sábado, 11 de maio de 2019

Fodace o artista

Sou eu que faço arte ou a arte que me faz? 
Vou me propôr a falar de arte, mesmo que eu não entenda, não levem a sério minhas reflexões, se tudo correr bem nada vai fazer sentido.
A arte como profissão ou a arte como obrigação (no sentido de não se ter escolha), tanto faz, quem sente que tem que manifestar não pode escolher o caminho inverso, se fizer explode, confusão pra todo lado, cenas feias.
Eu já tentei gourmetizar, saber do que eu falo, do que escrevo, do que pinto, conceitualizar, "dê a eles o que eles querem", se trata quase do oposto, fingir agradar antes do soco na cara, POW!
Se eu posso falar, para quê pinto? Para quê escrevo? Uso as ferramentas da expressão, do sentimento de andar descalça de madrugada nas ruas sujíssimas do centro da cidade, e daí? Não falo para ti, é essa a graça. Na arte eu só falo, um grito para ouvidos surdos (episódio de Naruto), consciente (nem sempre) e operante, não preciso do reconhecimento.
A arte como profissão. Preciso me alimentar. Sobreviver. Independência financeira. e isso significar pintar o belo e agradável, fazer o quê? Mas e o nojo? Não dá para mim, não que eu nunca tenha feito, aberto um sorriso e pegado o dinheiro mesmo com o coração palpitanto (de dar palpite) que "não, não", "não, não", mas sou eu? Não sou. E se tirar eu mesma de minhas obras vai restar apenas o dinheiro e o sorriso falso. Chamo minha arte de arte, mesmo que discordem, chamo minhas obras de obras, mesmo que nem sejam, mas são sinceras e por isso eu faço. Ali tem minhas vergonhas, arrependimentos, medos, tudo que eu escondo no fundo do buraco e eu rapo, boto pra fora, me exponho, me exponho porque fodace o artista, foda-se se vão pensar A ou B, ou pensar que eu nem deveria fazer aquilo, ou pensar que é tudo uma merda, e daí? Sigo aqui, eu sempre passo e, garanto, depois da morte continuo, talvez não nesse blog, mas ainda aqui, eu, minha arte, minhas ideias.
Passo a ideia de introvertida, até que sou, tem todo um mundo dentro de mim, meu mundinho particular, nele ninguém ninguém entra. Mas eu também me abro, e muito, só que eu também tenho meu palhaço e deixo com ele a decisão de como, meu palhaço sabe bem quando falar exatamente aquilo que vai atiçar seu julgamento, não sou trouxa, gosto de ver com meus olhos, por isso, na condição de artista, quero ficar famosa antes de morrer. Vou amar escrachar as hipocrisias com cores coloridas e desenhos fofos, textos inacabados ou indecifráveis, malabares para todos os lados e um palhaço bem triste, bem puto, pela primeira vez dando muita risada.

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