quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Infância - 07/01/12


Fazíamos cabanas gigantes no quarto de Vitor
E Diego cortou o dedo em uma dessas (Nunca vou lembrar como)
As vezes a gente brincava de espião, e o quartel general era no telhado da casa de Vitor
Ou na biblioteca da minha casa
Era legal
Na piscina brincávamos de “povo do mar”
Para não dizer sereias, porque tinham garotos no grupo
Na verdade tinham mais garotos do que garotas, como sempre.
Eu criava músicas idiotas
E acho que elas não evoluíram muito
E meu sonho era ser cantora
E me chamar Maricanto
Eu achava cigarro nojento
E a cerveja tinha um gosto horrível
Carne era a melhor coisa que existia (Depois de rabiscar a casa)
E maconha viciava e levava à outras drogas
Vitor me apresentou Tibia
E mais do que isso, meu vicio Pokemon
Foi na infância que comecei a escrever Os Reinos
E que terminei um “namoro” por que meu tamaguchi quebrou
Eu brincava de Barbie e Polly com Bia
E de Meninas Super Poderosas
E eu sempre era a Florzinha
E eu sempre tinha as brincadeiras no comando
Subiamos em árvores
E não sei como nunca quebrei uma perna ou braço
Eu fazia muita besteira
E eu faço muita besteira
Quando comíamos caranguejo no Bar do Nelson
E meus pais iam beber cerveja no Bar do KK
Eu me sentia adulta indo na Mercearia sozinha
Mas levei uma bronca quando eu e Priscila voltamos do colégio
Sozinhas pela primeira vez
A minha mãe quis me matar
Kátia me ensinou tabuada
E minha vó se surpreendeu quando viu que eu sabia ler aos 7 anos
Eu lia as Fábulas de Da Vince
E esperava às cinco da manhã para ver Vênus da janela do quarto
Conversava com meu avô-torto sobre aliens
E ele dizia que um dia eu seria uma bruxa
Eu também brincava de bruxa
Era divertido ter poderes e poder salvar o mundo
Era divertido correr pela praia com os garotos
E brincar no Clube da Caixa
Foi legal torcer pelo Fluminense com Marcão
E dar várias risadas com Tiquinho, meu grande padrinho
Eu era criança no meu primeiro beijo, já em Curitiba
E era mais criança por querer que ele fosse com um alguém de Aracaju
Já em Curitiba conheci o Edivaldo
E brincávamos de Jovens Titãs
Eu sempre era a Ravena (E acho que, se pudesse, seria para sempre)
E conversávamos sobre a importância das brincadeiras para o teatro
Queríamos ser atores, nós dois
E éramos crianças por pensar que podíamos seguir essa vontade
E sou criança por achar que posso seguir as minhas vontades.
Já namorei só de selinho
E já chorei por amores que nunca tive
Aos dez anos chorei ouvindo “Que país é esse”
E eu ainda não sabia muito bem o significado dessa música
Aos 12 anos eu descobri que “Resposta” podia virar a música para Aracaju
E aos 16 descobri que era “Por Enquanto”, da Cássia
Me lembro quando eu brincava sozinha na piscina de casa
Quando ninguém estava vendo, sempre
Eu brincava que a piscina era um planeta alienígena
E ficava “flutuando” pela borda, na água, tentando viver o Matrix
Eu brincava bastante sozinha
Eu era muito sozinha, mesmo com amigos
Talvez seja assim até hoje
Minhas grandes brincadeiras eram só
E meu maior trauma também foi
Naquele pesadelo real em que meus pais nunca acreditaram
E que nunca poderei provar.
Eu tinha ciúme dos meus amigos
Acho que sou assim até hoje
Eu queria estar no grupo, mas não me sentia do grupo
Mesmo fazendo karatê, minha diversão era chegar mais cedo
Para poder jogar xadrez com o professor de xadrez do Intellectus
Que se surpreendia por uma criança gostar de jogar
E como aquele relógio me deixava nervosa!
E ele disse que seu trabalho comigo estava feito
Quando empatamos, os dois com seus reis na mesa, e apenas eles
Ele dizia que eu era grande pra minha idade
E eu acreditava nele
Tão criança, tão bobinha
Eu me lembro dele
Mas quais deles se lembram hoje de mim?
Quais deles pensam “onde está aquela garotinha?”
E eu sempre penso “Onde será que estão meus mestres?”
E realmente me deprimi quando Tia Helena morreu
E fiquei muito feliz pelos pais de Manuela quererem me ver
Mesmo com ela não morando mais lá, com uma filha
E eu nunca terei a minha filha
Um marido ou uma família
Por que sou criança demais pra isso
E sempre serei aquela criança solitária
Até quando eu for necessária.

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