quinta-feira, 31 de maio de 2018

eu (de sempre e por enquanto)

Uma constante sensação de estar sozinha.
Um pedacinho de mato no meio da cidade.
Barulho de sino.
Estrelas. O céu.
Malabarismo.
Lembranças do passado.
Criar simbologias.
Várias vozes na cabeça, gostar delas.
Chackra da garganta constantemente desequilibrado, bem ou mal.
Viver a vida metaforizando tudo.
Crescer os próprios sentimentos de forma intencional de forma a se sentir mais viva (funciona e ajuda a se manter no Agora).
Escrever o que não consegue falar.
Cólicas.
Insônia ou bruxismo.
Uma ansiedade tão antiga e tão intrísica que dá medo de ser o que considera "si mesma".
Me comunicar com animais com mais facilidade do que com gente.
Procurar os futuros problemas quando as coisas vão bem.
Medo irracional de decepcionar pessoas.
Dores na lombar.
Desenhos animados até ficar velhinha, se possível.
Leve vício em jogos (administrado).
Dente-de-Leão é a flor que mais me representa.
Sensação de que nunca está no lugar que deveria estar.
Mãos inquietas viciadas em cabelos.
Boca inquieta viciada em unhas.
Neuras muito fortes, que passam muito rápido e parecem patéticas depois.
Gente astral e alienígenas em geral constantemente marcando presença.
Confiança total na frase acima.
Minha casa é meu cantinho.
Questionamentos intermináveis sobre quem somos e o que estamos fazendo aqui, carajo.
Sensação de ter vivido várias vidas em uma vida só.
Sensação de ter vivido várias vidas antes dessa daqui.
Preguiça de terminar uma lista inútil e aleatória de uma forma decente.


segunda-feira, 28 de maio de 2018

esse ano abril chegou em maio

mas chegou, porque ele sempre vem
o momento da pausa, concentrar, enfim
carrasca de si
me faz bem também

devaneios

Confiança é um negócio doido e difícil de definir. Gatilhos lembram situações, e relacionar-se (de qualquer forma) é sempre um jogo onde alguém sempre corre o risco de ser machucado.
Já criei vários caminhos alternativos para as linhas de raciocínio que não me permitem abaixar a guarda e confiar, e aos poucos a vida - essa cretina - foi derrubando um à um.
Me pedem "confie", respondo "por quê?". Qual razão lógica teria pra isso se tudo sempre sempre prova que é cilada? Que nada, amigas e amigos, confio desconfiando, pelo menos por enquanto, sem previsão pra mudar. Confio em mim, se é que dá, mas sei que, nesse mundo, só eu SÓ EU não vou tentar (nunquinha) me enganar.

Narcisista que sou, me estudo e, embora não queira detalhar, refleto e vejo meus motivos, não dá, até queria mudar, mas sem base tudo despenca e não tenho como acreditar, faz parte, dolorosa é a jornada de se conhecer, mas é boa, boinha. Recomendo, até.


dramin

insônia e um pouquinho de vontade de chorar
faz parte, vai passar

domingo, 27 de maio de 2018

essa menina

ela é demais

(só isso mesmo. ela é demais)

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sem forças nem pra sentir medo

situações antigas me obrigam a refletir o quão cíclica a vida é. quando problemas são superados até mesmo ao ponto de serem esquecidos, o sacode, lembrando que nossos monstros estão vivos, só esperando o momento certo.
vivi algumas vidas que já não parecem essa, embora tenham sido. um dia fui uma menina de vestido florido, esperando no balanço com os olhos cheios de lágrima, já não parece eu, mas sou. queria poder colocar as pessoas em uma caixinha, parafraseando uma delas, mas isso não sou eu. 
carrasco. o chute do alto do ninho obrigando o vôo. nunca mais fui brisa de verão, ou nunca fui, já não sei. sei que a lama do mangue tem todas as minhas respostas, ou não, ou não.
a morte também ensina, já aprendi também, pelo visto com necessidade de reafirmar a lição antiga. talvez. a solidão tá aí também, me lembrando que, ao fim do dia, ela é minha melhor amiga, fazer o quê? ela me agrada também. são muitas vozes ao mesmo tempo, quero poder entender em vez de silenciar.
em meio à tudo isso, lembrar que dessas vozes algumas são minhas, e vem sido tão tão silenciadas por um medo irracional que quase já não tenho forças para sentir.
eu sei que tá tudo bem. mesmo nos problemas, tá tudo bem, a vida é cíclica e os bons momentos voltam também. mas cansa um pouquinho.
eu só tenho duas metas nessa vida, cada vez mais nítidas, e são daquelas missões difíceis.
eu ainda estou aqui
e vocês também!


segunda-feira, 21 de maio de 2018

E um feliz aniversário para você

Sonhei com você. Estava em uma Curitiba bem diferente, mas o medo continuava ali. Cruzei com você, foi rápido, nem me viu, mas a raiva se apossou e, no sonho, voltei meu caminho para te falar tudo que tava engasgado. Como é comum, você já nem estava lá.
Não costumo sonhar contigo, felizmente, e me perguntei o motivo disso acontecer. Abri os olhos e vi, era seu aniversário. 
Então um feliz aniversário para ti, que fazia chantagem emocional em troca de sexo, deixando-me culpada porque, afinal, "você sentia tesão porque me amava muito, eu não te amava?". Amava, amei. Nem sei por quê, sendo sincera, mas amei. Feliz aniversário para ti, que reclamou imensamente da minha proposta de abrir o relacionamento mas foi o primeiro a ficar com alguém, no dia do meu enem, e ficou muito bravo quando eu fiz o mesmo, mesmo que eu tenha esperado um bom tempo para tal. Feliz aniversário para ti, que colocava em cheque o meu juízo, me tratando por louca, como se não houvessem verdades em minhas reclamações. Feliz aniversário para ti, que propôs uma experiência com terceiros e depois me culpou imensamente por ter aceitado. Feliz aniversário para você, que me pôs de bruços e transou comigo enquanto eu chorava, cena que ainda roda tristemente pelas minhas lembranças e, tenho certeza, apenas pelas minhas, porque você deve ter passado batido por isso. Feliz aniversário para você que, depois de aceitar o relacionamento aberto, mandou mensagem para TODAS as meninas que te interessavam no facebook investindo nelas, enquanto eu dormia ao seu lado, em sua cama, na sua casa. Feliz aniversário para ti, que hoje se dá super bem no mundo circense graças ao curso que eu fui atrás para descobrir e que, quando terminamos, você jogou na minha cara que "se eu não queria vê-lo era só não ir". Você acertou, não fui, e até hoje você pega as honras da oportunidade que lhe foi dada... por mim e pelo meu esforço. Oportunidade que você tirou de mim sabendo que era isso que estava fazendo.
Desejo um feliz ano para ti, que quando terminamos me mandou mensagens furiosas falando horrores sobre o que pensava ser eu. 
E, finalmente, um parabéns imenso, gigantesco, por não ter feito absolutamente nada em relação ao seu pai pedófilo, que abusou de uma menina de 13 anos que até os 18 não viu um pingo de justiça e que só recentemente venceu a depressão. Parabéns por não ter avisado sua irmã sobre ele, parabéns pelas respostas agressivas que me deu quando perguntei se não o faria, parabéns por esconder tão bem essa história e continuar sendo o "cara legal, que não faria mal a uma mosca".
Fico furiosa em saber que uma pessoa que amei tanto era uma farsa. Fico furiosa em, com olhos de futuro, ter percebido que os sinais estavam ali o tempo todo e eu me recusei a ver. Fico furiosa com sua indiferença diante de uma história que me fez tão, tão mal.

Hoje eu poderia te desejar um sincero feliz aniversário, mas não o faço porque, sinceramente, por mim você não tinha nem nascido. É uma pena.

"Você nunca vai achar alguém que te ame como eu".

domingo, 20 de maio de 2018

Desafios

A vida é uma doidera e ontem, logo após o clique final que oficializava o post passado, vem a bomba. Abril sempre chega. Tô lidando bem, ciclo repetido e a cabeça não é a mesma de antes, coisas desagradáveis acontecem e, embora o coração aperte em preocupação pelas pessoas amadas, não podemos guardá-las em uma caixinha, realmente. 
Dói um tanto, mas consigo me distrair. Não tem porque pensar em problemas sem solução, então sigo tentando deixar de ver as coisas que acontecem como problemas. Às vezes são lições, às vezes oportunidades, tem momentos que mudam toda uma vida e a gente nem sabe, fazer o quê?
Desejo força aos meus, é o que posso fazer por enquanto. Se todo mundo segurar o peso do mundo não fica tão pesado.

sábado, 19 de maio de 2018

Cataplum

O desconforto leva ao crescimento, é verdade, mas, usando o argumento fácil, "taurina como sou", o conforto me faz bem. A solidão, as letras, a cabeça podendo se concentrar, que mal há? Muitas questões por resolver, ciclos fechando e, mesmo sem perceber, tudo está mudando, muda porque é vivo. Por vezes sinto o perigo do monstrinho hiperativo, sussurrando besteiras na cabeça e enumerando as possibilidades de tudo dar errado, mas tem horas que não tenho tempo nem para ouvir o que ele me diz, aprendi comigo mesma que eu sou meu melhor psicólogo (mal-paga, inclusive), mas consigo ser feliz (meu segredo? não digo mais, quem entende?). Conforto não tem a ver com luxo, conforto é um estado, é o silêncio mental onde se torna possível seguir apenas uma linha. É límpido, e ensina também. 
A vida vai bem, mesmo quando não está, não se trata mais de ter ou não problemas, se trata de jogo de cintura, se permitir vivenciar. Quando o monstrinho se cala fica mais fácil, e bem sei o quanto gosta de falar, e logo que sua própria voz- já cansada- argumenta contra o medo, ele aumenta a aposta e deixa o jogo ainda mais difícil. Eu sei, convivo com ele faz tempo, conheço sua forma de agir e sei o quanto dói encontrar lógica em vários dos argumentos dele, mas é só um monstro, o que sabe da vida? 
É tudo muito estranho, mas a verdade é que nem é tão novo, e já cheguei até aqui. Eu ainda estou aqui. Vou continuar até onde o choque das bolinhas permitir. Além disso, esse monstro não surgiu do nada. Foi criado, pensado e disseminado por todo um sistema que tem prazer em ver os outros sofrerem.
Não vou dar esse gostinho, não.

sábado, 12 de maio de 2018

X

Era um festa muito louca, todo mundo presente, umas comidas gostosas e muita gente embriagada. Eu andava de roda em roda, conhecendo desconhecidos, revendo amigos, procurando os parceiros que vieram comigo. Vi um deles de relance, tava sem camiseta e usando um sutiã branco, notavelmente muito bêbado. Suspirei e fui para fora fumar um tabaco.
A festa parecia estar acabando e muita gente esperava o chuvisco acabar, sentados na escadaria de degraus grandes, para poderem ir embora. Olhei para cima, sentindo as fracas gotas de chuva no rosto, e depois para baixo, arrependendo-me de ter deixado minha mãe - sentada em algum lugar lá dentro - ter escolhido minha roupa. As nuvens pareciam estar indo embora, constatei, e algo na parte mais aberta do céu me chamou a atenção. Um punhadinho de luzes bem próximas uma das outras, cada uma com intensidade e cores diferentes, embora nenhuma fosse muito grande. No topo delas, quatro luzes formavam um padrão de cruz que eu já tinha visto inúmeras vezes no céu. Algo piscou forte e tudo mudou rapidamente. Cada minúsculo pontinho brilhante se moveu em uma direção, formando algo que me remeteu à luzes de um aeroporto, vistas de baixo. Em uma parte do desenho celeste, algo como uma pista de pouso, e o movimento de tudo aquilo me deixava meio zonza.
Ninguém mais parecia ter visto, e avistei a nuca de um amigo um pouco à frente. Corri até ele e apontei, tentando manter a voz em um tom controlável.
- Cara, olha isso.
A expressão dele mudou, como se entrasse em transe, e outras pessoas repararam no meu gesto e seguiram o movimento.
Algo invisível se chocou contra a formação luminosa e vários pontinhos menores explodiram em pedaços. Algo na minha cabeça apitou. Nunca havia considerado a ideia de alienígenas como algo perigoso, mas uma compreensão se espalhou pela minha mente: eles estavam nos defendendo de algo.
- São... são naves? - Uma mulher idosa sussurrou atrás de mim, todos ao redor com um semblante assustadoramente calmo, como se estivessem dopados.
- Oi, pessoal, fiquem calmos. Vocês estão seguros. - Uma voz masculina e tranquilizadora ressoou em todas as cabeças, mas a curta risada nervosa que ouvi no final da frase me contava que não estava tudo tão bem assim e, como para confirmar minha opinião, outras naves desabaram, vítimas de um ataque silencioso. Dessa vez os destroços cairam na quadra em que estávamos e alguém gritou de forma absurdamente controlada, o olhar de quem não estava presente:
- Procurem abrigo!
Saí correndo, obrigando meus pés a encontrarem sentido no chão, e meus pensamentos corriam em direção à todas as pessoas que eu deveria encontrar, com foco no meu parceiro -visto mais cedo com o sutiã e aspecto bêbado dando em cima de um menino louro. Eu sabia que, juntos, a gente poderia ter alguma utilidade para a situação. Não fazia ideia do quê, mas corri, a direção não importava muito.
Acordei no meu quarto, luzes apagadas e a sensação de que ele estava cheio de gente, gente preocupada comigo, como um leito de hospital. Meu coração palpitava furiosamente e eu estava com um medo irracional de encarar a janela e acabar enxergando alguma luz lá fora. Acordei meu companheiro e contei tudo. Centenas de vozes enchiam minha cabeça e diversas sensações passaram pelo meu corpo, e eu sabia que, seja lá o que fosse a multidão invisível em meu quarto, eles sentiam culpa. Soltei algumas risadas nervosas e fiz piadas dramáticas em voz alta, apenas para cortar um pouco do nervosismo e da tensão presente. Eu não estava brava, exatamente, só assustada e incapaz de olhar pela janela. Não queria que pensassem que eu preferia não ter passado por isso, ainda mais depois de tanto tempo pedindo para acabarem com o bloqueio que eu mesmo tinha colocado. Mas o medo, aiai, o medo é a barreira mais difícil de avançar, e mesmo com ganas de meter o pé na porta que leva ao abrir de mentes, o palpitar do coração me lembra que eu sou pequenininha, pequena demais. Ainda.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Repondo arestas na cabeça

Uma criança solitária, rodeada de pessoas que não sabem lê-la, nada mudou tanto.
"As pessoas mudam", me diziam, "mas o mundo não, o mundo é assim, menina", e eu simplesmente não conseguia acreditar, porque ao mínimo teste do pescoço e abrir de corações, mudou. Bem nova, a promessa: vou mudar? Vou. Mas sempre serei eu. Quantas vezes gestos considerados bobos salvaram vidas? Quantas vidas o sistema por si só não faria questão de serem salvas? Venci o sistema, eu venci. Mesmo presa, sufocada, sofrendo dores de toda uma alma, eu venci porque sei amar, não falo de amor romântico, falo de amor, reconhecer o próximo como um universo próprio, um universo lindo, como é bom conhecer gente.
Deixo um pedacinho de mim em cada um, com a distância é fácil notar, nunca somos esquecidos, mentem tanto para nós.
Uma criança solitária, cada vez mais velha, milhões de memórias enevoadas, momentos, foram tantos os momentos, pensei muito em desistir. Mas eu ainda estou aqui. E você? Você também, seguimos todos, a luta diária amaldiçoando a experiência com a ideia de pagar para viver, mas quem pagaria minhas lembranças?
Pessoas passaram, pessoas passam, roda moinho. Meus maiores ensinamentos vieram de moradores de rua, como não? Diante da proposta "ouço desabafos e é de graça", trabalhar na rua, melhor escritório, quantos aprendizados sobre a solidão, a minha não, a de quem fala sem ter quem ouça, mas eu ouvi. Ouvi porque me agrega, ouvi porque todos merecem ser ouvidos, por que não?
"Não ouça o que ele te diz", falei para aquela mulher, bolando o tabaco dado porque seria mais rápido para nós duas, "você merece ser feliz", e larguei a ocupação no mesmo dia, porque minha luta estava mais com ela do que com eles. Por que não? Se sempre foi assim.
Um dia gourmetizei meu projeto, levei pra academia, sempre fui discreta em relação ao que fazia, principalmente naquele ambiente hostil que nunca admitiria a importância do meu trabalho por não captar o lucro. Demorei dois anos para explanar para meus professores para quê vim ao mundo artístico acadêmico e qual meu objetivo, mas nada vai tirar a impagável surpresa do rosto deles, e meu senso de vitória ao fazê-los perceber que o que faço faço a muito tempo, e não preciso do aval deles para fazer. Chutei o balde, escrachei a ideia: Eu vim para ouvir quem nunca tem voz, mas vocês não vão entender porque não existe vitória alguma nisso, apenas compartilhamento de dores.
Meu trabalho é de cura, mas sem o papo de "ser de luz", eu trabalho pela sombra. É na sombra que a emoção acontece, o racional se dispersa e resta apenas o sentido, sentindo estar vivo, quantas vezes sentimos falta dessa sensação?
Uma criança solitária, sempre aprendendo. Mesmo acompanhada, só vou vivendo, porque dentro da cabeça tenho meu próprio universo, o resto é resto, e na minha guerra diária ninguém sabe nem metade, faz parte, me sobra muita saudade e a certeza de que nada -nada- foi em vão.