Mas que aninho! Muita coisa aconteceu, do bom ao ruim, mas não vou mentir que mais pro ruim (perdi muita gente).
Ainda assim avancei muito, ano de gente brava e eu fui brava. Sigo na faculdade, sigo nos trampos, ajudando meu coroa, tentando me conhecer melhor. O ano foi ruim, mas tô feliz comigo.
Vamos lá.
Janeiro!
Ganhei um pote de biscoito da minha mãe, daqueles redondos de metal, me lembrou da vó Zilda e eu chorei, feliz. Foi um mês cheio, tava trabalhando para o portal, fazendo transcrições, cuidando do airbnb aqui e ainda tentando agilizar o que conseguia (à distância) para o casamento da Manu. Minha mãe tava com o tratamento meio em pausa pelo recesso de fim de ano e eu fiquei levemente desesperada com isso, mas depois rolou (a continuidade do tratamento, no caso, porque, spoiler, minha mãe morreu).
Também saí com um pessoal e fomos conhecer um lugar novo onde pessoas ficam mascaradas fazendo coisas que adultos fazem. Foi divertido, até.
Fevereiro!
Mês começou comigo chegando em Curitiba, ou seja, aquela farra de sempre, trombar Kinhus, o povo, dei uma discutida com um amigo e até hoje tô orgulhosa porque mandei demais na briga (já estamos de boas). Lá passei pelo casamento da Manu (foi ótimo), dei uns beijos de bêbada num amigo (foi ok), arranjei um crush que falo até hoje (bonitão ele, mas nunca nem beijamos, risos) e, muito importante, me matriculei na faculdade (mas as aulas só começariam em abril). Curti Curitiba sabendo que ficaria um belo tempo sem voltar, até porque Zil estava se mudando para Aracaju, então seria uma pessoa da família a menos para ver (visto que minha outra irmã de lá vem para cá com certa frequência). No fim do mês me demiti do portal.
Março!
Fiquei até dia 18 em Curitiba, o que, olhando agora, parece meio inacreditável. Quando voltei para casa, sem emprego e com a bagunça de quem tem bicho e passou um tempo fora, passei um tempo resolvendo minha vida, reestabelecendo as coisas, cuidando dos meus coroas. Também recebi Manu e Otávio aqui uns dias, o que foi super legal. Foi um mês bom, no geral, saí com os amigos daqui, peguei uma praia, curti meus pais. Foi um mês bom. No último dia do mês, minhas aulas começaram e dei início ao primeiro semestre em jornalismo (pela terceira vez na vida).
Abril!
Nesse tempo todo eu estava escrevendo um livro que, no fim do ano passado, fui contratada para fazer. A meta final era Abril e, no dia 30 do mês, finalizei ele. Tudo isso enquanto passava a me inteirar das mídias do momento (Ainda estou aqui, muito bom, e Wicked, suficientemente ok). No dia 12, perdi minha prima Fafá, seria a primeira morte do meu ano, o que eu ainda não sabia, e ela se foi de repente, então fiquei meio sem chão.
Maio!
No dia 3 minha mãe foi para o hospital e passei a noite lá com ela. Foi esquisito, dolorido e ela estava doida de morfina, mas consegui fazer ela rir em vários momentos e ela repetiu muitas vezes como se sentia grata por conseguir ser feliz numa situação daquela (a morfina com certeza ajudou). Foi aí que percebi que minha mãe não teria muito tempo e passei a ter medo que ela morresse próximo ao meu aniversário, porque isso teria capacidade de me marcar para sempre. Felizmente não aconteceu, ela voltou para casa, Luiza veio para cidade e conseguimos passar um bom e último dia das mães. Meu aniversário foi perfeito, virei a noite na praia com Vitor e Pedroso e, se melhorasse, estragava. Também recebemos a notícia que, depois de muitos anos de espera, um estuprador que denunciamos como família foi preso. No último dia do mês, mais uma perda, Otávio, amigo da família desde que me conheço por gente.
Junho!
No começo do mês tive ótimos momentos com minha mãe, fiquei muito na casa dos coroas porque sempre tinha que ter alguém com ela, foi um momento bem cansativo, mas cheio de boas lembranças, sei lá, quando a gente sabe que algo vai durar pouco a gente valoriza mais?
Então, no dia 16, ela voltou para o hospital, dolorida, confusa, a única ali que não sabia que ela estava partindo. Me despedi dela no hospital, quando a morfina começou a fazer efeito e sua dor diminuiu, e é um dia de memórias muito doloridas. Lá para as duas da manhã do dia 17 ela morreu, dormindo, meu pai do lado, e foi a última vez que vi minha mãe com vida. Não chorei, passei pelo velório rindo e fazendo muita piada, mas deixando claro para todos: eu estava com raiva, meu sentimento era, naquele momento e por um bom tempo depois, raiva. E a certeza de que, se existir algum deus, ele/ela vai se ver comigo quando for a hora.
Mas a vida precisava seguir, e seguiu. Meu tio Barney veio para a cidade, o que foi ótimo e distraiu meu pai no momento certo. Fomos para o São João, soltei altos fogos; fui na igreja messiânica, a qual não sigo, mas minha mãe gostava, para rezar por ela; o resto foi burocracias com advogados, pensões, inventários, etc.
Julho!
Segundo semestre da faculdade, muita correria de advogado e, por um acaso da vida, meus dois tios paternos estavam indo para um festival na Barra do Cunhaú (onde um deles mora) e eu, meu pai e Zil fomos e lá é um local incrível. Tava vivendo o luto, mas sofrendo comendo ostra.
Agosto!
No começo do mês fui no casamento de Bia e foi lindo. Minha irmã Bela veio com a família para cá, fazia mais de quinze anos que não os via! Foi bom ser mimada por uma irmã mais velha, Bela presta atenção nas coisas mesmo quando parece que não e, em uma que ouviu que eu gosto de cavalo, me levou para andar em um (anos que eu não fazia isso!), foi ótimo. Curti bastante a presença deles aqui, meus sobrinhos também são ótimos! Só que, nesse tempo, perdi o melhor gato que já tive na vida, o Fora-da-Lei, de um dia para o outro e até hoje choro aleatoriamente por isso.
Setembro!
Bela voltou para casa e eu saciei toda (ou boa parte) da minha vontade por vingança vendo o julgamento do genocida do Bolsonaro. Também recebi a Amandinha aqui em casa, Zil veio dormir aqui alguns dias, dei uma focada forte na faculdade e a vida foi basicamente dia após dia tentando viver feliz.
Outubro!
Sinto que foi aqui que minha cabeça voltou a entrar nos eixos (ou pelo menos na minha loucura normal). Voltei a usar minha agenda, me disciplinei a escrever um pouco mais, ajeitei algumas coisas na casa que melhoraram um tanto minha qualidade de vida. Quando tudo parecia estar se ajeitando, no dia 19 o meu amigo Aurélio foi assassinado pela polícia, dentro da própria casa, com todos os jornais difamando e mentindo sobre a história. Então boa parte do fim do mês foi engolir minhas mágoas sobre Matinhos e conversar com qualquer pessoa que fosse necessário para tentar contar a história real para o máximo de pessoas possível.
E então o início dos aniversários da minha família, anunciando a iminência do fim do ano.
Novembro!
Começou, por sorte novamente, com meus tios paternos aqui na cidade, curtimos muito, fomos na Croa do Goré, fomos no cinema assistir O Agente Secreto (meu tio tá no filme), conheci uns atores e atrizes que admiro bastante, foi um tempo bom. Também rolou o Pré-Caju e foi massa, zero crise de ansiedade independente do calor absurdo e subi num trio elétrico pela primeira vez.
No meio do mês eu finalizei o segundo semestre da faculdade, passando enfim o meu recorde pessoal de curso de jornalismo.
Dia 22, Bolsonaro preso. Foi uma delícia.
Também fui atrás de emprego, consegui um trabalho freelancer que vai até fim de dezembro e fui em uma entrevista que acabou rendendo outra entrevista.
Dezembro!
Foi um mês bem cheio, bastante trabalho, a chegada do Kinhus (com três dias de atraso graças ao ciclone em São Paulo) e, com a chegada dele, nosso novo hábito de ir para casa do meu pai andando (ou às vezes voltar, de noite e bêbados, é ótimo). Ontem foi aniversário dele e passamos um dia bom com meu pai, Sheila, Vitor, Iago e Thaís, pegamos piscina, praia, piscina de noite, enfim, dias bons.
Não sei o que vai ser do futuro, mas, depois de um ano onde boa parte dos meus medos se concretizarem e ainda estou aqui, bom... ainda estou aqui. Mais triste, mas mais confiante e, sem dúvidas, bem mais forte. Espero conquistar mais coisas em 2026, ver qual dos dois bons empregos que me foram oferecidos vai fazer mais sentido com o que busco, terminar meu terceiro e quarto semestre, fazer uma tatuagem nova porque não aguento mais essa abstinência eeee cuidar mais da minha saúde. Vai ser um bom ano, nem que seja na marra.
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