terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Retrospectiva 2019

e U n ão QUer O ma is fAZ e rS en tId o

mas faço para mim. Eu me entendo orque me conheço como ninguém e, olha, não é todo mundo que sabe se conhecer como ninguém, mas eu sei, sei exatamente tudo que devo fazer para ficar bem comigo mesma, talvez não saiba como fazer, mas sei que devo.
Vou deixar as considerações para o final, dois anos em um, muita coisa aconteceu. Dessa vez vou usar meu blog mas, também, minha agenda, aproveitar que esse ano comprei uma.

Janeiro: y los deseos me vieron nacer 
Cumpi minha promessa, admiti que tinha um problema e, mais do que isso, não deixei que dominasse minha mente, eu tenho um problema mas eu não sou esse problema, tudo passa.
Eu estava animada para entrar em uma faculdade e, ao mesmo tempo, consciente de que eu estava tendo dificuldade em sair de casa e talvez não conseguisse cumprir o que tava planejando. Dia 20 teve eclipse e assisti deitada do quintal.
Lendo a agenda, fiz coisa para cacete, mas sempre escrevia o quão me sentia inútil por não estar fazendo o suficiente (leia-se: ganhar dinheiro). Também já batia um desespero pelo começo das aulas.

Fevereiro: los árboles me vieron crecer
Entre surtar com o começo das aulas e receber visitas de amigas que moram longe (oi, Mika!), o que eu mais fiz em fevereiro foi escrever. Foi o mês onde comecei a sentir uma necessidade de divulgar meus escritos, por bem ou por mal, criei uma conta no nyah! mas, em seguida, já descobri o wattpad. Foquei nele. 

Março: el océano me vio navegar
Mês de divulgar meus escritos, criei a conta, postei meus contos, produzi muito, me estressei bastante também, segundo minha agenda, o engraçado é que agora eu nem lembro o porquê. 
Sei que foi o comecinho da minha canseira em permanecer como eu tava. No finalzinho do mês, meus pais deram um pulo em Aracaju.

Abril: las estrellas me vieron cruzar
Família presente, também recebi a visita da minha grande amiga de Matinhos, a Kulka, e foi muito bom. Aos poucos fui me sentindo melhor com a minha própria cabeça, sabendo que nem sempre seria assim, mas aproveitei enquanto foi.

Maio: las estrellas me vieron llegar
Não foi um mês fácil, mas foi necessário. Parei para confrontar meus monstros e meus medos, podar pensamentos sem sentido, reaprender a gostar de mim mesmo com todo o drama, eu sou assim, hora de ficar ok com isso. Tive problemas em definir como eu ganharia dinheiro com o meu trabalho sem ter que mudar meu estilo e ideais apresentados (dúvida agora superada) e também vivi alguma crise de relacionamento, porque cinco anos é tempo e brigas acontecem, mas, no geral, estive bem desde que substitui minhas tristezas por raivas. Também entrei em umas reflexões sobre sexo onde aprendi muito sobre mim mesma, ainda bem, e tirei um tempo para vomitar muitas das minhas mágoas em relação a Matinhos, porque cansei de guardar também.

Junho: las estrellas me vieron perder
Junho pode ser resumido em São João (weee), a colheita do nosso primeiro melão (weeee), algumas reflexões necessárias e uma sensação de férias, parei, descansei, me permiti não importar.

Julho: las estrellas me vieron ganar
Um mês onde tentei focar mais na minha saúde, marquei consultas, comecei a pensar em psicólogo, enfim, querer fazer algo a respeito da minha fobia social. Pode ser resumido em: religião, política e futebol se discutem SIM.

Agosto: las estrellas me vieron correr
Se no mês passado marquei minhas consultas, esse mês foi o de ir nelas, não vou dizer que foi fácil quebrar o medo de médicos e agulhas e fazer cocô em potinho (jksfhksdk), mas superei, estamos aí! No dia 21 a Carol Zica, minha miga, chegou lá em casa.

Setembro: las estrellas me vieron volar
A presença de Zica lá em casa, por algum motivo, me motivou a aumentar minha produção de imãs de geladeira, acabou que agora tenho 80 imãs diferentes, hahah! No geral foi um mês corrido, eu acabei ficando com a casa cheia em um momento onde não era o que eu queria, então meu lado brabo ficou brabo mesmo, teve mais a ver comigo do que com os outros, mas eu nem queria saber, estava em casa e essa foi uma lição aprendida no ano passado: nada de não me sentir a vontade na minha própria casa. De qualquer forma, consegui ser uma versão melhor de mim, não me calei mas também não fui cuzona, deu tudo certo no fim.

Outubro: las estrellas me vieron perder
Tentei um emprego, não consegui, fiz uns cursos, tentei de novo, não consegui. Comecei a fazer terapia, algo que estava planejando desde que olhei para mim e decidi que não desistiria, nada foi resolvido imediatamente, o que faz meu lado imediatista sofrer, mas sei que sigo avançando. 

Novembro: las estrellas me vieron ganar
Nada de muito novo, produzi muito, desenhei, escrevi, etc. Já me sentia (sinto) melhor com minha cabeça, o desafio agora é superar o corpo.

Dezembro: me vieron cruzar
Dezembro me mostrou o que eu já sabia, eu superei muita coisa, resolvi minha mente de uma forma que eu não julgava ser possível e, embora eu saiba que ainda tem muito a ser feito, as coisas estão caminhando. Eu ainda não consigo sair, passo mal, as vezes tô ok com a mente racional mas o subconsciente puxa algo que eu nem mesmo capto, mas tá lá, e aí me vem a sensação de desmaio, a forte ânsia, enfim, meus obstáculos desse ano. Mas as coisas estão acontecendo. Eu tô em Curitiba agora, feliz por estar aqui, feliz em ver meus amigos, meus pais, as pessoas que eu amo, também com saudade de casa, ansiosa (no bom sentido) para botar em prática as mil coisas que quero para o próximo ano.


Eu não tinha expectativa para esse ano, porque 2018 foi um ano muito agressivo, no geral, e não é que esse não tenha sido. O país tá despencando, sempre gostei de observar a política, não tenho como virar os olhos agora só porque tá tudo tão desesperador, mas prometi para mim mesma que eu não ia colocar minha felicidade nisso ou estaria ferrada, estaria mesmo, meu país sofreu demais no decorrer desses trezentos e tantos dias (nunca decoro quantos dias tem o ano).
Eu quero pensar em mim, estando bem consigo pensar nos outros, efetivamente agir,  eu quero ficar bem, mesmo se a vida for mal, tem coisas que a gente não escolhe e tem coisas que a gente escolhe sim, ainda bem.
Se 2020 vai ser bom ou uma merda, sei lá, não sou vidente e também não escolhi a música do que virá, e tudo bem. Eu estou onde eu quero estar, ainda não sou a pessoa que quero ser, mas vou me descobrindo, me lapidando, me amando, vou ficar bem comigo mesma, espero isso para vocês também, mais uma década começando, tenho mais de uma década de blog, obrigada pela companhia, enquanto estiver viva estarei aqui, o depois a gente vê, um beijo, mundão.









sábado, 28 de dezembro de 2019

O tempo tá passando

Tenho que escrever a retrospectiva desse ano porque, ei, são anos de tradição, não vai ser agora que vou parar! Não é minha casa, não é o meu pc, mas ainda assim tô confortável, esse blog é muito para mim, um registro, uma comédia, uma vergonha, algo honesto, vulnerável, gosto da ideia de escrever aqui, mesmo que sempre venha algum pequeno arrependimento depois, o medo de me expôr vem da sobrevivência também, mas eu não calo, tô viva e aprendo sempre, a vida tem sido difícil mas tem muita coisa boa acontecendo também, quero viver com mais leveza.
Esses últimos dias tem sido muito bons, mesmo que eu sempre tenha que lidar com uma crise, mas é bom estar com a família que me quer bem, é bom estar entre amigos, meus amigos constantemente demonstram quanto gostam de mim e isso me faz feliz, me mostra que eu também tenho feito algo certo, e eu tô feliz comigo, não o quanto quero ser, ainda vai vir muito trabalho para isso, mas eu não desisti e isso faz bem. 
Chega, já aqueci, o tempo tá correndo e temos muito o que fazer, vou começar a retrospectiva, sovrevivi mais um ando, eu ainda estou aqui, espero que vocês também!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

corpo x mente

Quando eu era adolescente fui uma das últimas pessoas da minha bolha a ganhar um celular, aquilo era uma novidade imensa pra mim, era um tijolinho com zero atrativos mas eu tava super feliz porque aquilo que todo mundo já tava acostumado era uma puta novidade para mim, então eu queria pegar o número de todo mundo (mesmo que eu nunca tivesse crédito), queria mostrar o jogo (no singular), tava deslumbrada. Minhas amigas acharam ruim, falaram que já tava chato, que eu não parava de falar disso, e aí eu me calei, não queria ser a chata.
É uma parada boba para lembrar agora, mas, querendo ou não, fala muito de mim. Eu estava feliz com algo, fui criticada e engoli minha felicidade, me calei, minha felicidade incomodou e abri mão dela. Era algo bobo para as outras pessoas, mas não era algo bobo para mim, não importa que seja, no final das contas, uma besteira, eu não garanti minha felicidade pelo medo do que iriam pensar, eu ainda não tinha diagnósticos e nem sinal visível da minha ansiedade, mas ainda tomei essa decisão, um exemplo entre tantos outros.
Esse final de semana que passou foi um resgate a várias coisas do meu passado. Saí de casa, o que é raro, para encontrar uma das pessoas que mais me conhece nesse mundo, não das que acham conhecer, uma que realmente me conhece, e ela me jogou (com muito amor) várias verdades na minha cara, coisas que em seis sessões de terapia ainda nem foram remexidas, coisas que eu preferia fingir que não guardo, mas guardo, e foi bom ouvir isso.
Um lado de mim queria que todo mundo olhasse as coisas que passei e validassem: não é justo, não foi justo. Talvez porque eu tenha essa capacidade com os outros, vejo as pessoas sofrendo injustiças, maioria social, e sei que elas não deveriam estar passando por aquilo, validar não faz com que parem de sofrer, mas as vezes é bom que alguém chegue para nós e fale: ei, eu vejo razão para o seu sofrimento, porque nós somos ensinados a agir como loucos, viver como loucos, ignorar tudo aquilo que sentimos e tudo aquilo que dói, ignorar essa dor interna, inclusive, é sinônimo de amadurecer. Essa fragilidade (ou honestidade), essa vulnerabilidade às nossas dores do passado, tudo isso é considerado fraqueza, eu não vejo mais assim, mas sei que é visto assim, sou parte do mundo mas não sou o mundo todo.
Minha mente vai bem, obrigada. Eu saí de casa e tive que lidar, por umas duas horas, com os sintomas de sempre, aquela sensação de que vou vomitar, vou desmaiar ou explodir, aquele aperto e vontade de chorar, mas não o coração, dessa vez ele bateu no ritmo normal, é algo a se agradecer, um sintoma a menos. É chato, sabe, é chato porque, mentalmente, eu me sentia ok. Sabia que ia sair, queria sair, sabia que talvez passasse por alguns eventos físicos, sabia que teria que lidar com isso. Mas me enche pensar que eu vá ter que lidar com isso para sempre, será? Será que, sempre que eu sair de casa, vou precisar andar com uma sacola plástica na mão, caso vomite? Será que vai ser sempre tão cansativo?
Eu não estou mal, pelo contrário, tô mais consciente das minhas vitórias, eu consegui ir, afinal, eu sobrevivi. Mas o peso é grande, a vergonha e a falta de confiança, eu não quero que o mundo me valide, eu só gostaria de ser minimamente entendida, mas é um erro esperar isso, ninguém vai ver a validez na minha dor porque ninguém tá vivendo o que eu vivo, isso não quer dizer que eu não possa me afagar. Não quero viver como uma vítima de mim mesma, mas quero ser capaz de me olhar no espelho, fazer um afago com os olhos e dizer para mim mesma que não importa se ninguém vê o tamanho do peso que eu carrego, importa que eu sei o quanto eu me supero a cada dia, esse peso não me define, talvez (espero?) nem seja parte de mim por muito tempo, quem sabe? Talvez, em algum momento, eu possa sair de casa e ver as pessoas que eu amo sem nem sentir ânsia ou sensação de desmaio. Já foi assim, talvez um dia volte a ser.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

fim

Eu tenho um pouquinho de raiva de dezembros, sei lá, tem o lado bom que tá todo mundo envolvido em uma tal de mudança de ciclo, mas também tem o natal, que eu já não sou muito fã, e o fato de que todos os planos que eu tenho na cabeça precisam aguardar a virada do ano para se concretizarem, não só porque eu não consigo abrir o tempo necessário dentro dos meus próprios planos, também porque muita coisa já parou, tchau e benção, é isso.
Tudo bem. Tá vindo muito movimento por aí, vou reaprender a gostar disso, pelo visto na marra, mas sempre foi assim, pular do trampolim, voo livre e queda bruta, sou corajosa pelo tamanho dos meus medos, é a versão que vou apostar minhas moedas.
Amanhã vou sair de casa, fato sabido, ainda me deixa nervosa mas tô empurrando com a barriga, deixa para depois da 00h, tá tudo ok, sorte ou revés, vou ter que lidar, tô viva, pelo menos vou sair para encontrar gente que eu gosto, tenho sorte, ainda posso escolher me recolher. Mas eu não quero, 2020 será prova, espero, quero sair dessa prisão mental, não será a primeira vez, que raiva dos dezembros, mas são importantes também.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

couch de blog

Me sinto avançando em vários quesitos, um pouco mais conectada comigo mesma, seja lá o que isso significa, sei lá, eu sempre gostei muito de gente, no geral mesmo, conhecer gente nova, ou conhecer novos pontos de vista, cada pessoa é um universo de possibilidades, eu gosto muito disso e quero resgatar todo esse amor em mim, digo resgatar porque vivi Brasil 2018 e 2019, não é fácil, quem vive sabe, nesse universo de possibilidades ver gente se limitando e defendendo o indefensável, olhe, não é que eu não tenha que lapidar muitas das minhas opiniões e achismos, eu tenho também, mas nem sempre é fácil amar a humanidade enquanto eu vejo gente aceitando assassinatos, censura e, enfim, todas as coisas que defenderam esse ano. Mas tudo bem, porque também sei que coisas ruins ganham mais visibilidade do que coisas boas, mas isso não quer dizer que coisas boas não estejam acontecendo. Tem muita gente estudando (eu, inclusa), muita gente se movimentando, muita gente trocando a ideia de caridade por mudanças estruturais, olha, não sei se as pessoas perderam a capacidade de sentir, muitas talvez sim, eu não, sigo sentindo, eu ainda estou aqui, e isso é algo a me orgulhar.
Meus últimos anos foram uma merda, mas coisas boas aconteceram também, conheci gente legal (mesmo que eu não tenha conseguido ser tão legal quanto gostaria), aprendi muito, passei vergonha demais, sei disso, mas quando não? É o preço da espontaneidade, de não vestir uma máscara de inteligencia e perfeição que não me cabe, mesmo que o externo cobre, eu sou de verdade, gente de verdade erra, vou aprender a ficar bem com isso, vocês vão ver.
Me sinto menos ansiosa. A fobia social e agorafobia seguem, agora diagnosticadas, mas também não vai ser para sempre, vou relembrar como eu era antes de ser assim, tão preocupada com minhas falhas que prefiro silenciar do que me expôr, sendo que me expôr era meu maior ato de coragem, existe coragem em admitir a vulnerabilidade, eu falo muito de medo, sei disso, tenho dez anos de blog falando sobre medo, mas o medo nunca me impediu, ao menos até os últimos dois anos, quando, é, impediu para caceta, mas esse é o obstáculo a se superar. Também tem honra em falhar.
Eu não sou uma pessoa desagradável. Chata, entediante? Ok, com certeza. Mas a felicidade alheia me contagia, as vitórias alheias me animam, eu sou uma utópica, foda-se, quero um mundo perfeitinho, onde todo mundo possa viver bem, ter dignidade de vida, sei que precisa de muita luta para isso acontecer, não posso perder toda a vida lutando comigo mesma. Sou parte do problema em muitos aspectos, mas não sou quem bate no peito e se orgulha disso, quero ser melhor, sempre busquei isso, quero conhecer minha melhor versão, não uma ideia besta de paciência infinita e tom de voz doce, isso não tem a ver comigo, quero ser verdadeira comigo e não me abalar por quem quiser ir embora, todos tem esse direito, fica aqui quem quer, fica ao meu lado quem pode, não quero mais ter que aceitar opinião de gente que só quer ver minha queda, ah não, eu caio e cairei para sempre, mas eu ainda estou aqui e vão ter que me engolir. No mais, não sou feliz, quem é? Não sou triste também. Sou doente, ou estou, e não existe um problema nisso, não vejo nenhum tabu aí, sei das cruzes que carrego e do peso das minhas decisões, quem segura sou eu e eu até que aguentei, tô satisfeita.
Ainda são muitos os arrependimentos: na falta de ação quando recebi carinho, na falta de compreensão quando julguei, na falta de auto-defesa quando fui julgada, mas tudo passa, eu passo também, ainda bem.
Esse ano não foi bom, mas foi importante. Continuo simbólica, escolhendo músicas para definir o que virá, fazendo retrospectivas do que já foi (podem esperar, há de vir), pensando, pensando muito, até a cabecinha doer e a terapeuta dizer chega, mas isso sou eu também, tô parada, é verdade, mas minha própria lição segue forte na mente: não sou moinho para me movimentar sempre no mesmo lugar. Fui do Nordeste para o Sul, só os deuses sabem o peso dessa criação, do Sul voltei para o Nordeste, recuperar algo que quebrou, se tem como, não sei, mas me conheci demais na busca, estou exatamente onde queria estar, me dói ver que não aproveito tanto, mas, sabe, faço o que posso dentro dos meus limites, um dia vou ser melhor, eu não desisti, se tem algo que posso bater no peito e sorrir é isso, eu não desisti, não vou desistir nunca, ainda tenho muito para fazer.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

despejando

Todo dia é uma luta, toda luta uma canseira, as vezes perco o ar, tô na beira, o precipício é convidativo mas ele é também o fim, não chegou a minha hora, ainda tenho muito para cumprir, não para expectativas alheias, para mim, para aquilo que busco, não na minha vida, no mundo, só que o mundo é grandão e eu sou só um grão de areia. Tenho voz, já usei, parei de usar quando percebi que não era ouvida, mesmo mais ouvida do que muitas, mas estava errada, erro constantemente, erro comigo, erro com os outros, carrego toda a culpa, não serve de nada, culpa sufoca e estagna, mas não muda nada. Mas eu mudo, mudo constantemente, e nessa mudança me aceito, com a maior das dificuldades, em um mundo cheio de dedos apontados, reconheço meus erros, sim, sempre, mas não vou mais levar o peso que botaram. Eu tô aprendendo, provavelmente em uma lerdeza maior do que deveria, verdade, mas sua caixinha também é pura vaidade, gostar de lembrar meus defeitos para esquecer os seus é cômodo, faz parte, mas é de tamanha inutilidade que ignora a possibilidade de construção mútua para um bem-estar egoísta, escolha de cada um, mas não mais minha escolha, eu respondo por mim e para mim, apenas isso, vou viver com meus fantasmas e tentar não criar outros, mas com a ciência de que faço isso por mim, se isso ofende alguém, bom, cada um com seus fantasmas, vai ficar bem também, sobreviveremos, todos nós, até o dia que não mais, somos grãos de areia mas ainda podemos virar cisco no olho de alguém, eu ouvi um amém?

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Coisas que fiz esse ano e devo me orgulhar

* Sigo escrevendo meu livro, sem desistir dele, sentando minha bundinha murcha para escrever com mais disciplina do que nos últimos 13 anos (uma hora saporra sái)

* Fiz algumas tirinhas novas do Da Igreja Ao Cortiço, não muitas, mas fiz.

* Fiz muitos imãs de geladeira e agora tenho 80 imãs diferentes.

* Pintei vários quadrinhos e eles virarão presentes de natal, o que vai surpreender todo mundo que nunca espera um presente de natal meu porque eu 1) no geral não curto natal 2) nunca dou nada porque eu sou uma falida. Fica aí a intenção misturada com surpresa agradável (a não ser que eles não gostem dos quadrinhos mas enfim)

* Depois de mileanos tive a chance de começar a fazer terapia, não resolve tudo mas ajuda um tanto. Tô cuidando da minha saúde, fazendo exames de rotina e tentando me alimentar melhor (ainda falho mas tô muito muito muito melhor do que no ano passado).

* Fiz um curso de escrita criativa que me ajudou muito, também fiz cursos para tentar aprender sobre freelancer de produção de conteúdo e me candidatar a uma vaga. Eu não passei, mas tô de boa com isso.

* Escrevi vários contos esse ano e finalmente comecei a expôr meus escritos de forma mais organizada, lá no Wattpad.

* Voltei a treinar karatê, mesmo que meio auto-didata por vídeo de youtube, e entrar em alguma academia de karatê é um dos planos pro próximo ano. Fiz quando criança e não percebia a falta que eu sentia de praticar.

* Aprendi a cantar a música Again, do Fullmetal Alchemist: Brotherhood, em uma semana, e fiquei muito feliz de saber que sou capaz de aprender a cantar uma música em japonês em uma semana se eu me dedicar a isso (tenho um forte dom para conhecimentos meio inúteis).

* Voltei a tocar didgeridoo, coitados dos meus vizinhos, porque eu toco mal.

* Fiz alguns rituais esse ano, menos do que eu gostaria, mas mais do que ano passado.

* Comecei a tentar aprender forró kkkksdjksjd socorro eu sou mto ruim (mas agora um pouco melhor)

* Consegui falar mais "não" para as coisas que não queria ou não concordava.

* Tô numa luta intensa para tentar ajeitar minha postura.

* Voltei a fazer listas bobas no meu blog.

Desplexo solar

Peguei a receita há uma semana, ainda não comprei o remédio, não sei se vou comprar, me irrita pensar que preciso de algo da indústria farmacêutica para conseguir ter alguma qualidade no meu dia a dia, tenho medo dos efeitos colaterais, tenho medo do vício, mas meu maior medo é não conseguir controlar meu próprio cérebro sem ajuda de algo externo. É lógico e é válido, mas me irrita, acho que sou arrogante demais pra admitir que não posso seguir sem conseguir sair de casa, mesmo que uma parte minha ame não sair de casa, não ter que ver pessoas, tudo tem me irritado demais.
Mas eu vou tomar. Sei que, passado o choque inicial, vou arriscar esse negocinho que promete modificar minha estrutura cerebral de forma a diminuir minha sensação de que eu sou um esquilo rodeado por, sei lá, qualquer coisa que coma esquilos. Pior é saber que não sou. Pior é saber que eu, com medo idade, não tinha medo de nada. Tudo bem, agora eu tenho. Talvez agora eu só saiba o quanto tenho a perder, talvez agora eu saiba que eu caio e que a queda dói. Mas é um saco.
O problema da ignorância é que ela é confortável e quem aqui não gosta de conforto? Mas eu sempre preferi verdades duras do que respostas fáceis, embora também seja verdade que eu não fazia ideia de quão duro o mundo é, mais pra uns do que pra outros, mas creio que viver não deve ser muito fácil pra ninguém, pelo menos é o que minha amiga Maria Raquel fala, que todo mundo é meio surtado mas alguns disfarçam bem. Será? Não sei, mas sigo pensando.
Espero um dia voltar a ter prazer em sair de casa, em encontrar com pessoas, toda vez que penso nisso a palavra que ronda minha mente é "cansaço", espero que seja como exercício, quanto mais você faz mais fácil fica, mas todas as vezes que tentei eu só consegui me foder mais e mais, valeu, planeta.
Mas eu não sou um esquilo. Eu me sinto um no momento, mas eu não sou, eu já vivi situações que me provaram o contrário, por que agora eu me sinto assim? As vezes penso que é o peso de saber o que tá do lado de lá, mas não quero tomar como verdade nada que diga que eu tenho que permanecer assim. Eu não sou assim.
Todo o amor do mundo para quem luta com a própria mente, com os próprios hormônios, com o próprio corpo, com os próprios boicotes. Não é fácil. Da minha parte, tento julgar cada vez menos as pessoas (nem sempre consigo), sabendo que isso não é muito mas, por enquanto, é o que eu consigo. Ainda estamos aqui.