quarta-feira, 13 de novembro de 2019

um dia bom

Antes, o medo, como de praxe. Medo de acreditar e no final quebrar a cara mas, sei lá, estamos aí para o que tiver que acontecer. O fato é, me sinto melhor. Aos pouquinhos, de passito, sem arrogância, nem todo dia é uma vitória e, às vezes, a derrota é bem dolorosa. Só que tem sido menos constante e, por isso, agradeço.
Não é que eu já esteja pronta, longe disso, ainda tenho bastante coisa para lidar, mas agora a vontade é maior, sei lá, acho que cansei de desistir e, principalmente, pedir desculpas por ser eu. Tô (re)aprendendo a rir de mim, sou trouxona mesmo, deeesde que me lembro por gente, lerda é a palavra, isso não me torna burra, embora eu goste do personagem para ver até onde os outros vão.
Vai vir julgamento de todo lugar, como sempre veio, do sotaque, do gestual, das opiniões, das atitudes, do meu drama, que preguiça, passei anos me preocupando com isso, e por quê? Se no fim do dia, mesmo acompanhada, eu sou minha única companhia? E isso não é ruim, eu gosto de mim, tenho várias qualidades, se são maiores do que os defeitos eu não sei, nem me interessa, tendo ser minha melhor versão todo dia, não por vocês, por mim, sempre tem sido assim.
Aaai que gostoso que é, voltar a me expôr. Minha vulnerabilidade é mais honesta, gosto mais de mim assim, mesmo com todos os riscos.
Eu ainda não tô 100%, mas olha aí, vai dizer que eu não tô um pouco melhor? Foram muitos aprendizados, reparei várias coisas nessa maravilhosa lua cheia, inclusive que eu não preciso ficar triste. Eu posso, e tudo bem, mas eu não preciso. A raiva, essa é minha amiga, sou boa direcionadora e sei quem são meus fantasmas, mas eu também não posso só ter raiva, tenho que lembrar o que é felicidade também. Nem que, pra isso, eu precise rir de mim e dos meus problemas, já que chorar comprovadamente não faz eles desaparecerem.
Próximo ano (lógico que eu já tô pensando nele!) eu vou subir uma horta comunitária seja lá onde eu estiver, é isso aí, ihuu!



terça-feira, 12 de novembro de 2019

pátria que pariu

não aguento mais esse Brazil
onde ninguém mais fala alto
todo mundo trancado, medo de assalto
do lixo à mesa para alguns
fogo na mata, óleo no mar,
lama nos rios, fumaça no ar
privatizar o lucro e socializar o prejuízo
não aguento mais esse Brazil
onde se calcula o valor de uma existência
e decide apagar quem resistir
chama de invasor quem nasceu aqui
consente que os nossos durmam no chão
não se permite falar sobre inclusão
e se eu discordar me manda sair
eu não aguento mais esse Brazil
de muitos inimigos e poucos aliados
onde a violência é o argumento válido
e fogo amigo se vê em todo lugar
no novo shopping, na rua sem asfalto
na falta de um saneamento básico
e muita gente segue sem tem nem um lar
Sinto falta de um Brasil que nunca conheci
Um sonho, utopia, ou um futuro a construir
Reforma agrária efetiva e agroecologia
Inclusão social, universidade universal
Saúde pública e de qualidade, preventiva,
no interior ou na cidade, oportunidade
estímulo artístico, valorização
eu queria um Brasil que não cabe no quadrado
um lugar sem fronteira, ninguém armado
que repensássemos o sistema prisional,
a saúde mental, desigualdade social, o racismo estrutural,
capitalismo e seu mal, arrancar grandes empresas
se ligar no ambiental!
é um processo longo e o caminho natural
ai, um Brasil que respeitasse nosso direito fundamental
de existir