quinta-feira, 28 de abril de 2016

E o futuro?

Eu ainda sou cheia de perguntas. Ainda não sei quem sou e pra onde vou.
Fui criada imaginando que existia uma "forma" do mundo ser, algo tido como certo e imutável. A adolescência, sem aviso, quebrou minhas ilusões e me puxou pro mundo real, esse mesmo que é muito cruel, muito planejado, mas uma ilusão. Nós vivemos uma ilusão. E se eu achava que o mundo era algo fixo, "o mundo é assim mesmo", é porque eu fui ensinada a não contestar e sim a seguir regras.
Eu não sei em que momento da minha socialização isso mudou (talvez eu devesse até reler esse blog inteiro pra tentar entender), mas ao olhar pros lados e ver que a realidade vista era diferente daquela em sala de aula, comecei a perceber que havia algo muito errado. Por que me ensinavam mentiras? E por que eu tinha que aceitá-las mesmo vendo situações diferentes das apresentadas?
Meus professores não queriam pensar em respostas pra isso, meus pais também não tentaram, porque nem percebiam a mudança que acontecia na minha mente. 
Sem direcionamento, fui educada (ou não-educada) pela internet. Venho da primeira geração com acesso à internet, sem nenhuma geração anterior para ensinar a usar, a separar o que é verdade e o que é mentira.
Aprendi muito mais com meus amigos e nossas discussões filosóficas enquanto bebíamos horrores do que com a escola. Aprendi muito mais sobre política tentando derrubar a diretora o meu colégio no ensino médio (que era escolhida a dedo pelo governador) do que nas aulas em que se falava no assunto.
Na infância me ensinaram que eu poderia ser o que quisesse ser. Só esqueceram de contar que eu deveria estar no mercado de trabalho, ou eu nem seria digna de ter opiniões (nem vou entrar no mérito de eu ser mulher e, por isso, já perder espaço automaticamente). Desde sempre eu queria ser escritora, inclusive sou, porque escrevo. Claro que o rótulo só me caberá quando eu publicar algo (o mercado de trabalho...), mas não importa, ser escritora é parte do que sou, senão a maior parte. Mas eu não posso ser o que quero.
Saindo do ensino médio, obrigação de entrar correndo numa faculdade. Por quê? Porque o mercado tá aí, menina, você vai ter que começar a pagar por estar viva. Escolhi jornalismo, baseada numa vontade de escrever e ainda poder trazer informação para o povo, poder derrubar políticos. Preciso apontar a utopia da minha escolha? 
Jornalismo foi um tapa na cara. Duas vezes, porque foram duas faculdades sobre. Eu não tinha tempo para pensar sobre o que eu queria, eu TINHA que estar em uma faculdade, o mundo estava vindo na minha direção e eu tinha que ter dinheiro para pagá-lo.
Eu ainda tinha uma ideia de mundo onde eu deveria seguir um roteiro. Quem estuda consegue trabalhar, e quem trabalha pode se manter e ter independência. 
Ainda acho essa uma das maiores mentiras já contadas, para mim e para toda uma geração que tá quebrando a cara ao ver que diploma não é garantia de nada.
Hoje busco valorizar o aprendizado real. Aquele que fala do mundo real, da humanidade real, da história real. Aquele que a Academia tenta de todas as formas abafar.
Existe um lado de mim que ainda tem muito forte a necessidade de buscar o diploma com todas as forças, de completar os sonhos dos meus pais. Meu lado mais íntimo não se importa com o diploma, não se importa com um pedaço de papel. Meu lado mais íntimo morre de medo do mercado de trabalho, porque não sabe se eu quero ou não ser uma arte-educadora, e principalmente se vou ter capacidade para tal (porque outra ilusão quebrada é de que a faculdade trás respostas).
Não tenho interesse de conseguir meu salário no final do mês e ensinar às crianças as mentiras que me ensinaram. Não quero trazer esquizofrenia ideológica para toda uma geração, como fizeram comigo, para garantir um salário de merda no final do mês e poder comprar as coisas que dizem que eu tenho que comprar e ter a vida que dizem que eu devo ter.
Eu quero completar essa faculdade, juro que quero. Quero completá-la porque gosto do assunto, porque gosto do Plano Político Pedagógico dela, porque acredito (uma das ilusões que talvez eu também quebre ao longo do percurso) que ela possa realmente trazer mudanças ao redor.
Percebendo isso, noto que não preciso do diploma. Eu vou tirá-lo, quando for o momento certo, mas não por obrigação. Não vou fazer a faculdade correndo porque o diploma é mais importante do que o real aprendizado. Se eu precisar, reprovarei mil vezes até entender o que quero entender, e não vou me sentir mal sobre isso, porque agora eu sei qual a verdadeira importância de uma faculdade, e não tem a ver com o mercado de trabalho, mesmo que tenha todo um mundo dizendo que é isso que importa.
Bato o pé, ergo a cabeça, e declaro agora que todas as perspectivas postas em mim podem ir por água abaixo, eu não me importo mais. Eu já sei pra que mundo vim, e já sei o que vim fazer. Não me importo com seus conceitos de "a vida tem que ser de tal jeito, você tem que agir de tal jeito...". Aceito agora que não existe segurança nenhuma sobre o futuro, e achar que o diploma trará é entrar nesse looping de frustração que participa da minha vida a anos. 
Minha própria irmã me alertou de que devo me divorciar dos sonhos e expectativas que eu agarrei dos meus pais. 
É verdade, diferente do que eles próprios acreditam. Eu sempre estive pensando neles em cada decisão que tomei na vida. O tanto de coisa que eu teria feito diferente não cabe no papel, e não falo isso culpando eles, a escolha foi minha. Eu não a fazia conscientemente, é verdade, mas ainda tem mais a ver comigo do que com eles. Mas é hora de dizer chega, porque eu tenho quase 23 anos e ainda olho para trás buscando uma aprovação dos meus pais que nunca vem, quando deveria estar olhando para dentro e constatando sozinha o tanto de coisa que faço, por mim e pelos outros. É hora de assumir pra mim mesma que eu valho a pena, porque nunca serão os outros que dirão isso pra mim, e o erro vem de mim em esperar. Andei muito sozinha nos últimos tempos, sentindo falta de apoio de gente mais velha, que me dissesse "relaxa, menina, você tá indo no caminho certo". O apoio não veio, e nem tinha como vir. Gente mais velha tá longe de saber qual é o caminho certo, porque não existe um caminho certo.

Muito mais leve, me assumo dona da minha vida, pronta para brigar sem medo pelos assuntos que desejo brigar; pronta para estudar o que eu quiser; pronta para sobreviver nesse mundo difícil COM ou SEM diploma, porque o diploma não torna o mundo menos difícil. 
Estou pronta para me mudar de um dia para o outro; pronta para seguir com a faculdade ou trancá-la, o que EU desejar; pronta pra mim. 
Vai ser difícil assumir as consequências de todos os meus atos sozinha.
Mas, afinal
não foi sempre assim?





sexta-feira, 15 de abril de 2016

O que dizer, né? Sorte no amor, eu acho.

Faz tempo que não escrevo aqui, e motivos são diversos. Minha vida mudou muito de uns anos pra cá, e acho que não preciso mais usar tanto esse blog como um desabafo. Ultimamente, pensei até em desativá-lo, mas não o farei. Não é necessário, porque nada ocupa espaço na internet, e vou gostar de ler as besteiras que eu escrevia (e continuo escrevendo eventualmente).
Hoje não vim desabafar, hoje eu vim agradecer. Os processos pelos quais passei no final de 2014 e no começo de 2015 me ajudaram a aprender o quão bem consigo ficar sozinha, e hoje não tenho mais medo da solidão. E então, posso escrever um texto meloso. Tenho esse direito, há!
Tenho estudado muito meus antigos relacionamentos. Percebi que acabei esquecendo de muita coisa de uma forma não-natural, como se eu estivesse tentando esconder coisas de mim mesma, e na verdade estava. 
Todo relacionamento, quando acaba, deixa algumas cicatrizes. Isso é normal, justificável, blá blá blá. No meu caso, o difícil foi perceber que o relacionamento que tive, o qual eu sabia ser cheio de erros e regras, não foi algo fruto da ingenuidade de alguém. Difícil é admitir para mim mesma que fui enganada, que boa parte (se não tudo) foi pensado, calculado, para minha auto-estima cair.
Ainda não consigo encarar como FATO que as coisas que aconteciam comigo, como pressão para transar ou chantagem emocional, não eram frutos de ignorância. Eu AINDA sinto que fui o monstro em meu relacionamento, porque isso me foi empurrado e tão internalizado que ainda é complicado pensar de outra forma. Mas eu sei que não fui. Eu não sou perfeita, tenho mil defeitos, mas eu não fui um monstro em meu relacionamento. Eu só fui boba de acreditar, e arrogante demais para aceitar que estava sendo enganada. E muito bem trabalhada para pensar que refletir sobre essas coisas eram paranoias. 
Esse tipo de coisa me limitou muito a uns tempos atrás. Falo de coisas como ter medo de me relacionar, ou sentir grande angústia quando algo que acontece me lembra daquele tempo. 
Mas não minto quando digo que esse post é um agradecimento. 
Primeiro, um brinde à mim. Esse ainda é um assunto delicado, e eu tenho tido a coragem de lidar com. Isso envolve ficar meditando, buscando lembrar das coisas esquecidas e tentando não me afogar com a quantidade de sentimentos negativos que essas lembranças acarretam.
Depois, um brinde ao Iago. O Iago tem sido um bom apoio nesse processo, me apoiando, me RESPEITANDO, continuando com sua paciência infinita. Eu agradeço por ele nunca ter usado a frase "ninguém nunca vai te amar como eu" (até porque, hoje em dia, se alguém me fala isso vou embora imediatamente), e por não confundir amor com dependência. Agradeço porque, juntos, não pensamos em um relacionamento confortável, pensamos em uma evolução mental e espiritual, algo constante, sempre em frente.
Sou muito feliz pela presença dele na minha vida. Se um dia eu acreditei que ninguém me amaria do jeito que eu sou, hoje eu sei que quem diz isso é o tipo de cara que não sabe amar (e o mundo está cheio desses, prontos para manipulações psicológicas de garotas desavisadas). 

Pronto, taí, com cheirinho de melado.
(Prometo não excluir o blog)
(eu não conseguiria)