domingo, 31 de março de 2013

Na penumbra

Não quero ver ninguém. Quero me enfurnar nessa casa maldita e morrer aqui jogada entre meus cobertores felpudos.
Quero que o frio congele meus ossos e que eu não precisa ir trabalhar amanhã por ter virado um picolé. 
Quero que quando eu fale a verdade sobre algo - o que, acredite ou não, é o que acontece 90% das vezes-, você acredite, pois se eu quisesse mentir você não descobriria nunca. E eu escolho não mentir. Valorize isso.
Quero não precisar ver ninguém. Quero chegar no trabalho sendo invisível, e assim ficar até o resto do dia. Invisível como eu fui hoje, ou pior. 
Quero socar o rosto de alguém até sentir o sangue quente escorrendo pelos meus dedos, mas eu não faria isso. Prefiro acabar com um cigarro em uma só tragada. 

Quero morrer de coma alcoólico, e nem ao menos tenho bebida. 

O que está acontecendo, mãe? Por que não me deixar ir embora?

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