terça-feira, 10 de dezembro de 2019

couch de blog

Me sinto avançando em vários quesitos, um pouco mais conectada comigo mesma, seja lá o que isso significa, sei lá, eu sempre gostei muito de gente, no geral mesmo, conhecer gente nova, ou conhecer novos pontos de vista, cada pessoa é um universo de possibilidades, eu gosto muito disso e quero resgatar todo esse amor em mim, digo resgatar porque vivi Brasil 2018 e 2019, não é fácil, quem vive sabe, nesse universo de possibilidades ver gente se limitando e defendendo o indefensável, olhe, não é que eu não tenha que lapidar muitas das minhas opiniões e achismos, eu tenho também, mas nem sempre é fácil amar a humanidade enquanto eu vejo gente aceitando assassinatos, censura e, enfim, todas as coisas que defenderam esse ano. Mas tudo bem, porque também sei que coisas ruins ganham mais visibilidade do que coisas boas, mas isso não quer dizer que coisas boas não estejam acontecendo. Tem muita gente estudando (eu, inclusa), muita gente se movimentando, muita gente trocando a ideia de caridade por mudanças estruturais, olha, não sei se as pessoas perderam a capacidade de sentir, muitas talvez sim, eu não, sigo sentindo, eu ainda estou aqui, e isso é algo a me orgulhar.
Meus últimos anos foram uma merda, mas coisas boas aconteceram também, conheci gente legal (mesmo que eu não tenha conseguido ser tão legal quanto gostaria), aprendi muito, passei vergonha demais, sei disso, mas quando não? É o preço da espontaneidade, de não vestir uma máscara de inteligencia e perfeição que não me cabe, mesmo que o externo cobre, eu sou de verdade, gente de verdade erra, vou aprender a ficar bem com isso, vocês vão ver.
Me sinto menos ansiosa. A fobia social e agorafobia seguem, agora diagnosticadas, mas também não vai ser para sempre, vou relembrar como eu era antes de ser assim, tão preocupada com minhas falhas que prefiro silenciar do que me expôr, sendo que me expôr era meu maior ato de coragem, existe coragem em admitir a vulnerabilidade, eu falo muito de medo, sei disso, tenho dez anos de blog falando sobre medo, mas o medo nunca me impediu, ao menos até os últimos dois anos, quando, é, impediu para caceta, mas esse é o obstáculo a se superar. Também tem honra em falhar.
Eu não sou uma pessoa desagradável. Chata, entediante? Ok, com certeza. Mas a felicidade alheia me contagia, as vitórias alheias me animam, eu sou uma utópica, foda-se, quero um mundo perfeitinho, onde todo mundo possa viver bem, ter dignidade de vida, sei que precisa de muita luta para isso acontecer, não posso perder toda a vida lutando comigo mesma. Sou parte do problema em muitos aspectos, mas não sou quem bate no peito e se orgulha disso, quero ser melhor, sempre busquei isso, quero conhecer minha melhor versão, não uma ideia besta de paciência infinita e tom de voz doce, isso não tem a ver comigo, quero ser verdadeira comigo e não me abalar por quem quiser ir embora, todos tem esse direito, fica aqui quem quer, fica ao meu lado quem pode, não quero mais ter que aceitar opinião de gente que só quer ver minha queda, ah não, eu caio e cairei para sempre, mas eu ainda estou aqui e vão ter que me engolir. No mais, não sou feliz, quem é? Não sou triste também. Sou doente, ou estou, e não existe um problema nisso, não vejo nenhum tabu aí, sei das cruzes que carrego e do peso das minhas decisões, quem segura sou eu e eu até que aguentei, tô satisfeita.
Ainda são muitos os arrependimentos: na falta de ação quando recebi carinho, na falta de compreensão quando julguei, na falta de auto-defesa quando fui julgada, mas tudo passa, eu passo também, ainda bem.
Esse ano não foi bom, mas foi importante. Continuo simbólica, escolhendo músicas para definir o que virá, fazendo retrospectivas do que já foi (podem esperar, há de vir), pensando, pensando muito, até a cabecinha doer e a terapeuta dizer chega, mas isso sou eu também, tô parada, é verdade, mas minha própria lição segue forte na mente: não sou moinho para me movimentar sempre no mesmo lugar. Fui do Nordeste para o Sul, só os deuses sabem o peso dessa criação, do Sul voltei para o Nordeste, recuperar algo que quebrou, se tem como, não sei, mas me conheci demais na busca, estou exatamente onde queria estar, me dói ver que não aproveito tanto, mas, sabe, faço o que posso dentro dos meus limites, um dia vou ser melhor, eu não desisti, se tem algo que posso bater no peito e sorrir é isso, eu não desisti, não vou desistir nunca, ainda tenho muito para fazer.

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