quinta-feira, 21 de julho de 2016

desco-nexo

Estive por muitos invernos esperando a primavera
hoje aprendi a ver beleza na época morta

quando não temos mais nada, o que resta é quem somos
vale a pensa se conhecer
porque no final estamos sozinhos

como
sempre

eu ainda estou aqui, e você?
de tantas tardes coloridas onde o choro se fez valer
eu sobrevivi àquele pôr-do-sol
eu sobrevivi ás traições
eu sobrevivi até à culpa

aquela culpa decadente que transformava o meu eu em um animal acuado

cuidado

lutando contra nós mesmos com aquelas escolhas
quantas escolhas te angustiam até hoje?

e na auto-expressão manifesta-se as palavras bobas
nada que saia da boca
apenas aquilo que há

eu não consigo evitar lembrar 
tantos tropeções a ermo
tantas tentativas egóicas de ser alguém admirado

cuidado

nada somos além de nós
e o resto é vaidade

escrevo para mim mesma
buscando a auto-piedade
sem métrica, sem rima, sem palavras bonitas
todas as máscaras cairam, ainda bem

mesmo não sendo ninguém sou alguém

Nenhum comentário: