Hoje acordei, tive psicóloga (graças aos bons deuses) e, como desgraça cai na segunda, muitas coisas aconteceram. Mas vamos pelo cronológico.
Peguei minha receita. Trabalhei. Estudei. Lavei a louça. Lavei roupa. Fiz, logo cedo e por ordem de chatice ou dificuldade, tudo que eu precisava cumprir.
E aí meu pai mandou um áudio confirmando uma possibilidade ruim, mais uma entre tantas que têm rolado. O que a Maia tinha era terminal, ela já estava com dor, recusando os remédios para aliviar mesmo se escondesse bem.
A vida pega a gente bem rápido, né? Eu sabia que era uma possibilidade, isso já tinha sido conversado, mas eu não queria acreditar que seria tão de repente. Maia partiu hoje, agora a pouco, na verdade. Teve companhia, não sofreu, além de tudo, estava muito velhinha. Ainda assim eu queria ter dado um último carinho, pelo menos ter estado lá. Mas não dá para estar em todos os lugares, nunca deu, parece que nem mesmo emocionalmente, visto que está doendo e eu não consegui dar nenhuma lágrima.
Eu vou sentir uma falta grande da Maia, queria que, de alguma forma, ela soubesse disso.
A psicóloga lançou hoje uma metáfora que gostei, disse que estou finalmente buscando minhas malas em Curitiba, faz muito sentido para mim. Fico feliz que minha última lembrança com a Maia não tenha sido aqui, mas lá, rindo porque ela fugiu e foram encontrar ela dentro de um mar, tirando a maior onda, surpreendendo todo mundo que achou que ela odiava água. Talvez só água doce, pelo visto.
Foi uma vida longa e boa, e segue sendo um saco aceitar a morte. Parece que, com tudo que está acontecendo, é como uma figura rondando. Sempre esteve, na verdade, falei durante anos sobre o assunto nesse espaço virtual. Mas é sempre uma droga quando não dá para escapar do fato.
Enfim, seguimos. Eu ainda estou aqui, espero que vocês também.