quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Retrospectiva 2015: seguuuuura!

Que ano! Minha vida mudou totalmente, eu mudei,  lapidei meus posicionamentos e minha forma de pensar e ver o mundo. Aliás, agora eu consigo entender um pouco mais o mundo, o que me deixou -em geral- muito menos frustrada.
Como todos que acompanham (ou seja, eu mesma) sabem, esse ano foi o fim da minha vida em Curitiba. Depois de 10 anos, a despedida que eu tanto falei aconteceu e, mesmo que eu ainda esteja perto, meu dia a dia é outro, minha vida é outra, minha construção mental, sentimental, tudo mudou tanto!
Não vou  contar muito agora,  com a permissão de Ogum e Iemanjá, segue esse doismilequinze de batalhas e muita água.

Aquele mês que passa rapidão (JAN):
Lembro até hoje do dia da  virada. A festa  foi aqui em casa, e foi bem fora do comum, e tinha uma galera que gosto muito. Eu tava com medo de 2015, porque 2014 foi um ano de certa forma traumático e eu  temia acabar me tornando alguém muito impessoal. Não aconteceu, tive gente muito legal ao meu lado, e reconheço até hoje a importância de quem me ajudou  a me reencontrar.

Aquele mês com dias a menos (FEV):
Em meio à organização do Sarau de despedida, da matrícula do vestibular em outra cidade, de procurar casa e etc, resolvi que o melhor de tudo era deixar rolar e aceitei um convite relâmpago para ir para o Uruguai. Foi incrível, aprendi muito muito, não tenho nem palavras pra dizer como esse país me conquistou, mesmo vendo o inevitável monte de defeitos que qualquer lugar tem. Não fiz muitas postagens em fevereiro porque num dia voltei do Uruguai, no outro tive o Sarau de despedida, no outro fui pra Matinhos, no outro começaram as aulas. Movimento, será?

O mês que o ano começa (MAR):
 Eu não moro mais em Curitiba! Era tão difícil dizer isso e acreditar, mesmo depois de ter morado em três casas no litoral (sala do ap da Lola, quarto em república que fiquei dois dias, fui pro sobrado com o Mateus e o Pinduca). Morar na praia me (re)tornou muito feliz, mas eu ainda tinha que aprender algo muito importante, e quando uma das bombas da vida estourou, vi que eu precisava aprender mais uma vez como era ficar sozinha. Deve ter sido um dos momentos mais difíceis do ano, e ao mesmo tempo foi muito bom, porque hoje -vendo pelo futuro- eu aprendi muito, não gostaria que tivesse sido diferente, foi como tinha que ser.

Aquele mês em que tudo dá errado porque é Abril (ABR):
Aah, garota de Abril, como passar por esse mês sem problemas, né? Não sei qual a raiva desse mês comigo, mas ele nunca consegue ser fácil. Mas, de certa forma, não é como se eu não soubesse... E, como tudo nesse ano, consegui tirar aprendizados da solidão que eu mesma escolhi (e as vezes só explodia). 

O mês que me envelhece (MAI):
Abril foi embora e a energia pesada dele também, e então eu me mudo novamente. Com o tempo as coisas vão melhorando, melhorando, melhorando, minha solidão me ensinou as lições mais importantes possíveis e... tandããããm, olá Sol, olá praia, oláá menino bonito que tô flagrando os olhares, quem é você? Eu me sentia tentada a descobrir, mas não queria uma vida cíclica, acho que buscava algo mais próximo de uma espiral, então esperei. Eu precisava garantir que eu estava bem comigo, que eu não estava agindo por carência ou impulso,  eu não queria cometer erros, não queria deixar meu ego escolher por mim. Um dia antes do meu aniversário, dei adeus a parte simbolicamente mais importante do meu ego para mim e fiquei careca.  Que processo difícil, expor a cara, raspar fora a cortina, receber olhares indignados na rua! Minha auto-estima foi pro lixo (que era mais ou menos o que eu procurava,  nem tentem entender como minha mente funciona), e eu busquei isso, eu aceitei que eu não era um cabelo, ou estilo, ou sei lá o que que um cabelo representa tanto pro mundo. E, no final de tudo, não me vi sozinha, não mesmo. Perdi o Lancelote, meu gatinho tão amado, mas não precisei passar por isso sozinha, damos graças.
AH, e acho que foi nesse mês que a gente (galera) pedalou até a Cachoeira da Quintilha pela estrada.

Já é férias? (JUN):
A temporada de cachorros aparecendo em nossas  vidas começa aqui! Aliás, acho que aqui começa meeeesmo minha vida matinhense, com casa mais fixa, amigos mais estabelecidos, cachorros pra tudo que é canto, já tava surgindo até a vontade de explodir a faculdade, hih. Não houveram muitas postagens nesse mês, em meio à tanta correria e pouco acesso à internet.

Agora sim férias! (JUL):
Esqueça  toda a rotina do meu ano, saímos de Matinhos e fomos para Curitiba, com intenção de aproveitar as férias para chegar de carona até o ENCA (Encontro Nacional de Comunidades Alternativas), em Goiás.   Não terão postagens desse mês, porque postar no meio da estrada é meio inviável, mas posso dizer que nossos planos acabaram mudando. Nossa rota, sem contar os locais que ficamos pouco tempo: Matos> Curitiba > São Thomé das Letras (Sobradinho) >>>>>> opa! Aracaju! > Ponta dos Mangues > Aracaju > São Paulo > Curitiba > Matos. Não estou contando aqui as paisagens daoríssimas que a gente viu, só um resumão geral mesmo porque pretendo começar a transformar essas viagens em livro hih.

Volte para a realidade (AGO):
Não é que a viagem deixou minha mente mais aberta sobre o mundo? Se antes eu o considerava um monstro fixo de sete-cabeças, em Agosto (graças à Julho) conseguia entender que o mundo é mais ou menos o que a gente faz dele mesmo... Agosto foi um mês tranquilo, a faculdade entrou em greve e  tudo que tínhamos de fazer era se readaptar à cidade (o que não tava fácil, porque começou aos poucos a ficar mais caótica do que tinha estado).

Faculdade voltou, junto com os problemas (SET):
Não tenho posts sobre Setembro, mas tenho anotações no meu caderninho, então rola lembrar cronológicamente os eventos. A faculdade saiu de greve, em um momento péssimo para os  alunos (bolsas atrasadas etc), e voltou como se estivesse tudo bem, o que não era o caso. Minha sala de aulas era (é, mas estamos caminhando para resoluções) um antro de problemas, com os alunos se odiando, os professores cobrando todo o atraso que a greve gerou, a faculdade tratando nossa turma por a pior da vida e do universo e blá blá blá... e ninguém nem dava espaço pra resolvermos o que estava acontecendo. Hoje, com o período letivo acabado, me sinto mais animada pro próximo ano, sinto que nós estamos melhorando bastante. Graças a gente, e só a gente, esse mês hoje está superado.

Outubro molhado (OUT):
 Choveu pra cacete. Choveu demais demais demais. Na  verdade,  já tava chovendo a um tempo, porque ficou 56 dias chovendo seguidos, e eu lembro disso porque foi a primeira vez na minha vida que eu via  chuva por tantos dias, e olha que morei 10 anos em Curitiba! Mas  foi bom, a gente foi obrigado a se acostumar (e hoje temos guelras e usamos canoas em vez de bicicletas), e muito dessa época foi ficar assistindo filminho abraçadinho ihu então tá tudo certo. Foi também um mês potente na auto-reflexão, acho que foi à partir daí que fui começando a analisar o ano e as lições que eu já tinha aprendido dele. 

  Casa nova de novo (NOV):
Pois deixem eu contar algo sobre o litoral paranaense para quem não sabe: se fixar em uma casa é o grande desafio. Mesmo aqueles que tão conversados com seus proprietários, vai chegando Outubro, Novembro, e muitos já vão mudando o papo para ver se não conseguem fazer fortunas na temporada. Eu  tive e não tive esse problema, a casa que eu morava com o Mateus e o Pinduca desde o começo já tava definido que sairíamos em dezembro, já  entramos lá sabendo disso. Muitos dos meus amigos foram pegos de surpresa.
Outro fato sobre:  tendo que sair da própria casa, quanto mais próximo  do mês de Dezembro, mais você corre o risco de ficar sem casa. É tipo a cidade te expulsando pra receber os veranistas (que são muitos de vocês,  cuidem das casas, seus maluco). Muito lindo, muito poético, motivo de grande alegria para nós, estudantes universitários. 
Devido a isso, não queria deixar pra encontrar casa de última hora, em alguns dias todos meus amigos estariam sem casa e, bom, seria melhor correr pra achar algo. Os meninos não iam passar as férias na cidade, então eu precisava de um canto. Como o canto mais confortável que eu conheço é o Iago, no dia 11 do 11 nós nos mudamos para uma casinha lindinha com um  quintalzinho cheio de vida que estava esperando por nós. Na primeira semana  eu vi vagalumes em casa.

Despedida (DEZ):
O sol voltou a aparecer. Ainda chove, mas já virou chuva de verão, raramente a garoa interminável. No nosso quintal já plantamos várias comestíveis, e plantaremos muito mais quando descobrirmos até quando ficaremos na casa. Os passarinhos nos visitam direto, a água que tomamos vem do morro, nossos cãopanheiros foram, no começo do mês, meu grande amigo Ramela,  a mãe-indecisa-terrorista-Gaia e a Bolota de cocô. Bolotinha doada, agora estamos passando o mês com a Pitu, uma gracinha que já morou conosco um tempo e voltou para passar as férias. Ainda aparecerão muitos cachorros precisando de cuidados e amor antes de serem repassados para bons tutores, e  vou ser bem feliz se pudermos estar lá pra eles. 
 O Iago me faz feliz. Juntos nós estamos construindo algo que vai além de algum relacionamento. Buscamos juntos uma evolução, em todos os sentidos possíveis. Quando um cai, o outro está lá, e não por obrigação, estaríamos por qualquer outro se pudéssemos, não sei explicar. Sou feliz pela presença dele na minha vida, só isso (o resto ele já sabe).
A faculdade vai bem, tô de férias por tempo suficiente para enjoar das férias, tudo certo. Com Natal e Ano-novo, sei que só vou poder descansar em 2016, mas tudo bem,  vida = movimento.


Foi um bom ano. Difícil o suficiente pra me mostrar que eu não preciso ter medo, seguro a barra. Bom o suficiente pra me mostrar o quão boa é a vida  que eu levo, e   que minha vida pode ser tão boa quanto eu quiser.  Enquanto eu estiver buscando ser o melhor  que posso ser, tô feliz. Quero mais é ajudar os outros, trazer sorrisos,  lembrar aos outros o que é vida, porque muita gente esqueceu. 
Que mundo a gente  quer? O quanto dele a gente faz? Esse ano me obrigou a prática, e isso sempre foi tudo que eu pedi. Ainda vou mudar muito e aprender muito, e é o que mais quero, 
OLHO VIVO
FARO FINO
e tudo bem.

Obrigada todo mundo que esteve aí, todo mundo que foi me visitar no litoral (obrigada mesmo, foi muito bom não me sentir abandonada hahah), todos mundo que compartilhou risadas e reclamações, todas as mil reflexões  que tivemos, obrigada por quem somou.

Prometo (de novo, foi mal galera, voltei ao vício) parar de roer unhas
 
2016 tá quase aí, SIMBORA!