Existe um auto-ódio em mim, falo sem surpresa, fato conhecido. Não quero manter, não fui sempre assim, permiti que o externo entrasse e forjasse sua verdade baseados em coisas que não viram, mas permiti, não mais.
Já quis morrer, foram inúmeras vezes, onde esse ódio me dizia que o mundo ficaria melhor sem mim. Mas não ficaria. Ouço desabafos, é meu trabalho, cura é mais do que enviar boas vibrações. Papo pesado, mas real: eu sei da minha importância porque eu sei da importância das vidas que eu ajudei. Eu não salvo ninguém, as pessoas se salvam sozinhas, mas estive lá. Dos meus catorze anos de idade até aqui, ao menos um suicídio evitado por ano, teve ano que chegou a cinco, esse ano termina com dois. Entre pessoas conhecidas e desconhecidas, um fato em comum: elas merecem a vida. Talvez o mundo não nos mereça, no geral, porque o mundo é acostumado a boicotar quem está pelo certo, mas a existência é maior que a sociedade, a existência é a possibilidade. E eu os amo. Me salvaram. Ao ouvir o grito que muitos falam se compadecer mas não tem estômago para aguentar, eu me ajudei também.
Esse texto vem com surpresa, porque fui perceber hoje (com o caso dessa semana), o quanto é constante eu estar ali, pelo acaso, bem onde eu devia estar. Com gente que nunca me viu, com gente que me via sempre mas com outros olhos, nada nunca foi calculado, mas sempre aconteceu com a precisão de um relógio.
Não ligo quando as pessoas me consideram muito "auto-ajuda" pro gosto delas, não ligo mais, seria como pedir que todos entendessem a importância do meu "ouço desabafos, e é de graça". Não sou terapeuta, não sou psicóloga e também não sou uma escritora de auto-ajuda. Mas eu sei que quem precisa, entende. Podem guardar os julgamentos de vocês, eu tô do outro lado, do lado que não tem ninguém. O preço disso é tão caro quanto pesa a impotência, mas eu aguento, pago o preço, sempre paguei. Achem o que quiser de mim,mas enquanto não pagarem o preço também, suas opiniões e bosta são a mesma coisa. Ninguém a menos. Ninguém. Se eu puder evitar, eu vou.
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