vamos todos morrer. é só um fato, mesmo que eu nem acredite que a consciência acabe com o fim do corpo, temos um corpo, e no fim ele acaba.
o uso desse corpo durante a vida provavelmente é objeto de estudo de milhões de biólogos, filósofos, sociólogos e etcs por aí, nem vou me aprofundar nisso, até porque isso é uma reflexão despretensiosa, não um projeto de tese, mas o ponto que quero chegar é: a morte é certa, estamos no meio de uma pandemia, estamos em uma crise política bizarríssima, quarentenados, lidando com os próprios monstros e, mais importante do que tudo isso, estamos vivos. Nossa morte é certa.
esse não é um texto de desistência. na verdade, esse pensamento, no auge da minha ansiedade, me deixa tranquila. Minha morte é certa, então todos meus temores são infundados. Qual uso quero dar para meu corpo nessa experiência?
eu não gostaria de morrer jovem, não gostaria de ser vítima de um vírus como esse e me dói ver pessoas morrendo única e puramente pela falta de políticas públicas, a gente não escolhe a morte, mas não precisávamos banalizá-la.
e, pela gravidade dessa constante banalização, não só em relação ao coronavírus, mas também nas constantes mortes decorrentes do forte racismo no país, temos vários grupos arriscando a própria integridade, o próprio corpo, no justo argumento de que ficar em casa não é mais o suficiente para ficar vivo.
volto para mim, porque, como já disse, isso é só uma autoanálise.
O contraste tão forte entre meu eu-adolescente, quando eu não tinha fobia social, agorafobia e um constante medo de morrer jovem (sem meus objetivos cumpridos, tendo por "objetivos" uma ingênua e nem um pouco megalomaníaca ideia de mudar o mundo); e meu eu de agora, limitado, ciente das próprias hipocrisias e contradições, mais madura, sim, mas mais medrosa também, e com medo de quê?
sei lá, deixo essa pra outro texto, sou fã de coisas inacabadas mesm
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