sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Será?

A vida vai boa. Digo, é impressionante, porque o país está implodindo e o mundo está explodindo mas, sem mentiras aqui, minha vida vai bem. Tenho casa, teto, comida, bichos alucinados e um companheiro que me faz rir o dia inteiro, estou produzindo, estou fazendo minhas tirinhas e estou aqui, tentando me expressar sem medo de exposições, tentando colocar na escrita um monte das besteiras que penso sem sentir que serei julgada por cada palavra, sigo, vou arriscar, porque eu preciso arriscar e isso é parte de estar vivo. Cansei de morrer. Morri muitas vezes nos últimos anos, acho que estou cansada, sei lá, talvez eu venha morrendo há muito tempo, e eu não quero, logo agora que estou aprendendo a viver?
Minha vida vai bem, mas isso basta? Onde estão os significados que jurei que encontraria? Cada vez são mais perguntas e, com elas, o medo de derrapar pela ignorância, magoar quem eu gosto pelo privilégio de poder seguir ingênua a muitas questões, mesmo sem querer.
Tenho medo de nunca mais alcançar aqueles momentos de felicidade extrema da infância e da adolescência, tive momentos genuinamente bons, onde me sentia viva e aquilo parecia fazer sentido, ficaram para trás? Sempre parecem crus, bobos, passado e não presente. Isso é a fase adulta ou apenas depressão?

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