segunda-feira, 8 de abril de 2019

Balas provando pontos

       Sou uma geradora de vida, embora seja uma pessoa totalmente decidida a não ter filhos biológicos, trabalho pela vida, e por isso planto comida. Por isso escrevo, manifesto, me emociono.           É por estar do lado da vida que sou uma amante dos direitos humanos, desprezo o autoritarismo e as formas de hierarquia estabelecidas por uma sociedade que trabalha pela morte.
       Hoje uma família negra teve sua paz destruída pelo exército, enquanto estavam a caminho de um chá de bebê, foram alvos de oitenta tiros direcionados mesmo com a presença de uma criança no carro, "eram bandidos", disse o olhar racista, só que, lógico, não eram. Sinceramente, mesmo que fossem, o caminho da punição não traz benefícios, não é papinho "paz e amor", é realidade, o sistema prisional NÃO resolve, não previne, não corrige, não impede, nada, só maltrata, fortalece o ódio e gasta dinheiro de todo mundo para depositar gente que muitas vezes não passou nem por um julgamento. Só que matar consegue ser pior que tudo isso.
       Não dá para aprovar que policiais não tenham que justificar seus crimes, não dá para aceitar que se mate primeiro e pergunte depois, não dá para fingir que o estado não é racista, higienista, elitista e violento. O estado tem sede de sangue, as pessoas tem sede de sangue, mas ninguém assume o sangue nas mãos. Votam por isso, depois tiram o corpo fora, aceitam discursos agressivos, depois dizem que não era bem assim, só que era e todo mundo sabia, porque também nunca deixou de ser.
       Não sei como terminar esse desabafo aqui, faltam palavras e tudo se embola. Sei lá. Meus sentimentos às famílias que, dia à dia, perdem mais um de seus integrantes, espero que um dia encontrem alguma justiça nesse mundo.

Nenhum comentário: