quinta-feira, 23 de maio de 2019

O dia do fim

Escrevo, como sempre, porque me liberta.
Eu sabia, porque as runas me dizem, e também me disseram lá atrás, as vezes prefiro ignorar, tapas na cara doem, mas da última eu já sabia, aquilo que evitei a dois anos atrás não seria evitável para sempre.
Que bom que não o é. Eu estou morrendo de medo, zero perspectivas com o futuro, mas que bom. Melhor uma verdade dolorida do que uma ilusão confortável.
Só que eu já tô tão cansada do mundo, tão destruída, que perdi uma das poucas coisas que me trazia alguma felicidade e conforto, mas isso é culpa minha, não posso colocar minha felicidade em alguém, essa lição eu já tive muita chance para aprender, as pessoas vão emboras e, mesmo junta, eu estou só. 
Eu quero que as pessoas sejam felizes, se não é do meu lado é melhor mesmo que se vá, eu só não tinha certeza que esse momento sempre chegava, não sei, talvez por meus pais estarem juntos até hoje?
Acho que o que mais dói é não saber o que vai ser do futuro, eu estava caminhando em relação à minha fobia social, e era muito ajudada nisso, agora sinto que estou sendo chutada de volta para o mundo, para o mercado de trabalho, para longe da minha ideia de vida isolada num campo (que era o que eu estava atrás). Eu sei que muitas possibilidades se abrem também, eu poderia dar uma viajada com meus cachorros, por exemplo, algo que sempre quis fazer (caronar sozinha), mas não acho que eu esteja pronta, não ainda. E, também, sinto que eu faria isso e não construiria nada, eu tenho certas obsessões com "construir", meu futuro já é largado o suficiente para eu adiar mais ainda uma independência financeira mais estável, e eu gostaria de construí-la à partir dos meus desenhos e dos meus textos, o que por si só já não é coisa fácil nesse Brasilzão.  
Eu estou triste, eu tô com medo, tô me sentindo abandonada, mas eu escolhi esse ano que eu não daria brecha pra voz nenhuma falando merda na minha cabeça, então eu tô evitando ao máximo qualquer pensamento destrutivo e focando no que eu sou e no que eu não sou.
Entendo que eu vou sofrer, mas entendo também que não vou perder meu tempo sofrendo absurdamente, espero de verdade ter passado da fase de ficar implorando migalha de amor, então vou respeitar as decisões tomadas e seguir a minha vida.  Como? Sei lá, acho que vou começar aceitando o generosíssimo oferecimento da minha amada mãe e ir passar umas duas semanas em Curitiba, vou tentar conciliar com a ida do Rô pra lá também que tô numa saudade danada dele, vou ver meus amigos, vou abraçar meu irmão e agradecer por ele ser uma das coisas mais fixas da minha vida, vou abraçar minha família e agradecer por eles, vou dar um beijão da testa do Kinhus e do resto da galera tudo, vou encher a minha cara em uma noite, vomitar uns quatro anos e fazer o que eu sempre faço (quando a vida obriga, risos nervosos), que é me movimentar.

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