O desconforto leva ao crescimento, é verdade, mas, usando o argumento fácil, "taurina como sou", o conforto me faz bem. A solidão, as letras, a cabeça podendo se concentrar, que mal há? Muitas questões por resolver, ciclos fechando e, mesmo sem perceber, tudo está mudando, muda porque é vivo. Por vezes sinto o perigo do monstrinho hiperativo, sussurrando besteiras na cabeça e enumerando as possibilidades de tudo dar errado, mas tem horas que não tenho tempo nem para ouvir o que ele me diz, aprendi comigo mesma que eu sou meu melhor psicólogo (mal-paga, inclusive), mas consigo ser feliz (meu segredo? não digo mais, quem entende?). Conforto não tem a ver com luxo, conforto é um estado, é o silêncio mental onde se torna possível seguir apenas uma linha. É límpido, e ensina também.
A vida vai bem, mesmo quando não está, não se trata mais de ter ou não problemas, se trata de jogo de cintura, se permitir vivenciar. Quando o monstrinho se cala fica mais fácil, e bem sei o quanto gosta de falar, e logo que sua própria voz- já cansada- argumenta contra o medo, ele aumenta a aposta e deixa o jogo ainda mais difícil. Eu sei, convivo com ele faz tempo, conheço sua forma de agir e sei o quanto dói encontrar lógica em vários dos argumentos dele, mas é só um monstro, o que sabe da vida?
É tudo muito estranho, mas a verdade é que nem é tão novo, e já cheguei até aqui. Eu ainda estou aqui. Vou continuar até onde o choque das bolinhas permitir. Além disso, esse monstro não surgiu do nada. Foi criado, pensado e disseminado por todo um sistema que tem prazer em ver os outros sofrerem.
Não vou dar esse gostinho, não.
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