Aos poucos entendo, e dessa vez a culpa nem tanto acomete, tô aqui pra ser feliz, não a felicidade de quem fecha os olhos para todo o resto, mas a felicidade de quem sabe conviver bem consigo mesma. Lógico, ainda estou longe, mas me vejo num caminho, finalmente, depois de tempos de neblina, um lampejo. O futuro. Ver o mundo com olhos de futuro é bem mais fácil, mesmo quando não parece, porque o entendimento não tá no presente, no presente a gente sente o golpe, no futuro entende o por quê.
Tô aqui pra valer. A ansiedade, depois de incontáveis anos, começa a ser trabalhada, sem remédio, sem nada, apenas no me amar, com ela ou sem, aprender a lidar. Ainda durmo mal (quando consigo dormir), ainda sinto dor na lombar (mas alongamentos tão adiantando, não 100% mas tão), ainda tenho energia acumulada nos olhos (sei lá como vou lidar com essa bosta), ou seja, meus problemas físicos continuam aqui desde a mudança, meus problemas de cabecinha também, mas aqui eu me importo, aqui eu não desisti.
Eu ainda não sei definir o que mudou tanto, porque tô com olhos de presente, mas sei que foi bom como eu inacreditavelmente sabia que seria, e tô desacostumada em acertar assim, ainda mais sem argumentos. Mas foi bom, tem sido bom, mesmo com muito mais perrengue. Parece que eu tô mais fixada em mim, lembro mais o que sou e pra quê eu vim, me importo menos com que geral tá pensando.
Quando cheguei nessa casa, o fundo do quintal era só areia e um coqueiro. Na primeira semana brotou uma plantinha que eu não reconheci. Cresceu entre o concreto e a areia, bem louca, até que as formigas vieram e arrancaram todas as folhas dela, deixando só o caule. Ela sobreviveu, ficou um tempo meio debilitada mas sobreviveu. E foi crescendo, foi crescendo, brotou semana passada e era dente de leão, minha flor preferida (e o buquê mais difícil de dar pra alguém). A mensagem tá aí, a resposta que já pedi e recebi mil vezes e sempre volto a esquecer, sei lá o porquê.
É
a mensagem!