sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Coisas que não se vão

 Ser suicida é foda. Você nunca deixa de ser suicida, ou pelo menos é nisso que acredito hoje. Você pode racionalmente estar melhor, mais preparade para a vida, mas a verdade é que não importa, a loucura circula por aí e qualquer um pode ser a próxima vítima. Muitas vezes sou eu. Minha loucura circula a todo tempo, numa velocidade imensa e, mesmo quando o racional diz "nunca mais vou fazer isso", meu emocional berra que quer ir embora, desaparecer, que já tentamos demais e que só estamos aqui porque somos úteis para alguns. E é sincero, hoje não existe nada que me prenda nesse mundo, as coisas que amo não são motivo suficiente a partir do momento que me considero um incômodo descartável, meu cachorro, até ele, ficaria melhor sem mim.

Escrever ajuda, porque, como sempre, sinto que esse é o único espaço que tenho para me abrir. Acho que nunca fui amada, não de verdade. Talvez também nunca tenha sentido amor. Talvez paixão seja tudo que exista e quando acaba, acabou, e isso seja até bom por conta dos ideais malucos de amor romântico e blá blá blá. É tão difícil assim achar alguém que ficaria feliz ao meu lado? Entre quem nem quer estar e quem esteve infeliz, nunca achei. 

A frase "escada para autoconhecimento alheio" acaba comigo, porque nunca sintetizei tão bem o que sinto. Tenho uma lista de nomes gratos pela compreensão de, ao pisarem em mim, eu entender o porquê. Como uma idiota faria. Como só a maior das idiotas faria, quase uma Madre Tereza de Calcutá de homens adultos que não sabem o que querem. 

E no fim todos se vão e eu não conquistei nada além de traumas novos e tentar aprender a não pensar em suicídio sempre que me encontro assim, descartável, passível de receber mentiras porque... nem eu sei porque as pessoas se sentem tão à vontade. Queria saber para então impedir.

Eu sei que todo relacionamento envolve um risco, sei que pode não ser eterno, o problema não tá aí, tá em ter percebido desde o começo que eu era apenas um desafio e querer muito acreditar que não, que era sincero.

Mas que merda, eu tô muito brava comigo mesma. Brava em cair nos mesmos papinhos, brava demais por estar chorando por alguém que absolutamente não me ama, brava pelo meu ex que disse que isso ia acontecer e vai ficar feliz em saber que estava certo mesmo que não tenha sido uma pessoa melhor comigo, brava. Brava por me abrir, de novo, como uma idiota que acha que os outros podem pegar leve depois de conhecer minhas vulnerabilidades, mesmo sabendo que isso nunca nunca aconteceu antes, ninguém pega leve, não existem segundas chances comigo, as segundas chances sou eu quem dou (e terceiras e quartas, pois burra). 

Cansada de lidar com a humanidade e cansadíssima de lidar comigo mesma. Eu não vou sumir, a única segunda chance que tive na vida já foi usada e sei que se eu tentar de novo vou conseguir, não quero tentar porque não quero conseguir, sei que no futuro vou olhar tudo isso e me sentir mais burra ainda "porque chorei por alguém que cagou tanto para mim?". Só quero que esse momento chegue logo.

Por enquanto só queria sumir. Mas que inferno de existência.

Nenhum comentário: