Estive por muitos invernos esperando a primavera
hoje aprendi a ver beleza na época morta
quando não temos mais nada, o que resta é quem somos
vale a pensa se conhecer
porque no final estamos sozinhos
como
sempre
eu ainda estou aqui, e você?
de tantas tardes coloridas onde o choro se fez valer
eu sobrevivi àquele pôr-do-sol
eu sobrevivi ás traições
eu sobrevivi até à culpa
aquela culpa decadente que transformava o meu eu em um animal acuado
cuidado
lutando contra nós mesmos com aquelas escolhas
quantas escolhas te angustiam até hoje?
e na auto-expressão manifesta-se as palavras bobas
nada que saia da boca
apenas aquilo que há
eu não consigo evitar lembrar
tantos tropeções a ermo
tantas tentativas egóicas de ser alguém admirado
cuidado
nada somos além de nós
e o resto é vaidade
escrevo para mim mesma
buscando a auto-piedade
sem métrica, sem rima, sem palavras bonitas
todas as máscaras cairam, ainda bem
mesmo não sendo ninguém sou alguém
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