sábado, 4 de dezembro de 2010

Imagem (Ou "Como filosofar em um sábado de manhã)

Vejo anúncios de maquiagem, vejo loiras de cabelo liso, vejo morenas de olhos azuis, vejo mulheres de sorrisos enigmáticos estampadas em fotos na frente de cabeleireiros, e vejo máscaras, vejo atrizes do mundo real, vejo uma imagem.
Quando as mulheres normais tentam atingir a "perfeição" das modelos das fotos, pagam o quanto for necessário para se sentir bem, e para camuflar - as vezes para si mesmas - o vazio que sentem.
Mas elas não conseguem, não conseguem atingir a perfeição imposta pela sociedade porque essa perfeição não existe.
E então elas descobrem que não existe photoshop pro mundo real.
A necessidade do ser-humano de usar a imagem como forma de status é apenas seu modo de defesa. Afinal, quem daria importância para um mendigo mal vestido ou um negro de chinelos?
Mais uma vez, a idiotice da sociedade se reflete em estampas como cores e cartão de crédito.
Então eles procuram. Procuram o carro da moda, a maior quantidade que puderem ter de pedaços de papel coloridos, a aparência perfeita, a maior mansão da rua, o trabalho mais invejado, o companheiro mais notado, enfim... Procuram algo que mostre para os outros "esse cara se deu bem na vida, ele fez tudo certo".

E então ele morre.
E não leva nada, e não viveu nada.
E se ele puder olhar lá de cima o que fez da vida, vai chorar.
Não sabemos quantas vidas temos. Alguns acreditam que temos apenas essa, outros que temos várias, outros que não temos nenhuma e isso daqui é tudo o sonho de alguém que chamamos de Deus e que pode acordar à qualquer momento.
Nada confirmado, apenas teorias.
E as pessoas ainda assim continuam a perder o que pode ser a única chance delas de terem aventuras, se sujarem, se apaixonarem, sofrerem, rirem, pagarem mico.
Talvez um dia a evolução venha. Só nos resta esperar para que não demore, ou nossos filhos entraram na "Era da Imagem".
Para talvez nunca mais saírem.

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