha gente que só ia lá em casa pra desabafar (na época, me sentia honrada da pessoa confiar em mim. Com o futuro, percebi que só estava sendo usada), que sempre tava muito feliz comigo enquanto eu estava concordando (mas debochava pelas costas quando eu discordava), teve gente que se afastou de mim e depois vejo ME COBRAR PRA TERCEIROS porque eu me afastei também, enfim, vi de tudo e fui ingênua demais para não me proteger na época.
Não me entendam mal, fiz MUITAS amizades verdadeiras lá, várias vezes fui ajudada e ajudei, sem cobrança, sem obrigação, só porque estávamos todos à vontade com aquilo, eu gosto disso, gosto quando é assim. 
Mas tive companhias que se achavam assim muito sabidas, muito vividas, dispostas inclusive a apagar qualquer vivência alheia para enfiar no lugar a ideia do que a pessoa pensa que eu sou ou vivi. Me encaixaram em uma caixinha e ficaram ofendidos quando não representei, olha só, curioso caso dos desconstruídos mas não tanto. Não fui a única a passar por isso lá, nem de longe.
Vocês me perdoem ficar fazendo mil reclamações e desabafos aqui mas, se veio no meu blog esperando algo diferente disso, local errado.
Ainda sinto raiva. Gosto de fingir que não, mas sinto, quer dizer, eu não quero que ninguém se foda na vida nem perco meu tempo desejando mal aos outros, tenho noção que muito do que eu passei não foi uma maldade proposital de todas as pessoas, só de algumas e, mesmo essas, não torço pela derrota, torço pela distância.
E aí volto no começo disso, me afastar me fez muito bem. Eu sigo me desconstruindo, sigo tentando aprender cada vez mais de realidades que não sejam a minha, mas eu não devo a ninguém a resposta sobre como sou e o que eu penso. Esperaram meu deslize, esperaram minha queda, como não veio (porque eu não sou nenhum tipo de monstro, afinal), inventaram, criaram um contexto que não existia, um enredo que não bate e uma Lua que não sou eu, até hoje, é isso que mais me incomoda. Por que eu deixei?
Muitas vezes preferi o silêncio mesmo percebendo o que estava acontecendo, isso porque parte de mim dizia que "deixem pensar, sou mais que isso", mas não realmente acreditava e, surpresa, eu era mesmo.
Fui pra Matinhos achando que, saindo de Curitiba, seria mais entendida. Me enganei, como sempre me engano, passei por coisas lá que em dez anos em cwb, com todos seus inúmeros defeitos, não tinha passado. Sei lá, eu, dentro da minha vivência, descobri que xenofobia é mais difícil ainda de lidar quando é sutil, acho que isso pode ser aplicado para diversos preconceitos, mas vou me manter naquele que, infelizmente, vivi. 
Hoje eu acordei com meu celular apitando, me avisando que uma menina que foi minha melhor amiga por anos e depois descobri que sempre me odiou entrou para o telegram. Eu não tenho mais contato com ela, mas tinha seu número salvo porque mandei parabénsno ano passado e, tcharan, foi aí que eu descobri que o que parecia ser uma amizade de mais de catorze anos só existia na minha cabeça. Lógico, os sinais sempre estiveram ali, mas tenho uma tendência bem ruim de sempre achar justificativa para as pessoas quando elas fazem merda (aquilo de perdoar sem nem terem me pedido desculpas). Aquilo me abalou. Sei lá, é uma merda achar que uma pessoa gosta de você e descobrir que ela não gosta porque, afinal, seu sotaque é arrogante, seu jeito é muito expansivo, você fala muito alto e isso incomoda as pessoas de sangue azul, ah, vá pra merda. 
Só que isso, em escala ainda mais sutil, se possível, aconteceu em Matinhos, mesmo com meu sotaque muito mais discreto, minha fala muito mais baixa e meu jeito hoje (nem imagino o pq...) mais calmo e quase lerdo. E, da mesma forma, diziam não conseguir me ler, não conseguir me entender, mas vai entender o quê?
Para não terminar sem catarse, falemos de Bárbara. Bárbara não era intima minha, mas a gente se dava bem e eu tenho um forte carinho por ela. Um dia conversávamos, eu, ela, Thaís (outra pessoa maravilhosa demais), Matheus, Pinduca, nem lembro bem sobre o quê, sei que uma hora Bárbara se virou para mim e me perguntou "de onde você é?", eu respondi "Aracaju" e ela: Agora eu entendi tudo.
Meus olhos se enxeram de lágrimas, recebi o abraço mais gostoso que já ganhei na vida, é como eu disse, eu nem sei o que tanto ela entendeu, só sei que ela entendeu. Em 14 anos no Paraná, pela primeira (e única) vez, me senti entendida. De verdade. Eu tava escrevendo esse texto de boa e agora meus olhos se enchem de lágrimas de novo, de tão forte que foi aquilo para mim. As vezes quero dizer para ela o quando o que ela disse foi importante, mas acho que não preciso, vou guardar para sempre. Acho que era tudo que eu queria, entendimento em vez de julgamento. A mesma coisa que eu busco fazer mesmo com as pessoas que me fizeram mal, porque os que diziam "me amar" não podiam ter comigo? Afeto?

domingo, 5 de maio de 2019

Um post sobre sexo ou a falta dele

Ao meu ver, fluido. Tive vários momentos, mas padrões parecidos, primeiro: nunca criei tabu sobre o assunto, fiz quando quis, a hora que quis. Só que raramente quero, digo, fui uma das últimas da turma a perder a virgindade e isso não me incomodava. Analisando os namoros passados, 70% das vezes que eu transava era mais por uma vontade deles do que minha (um dos namoros tinha inclusive problemas com chantagens emocionais), quanto as e aos peguetes, rolava sexo, mas era pontual, vez ou outra, não é como se eu não tivesse vontade, saca? Só que era sempre menos vontade. 
Nada nesse desabafo busca algum juízo de valor, definir certos e errados, sexo é fluido, tendo tesão e consentimento tá tudo ok, eu só queria me sentir menos bicho estranho. Muitas vezes as pessoas se ofendem ou se sentem inseguras, eu digo muitas mas foram raras as vezes em que isso não aconteceu, eu entendo, dá um certo baque na auto-estima até a pessoa entender que eu sou assim mesmo, mas e eu comigo mesma nisso tudo? 
Em relacionamento com homens, a primeira coisa que eu faço é ensinar (sim, ensinar mesmo, como uma novidade) que não é porque estamos em um relacionamento que teremos sexo todo dia. Que eles até podiam ter tido isso em outros relacionamentos, tudo bem, mas que comigo não seria assim, só faço quando tenho vontade (como deve ser) e não tenho vontade sempre. Que se é o que eles buscam se relacionando comigo, péssima ideia. Acho ainda mais difícil ter esse papo com mulheres, com homens eles sempre jogavam a culpa em mim, com mulheres vi uma tendência a achar que a culpa era delas. Só que não tinha culpa nenhuma envolvida.
Eu não tenho esses pensamentos preparados desde sempre, demorei muito tempo para entender que eu não tinha que achar o que estava errado, eu tinha que entender que nada estava errado, mas nem sempre rola. Se dentro do meio desconstruidão eu já ouvi que "só não achei a pessoa certa", tipo, oi? Pessoa certa para mim é quem me respeita como sou, que não tente me mudar para que caiba nas suas expectativas, isso é muito, mas muuuuito mais difícil de achar do que sexo.
E velho, é isso, eu sei que é um negócio meu, que a maioria das pessoas encara e sente de outra forma, por mim tá tudo bem, sexo é um negócio lindo, não me diria moralista nem de longe, transem mesmo, até eu adoro quando rola uma sintonia legal e o negócio acontece bonitinho, mas eu só gosto quando é assim, não quando é uma obrigação, um contrato subentendido, um acordo social inquestionável, aí não, aí não contem comigo, prefiro jogar meus joguinhos e fazer testes no buzzfeed.