domingo, 8 de dezembro de 2024

Dezembros

 Sou uma pessoa de rituais, num nível saudável? Acho que sim, nada que me atrapalhe. Gosto de fazer minha retrospectiva aqui. Gosto de escolher uma música para o próximo ano. Gosto que dezembro traga em mim um sentimento que os outros meses não trazem (mesmo que isso seja meio ridículo, no fim das contas). Mas sou eu, e eu gosto de ser eu. Nem sempre, mas cada vez mais.

A culpa é não é minha quando dezembro traz um monte de eventos inesperado e divertido, além dos previsíveis natal e ano novo. A culpa é minha que bebo e fumo muito tabaco sempre e aumente nessas situações. São coisas que quero mudar e que, racionalmente sei, poderia mudar agora. Mas agora é dezembro e é tempo de colher e refletir, eu gosto dessa parte minha também.

No próximo ano quero ser mais saudável. Quero ter um hobbie com rotina e fora de casa. Quero viajar, ousar em sonhar conhecer o Japão na prática, não só em ideia. Talvez eu aprenda a surfar ou volte para o teatro (esse último é mais provável). Talvez eu escreva mais, porque eu gostaria muito disso. 

Não sei o que vai acontecer em relação ao meu tratamento ou medicações, mas são doze meses para achar um psiquiatre que sintonize. Eu achei uma psicóloga que eu consiga me abrir, afinal. E é mérito dela, como uma especialista em ostras que soube abrir a concha e manter a ostra viva (eu gosto de metáforas, boas ou ruins, superem).

Essa ainda não é minha retrospectiva. Minha irmã caçula vai voltar, minha irmã mais velha vai chegar logo depois com meus sobrinhos, eu pretendo ligar para minha irmã mais velha algumas vezes esse mês. Eu não sei muito bem o que significa família, até hoje. Sempre foi uma grande busca. Mas eu tô aprendendo a gostar da minha como ela é, e me descobrir nisso também, exatamente como eu sou. Meu núcleo próximo geograficamente tem me conhecido e aceitado, é só o que posso pedir.

E em tudo isso ainda tem o livro, não o meu, o da minha querida chefinha, haha. Foi uma das coisas mais positivas que recebi esse ano, embora sinta certa culpa por não ter avançado no tempo que eu gostaria e estimulei. Mas o ano não acabou, eu estou conseguindo manter certa rotina, e é um projeto que eu me sinto tão grata, quero tanto fazer da melhor forma. Me sinto grata pela confiança e pela oportunidade de poder receber para fazer aquilo que mais gosto, que é escrever histórias ficcionais, minhas ou não, mas algo que as pessoas leiam e simplesmente gostem. Eu amo escrever. 

Acho que amo atuar também embora esteja por fora. Próximo ano vou pensar mais nisso, embora minha admirável psicóloga tenha passado o ano inteiro me falando a mesma coisa, a bichinha hahah. Essa é outra que eu que financeiramente me foda, próximo ano vou dar um aumento, ela simplesmente merece muito (e nunca cobrou, o que não significa que eu não sei que ela mereça).

E, para finalizar, minha mãe. Minha mãe que, no dia 2 desse ano, nos informou um câncer. Em seguida descobriu mais um. No último mês descobriu o terceiro. E segue sendo irritantemente (com todo o respeito, mãe, te amo) forte quanto tudo isso. E o mais indignante é que eu conheço a coroa o suficiente para saber que é honesto, ela simplesmente vai aproveitar a vida dela da melhor forma, e, se depender dela, essa vida vai longe. Isso, lógico, não é uma reclamação. Sou feliz que minha mãe encontre a felicidade, é apenas surpreendente como ela sempre foi. E a bicha é teimosa, graças aos deuses. 

A ideia de morar próxima dos meus pais não é mais terrível, e minha mãe assume a participação do câncer nisso. Ela saberia explicar melhor do que eu, e por isso incentivo o livro que ela diz que fará, mas ela vivia no automático há anos e nenhum aviso funcionou. O câncer não é uma punição, jamais verei assim. Mas, como tudo nessa vida, ele pode ensinar algo. E minha mãe resolveu fazer o melhor que podia com isso. Quando chamo de irritante, brincando, é porque quase parece fácil. Todos sabemos que não é, e, como eu disse, ela não está fingindo. Ela simplesmente conseguiu, atingiu o tal aqui e agora, não sempre, mas na maioria das vezes. Eu fico orgulhosa e admirada, e espero que um dia ela possa simplesmente relaxar, sem nenhuma nuvem de câncer pairando tão perigosamente. O caso dela não tem cura, mas tem remissão, e remissão é bom o suficiente. Mas, o mais importante e o motivo de eu ter falado tanto nisso: minha mãe tá vivendo legal, e isso me traz tranquilidade. Tenho uma mãe com três cânceres e só tenho a agradecer o estado de saúde dela, que anda, faz pinturas no seu muro, viaja, vive tudo que tem vontade e consegue fazer. Ela é impressionante e se um dia eu for 1/4 disso ficarei feliz.

Minha relação com meu pai também se estreitou esse ano. Morar perto dele como uma adulta tem sido bom, e tenho visto várias tentativas dele em se aproximar, de forma que hoje ficou muito mais fácil. Sinto que estamos mais próximos e, hoje, podemos falar de assuntos que antes eram tabu, mas sempre quis saber, como a relação dele com a própria família, ou tudo que viveu. Eu não quero pais de mentira, de idealização, eu quero conhecer meus pais como são, e quanto mais conheço, mais eu gosto. Mesmo que eles me irritem às vezes, o que nunca neguei. Mas hoje eu me posiciono, sem briga, só falando o que sinto, eu aprendi também, e no geral dá certo. Sou feliz por ter eles.

Acho que vou terminar esse texto grande e despretensioso, hahah. Sempre tenho problema com a parte da conclusão, vide meu livro (o meu mesmo). Mas, olha, é a conclusão de um ano e eu me sinto pronta para isso. Podemos considerar evolução, certo?

No próximo ano vou para Curitiba no fim de janeiro. Não sei como vou me sentir lá. Vou gostar de presenciar o amor da Manu e do Otávio, ou rever a Ananda, que a cada vez eu gosto mais, resolver tudo que tenho por lá, sei lá, não é uma preocupação, é mais uma expectativa, uma ansiedade positiva. Eu moro aqui e tô feliz aqui, lá vai ser mais um lugar onde vou ver quem amo. 


Para finalizar, BORA FLU, passamos susto esse ano, mas se não for sofrido não é Fluminense e, chorem rivais, não foi dessa vez.

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