domingo, 17 de maio de 2015

Conta gotas

Chegou a tempestade, veio sem anunciar
com gotas coloridas embaçou o meu olhar
em meio à calmaria que um dia pensei ter
foi dentro do furacão que pude me conhecer

Pulei de um trampolim em rumo à imensidão
no vácuo silencioso que era meu coração
Eu parei, eu pensei, eu saí do chão
encontrei em seus braços alguma proteção
encontrei em você a conhecida solidão

(ô menino, me dá a mão)

rodopiaremos no infinito dessa situação
eu conheço os seus medos e conheço o perdão
e os próprios sentimentos que escapam sem noção

(ô menino, me dá a mão)

Você sofreu no dia cinza, eu sofri também
mas é claro que sabemos: há males que vem pro bem
descobrindo o abismo pulamos do trampolim
e na noite estrelada sabíamos já ser assim

E chegou a tempestade, veio sem anunciar
e eu só a percebi porque a vi em seu olhar
quando ela foi embora deixou tudo devastado
obrigou o desapego, reviveu o meu passado

(ô menino, me dá a mão)

Correndo em meio as cinzas daquilo que restou
das nuvens de abril um raio despontou
iluminando a noite eu pude recordar
escuridão é passageira e pode confortar

Mas no meio dos destroços nasceu uma flor
encolhida dentre o cinza ainda mantinha sua cor
e é claro que sabemos: há males que vem pro bem
e se ela conseguiu sei que posso também
e se ela conseguiu sei que posso também!

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