domingo, 1 de janeiro de 2023

Tudo tem seu tempo

 Eu entendo a noite como um oceano

Que banha de sombras o mundo de sol

Aurora que luta por um arrebol

Em cores vibrantes e ar soberano

Um olho que mira nunca o engano

Durante o instante que vou contemplar


Além, muito além onde quero chegar

Caindo a noite me lanço no mundo

Além do limite do vale profundo

Que sempre começa na beira do mar

É na beira do mar


Ói, por dentro das águas há quadros e sonhos

E coisas que sonham o mundo dos vivos

Há peixes milagrosos, insetos nocivos

Paisagens abertas, desertos medonhos

Léguas cansativas, caminhos tristonhos


Que fazem o homem se desenganar

Há peixes que lutam para se salvar

Daqueles que caçam em mar revoltoso

E outros que devoram com gênio assombroso

As vidas que caem na beira do mar

É na beira do mar


E até que a morte eu sinta chegando

Prossigo cantando, beijando o espaço

Além do cabelo que desembaraço

Invoco as águas a vir inundando

Pessoas e coisas que vão arrastando


Do meu pensamento já podem lavar

Ah! no peixe de asas eu quero voar

Sair do oceano de tez poluída

Cantar um galope fechando a ferida

Que só cicatriza na beira do mar

É na beira do mar