terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Retrospectiva 2024 - Ainda estamos aqui, mesmo sem oscar

 Amigos, que ano interessante. Tinha tudo para ser desesperador, e foi em vários momentos, mas também provou que vários medos do passado não estão mais aqui. 

Cada ano fica mais difícil fazer uma retrospectiva, mas faço por você, Lua-do-futuro-que-sei-que-lerá. Sempre foi por mim, sempre será, e por isso eu continuo.

Janeiro -

Dia 2 minha mãe confessou que, desde 29 de janeiro, sabia estar com câncer. Eu não fazia ideia e foi um choque, naturalmente. Tampouco soube, tive que me agilizar para ir na formatura da minha amiga Tati, pô, uma honra o convite, acompanhei o esforço, fiquei feliz de ir. Mas tava com medo. Medo de Curitiba, medo de me afastar da minha mãe, que, pouco tempo depois, acabou indo para lá também e, no fim, que bom que eu estava. No primeiro dia em Curitiba briguei com alguém que já não sabia se era amigo ou não. No fim, descobri que não importa muito. Meu lugar não é Curitiba, minha casa não é lá. Embora eu ame quem deixei para traz, só quero manter quem me ame também. Mas eu sei quem são?

Quando estive em Curitiba, meus amigos de Aracaju me ajudaram muito com meu núcleo familiar, meus bichos, que dependem de mim. Eles foram incríveis, inclusive quando a viagem se estendeu porque minha mãe foi para lá para entendermos melhor a situação dela.

Também foi a primeira vez que fui para Curitiba na posição turista. Fiquei num apartamento que não conhecia, em SJP, que foi novidade, e tudo estava diferente.Fui pronta para considerar Curitiba viagem, cheguei e talvez tivesse que ficar lá com minha mãe por tempo indeterminado. Questão de saúde, nunca negaria, considerei morar em Curitiba pelo tempo necessário. Hoje sei que isso não era o desejo da minha mãe, ainda bem, mas, se fosse, eu estaria lá. 

Pelo menos, enquanto estive lá, fiquei ok. Na minha, trabalhando, vivendo e cuidando de mamãe. Brava com tudo isso, mas lidando. Foi horrível, na verdade, mas eu tinha em mim que a gente ia investir no que pudesse na base da raiva. Minha mãe está aqui e nada foi tão fácil, mas ela está aqui. Porra! Vitória!

Fevereiro - 

Entre aproveitar Curitiba sabendo que tinha passagem de volta, recebi a notícia de que a Maia nos deixou. Bateu forte, mas não sofri tanto lembrando que ela tirou rum bom rolê antes de partir, foi feliz. 

Voltei para casa, minha mãe também (não nessa ordem). Ela começou o tratamento, quimioterapia venosa (Taxol) para o câncer de mama.

Março - 

Mãe foi seguindo no tratamento, pouquíssimos efeitos colaterais e o tumor do seio diminuindo. Cabelo foi a pior parte, e nem deveríamos ter sofrido tanto sabendo que cresceu de novo. Aniversário da minha queridíssima amiga irmã Raquelzinha Raqueline Maria Raquel, ou seja, um ano de que fui pra Minas de surpresa ver ela, hihih. Tava com culpa de deixar Ramelão na casa dos meus pais, ele tá lá até agora e eu sei que é bom pra eles porque a cadela deles é uma psicopatinha e ele de certa forma controla. O tumor da minha mãe foi diminuindo, o que foi ótimo, mas não se manteve, e eu fui no médico dar entrada em exames de sangue que nunca fui muito atrás novamente. Mas não passei mal, toma essa, ansiedade.

Abril -

Consegui meu trabalho preferido em toda a vida. Refleti sobre morte porque a namorada de um amigo se foi e esse tema me deixa muito triste. Mãe botou um catéter que, por falta de opção (no geral viva o SUS, mas essa foi foda), era um mamute imenso. 

Maio -

Ahhh, eu costume gostar de maios. Ajeitei umas coisas em casa, trabalhei um tanto, pensei em mim, me mimei com farinha láctea, eu gosto de maios. Além disso, estava (ainda estou) nas nuvens pela oportunidade que recebi de uma pessoa maravilhosa: escrever um romance remuneradamente. Meu sonho, o começo dele. 

Junho - 

As coisas em relação a esse livro foram ficando cada vez mais legais. Tirei uns rolês com minha chefe, conversamos muito sobre desejos, expectativas, pude conhecer melhor ela e a pessoa incrível que ela é, o que só colabora para fazer um livro que a represente. Sinto que pude me apresentar para ela a versão atual, a maluca, e ela ao que parece gostou. Uau!

Minha mãe teve umas febres, tinha sido o pior momento até então. Até que passou. E Zil veio morar aqui!

Julho - 

A vida estava na rotina, mas numa rotina muito confortável. No mais, apresentei Zil para Mica e Fabrício, o que foi bacana porque curto muito eles. Minha mãe estava oscilando entre cansaço e resiliência fudida. Recebemos a Nanda e o Carlão, meus primos, e foi legal.

Agosto -

Olimpíadas. Nada mais importa. Vai Brasil. Os gatos vieram de Curitiba para Barra, ihuuu, Cali e Mandela são tãããão pequenininhos perto dos meus três godzilas! Eu tava encantada com meu trabalho novo (isso não mudou). Eu, meu pai e a Zil fomos num lugar de descarrego que meu pai queria que a gente conhecesse. Foi legal, mas eles me chamaram numa salinha para dizer basicamente que eu e meus mortos não poderíamos nos inicializar (nem queremos!) porque misturamos linhas (com orgulho!). Manuzinha me chamou para ser a madrinha do casamento dela, eu aceitei e vou, tô tão feliz por ela! Troquei meu chuveiro por um maravilhoso que me deixa feliz toda vez que penso nele. Minha mãe trocou o cateter jumbo por um tamanho humano, e isso tem sido ótimo até então. 

Setembro - 

Comprei a passagem pra Curitiba, casamento da Manu. O Duolingo incluiu música e, a partir daí, comecei a me interessar por teclado (hoje todo algumas besteirinhas até, olha só!). Eu passei parte desse ano sentindo falta de um amigo que se afastou, fui lidando com isso com as novas músicas da Fresno e Linkin Park na formação nova (adorei). 

Outubro -

Zil foi obrigada a morar aqui um tempo e isso, embora tenha sido legal de várias maneiras, nos surtou um pouco. Lidamos bem, mas não deveríamos. Meu mês foi baseado em eu e a maravilhosa psicóloga tentando botar um quebra cabeça de 70000 peças e todo preto pra fazer sentido. No fácil a gente não quer, não. Vi uns pica-paus eventualmente aqui em casa, acho isso felicidade no estado mais puro. Resolvi mudar a cor do cabelo (consegui durante cinco dias e desbotou grr).

Novembro -

Novembro é aquilo né, se a nova geração escolheu outubro (Chico, Peixinho, Zil), a antiga tá toda em novembro (pai, mãe, Lu). Foi um mês de muita socialização, no geral. No aniversário da minha mãe, pelo menos três amigas delas vieram desabafar comigo, ou questionar, ou demonstrar preocupação, enfim, as confidentes dela estão com medo dela, não julgo, alguém lá sabe o que dizer para outra pessoa que está doente? Mas eu gosto de focar na realidade. Minha mãe iniciou o ano com um câncer, está terminando com três. Ela também não achou que viveria o aniversário dela, e viveu. A gente não sabe o que vai acontecer, mas o que me importa hoje é que minha mãe tá aqui, eu posso conversar com ela, abraçar. Em novembro Manu também conseguiu vir aqui, trouxe meu convite, meu kit de madrinha, eu tô tão feliz, sabe? Espero corresponder, hahah. Mas eu amo muito Manu, fico feliz por ela.

Novembro minha mãe começou a radio para o câncer do cérebro. O médico avisou que só depois do término (dez sessões por 10 dias úteis seguidos) que veríamos os efeitos. Eles chegaram e, hoje, estamos lidando, mas eu e meu pai gostamos de pensar que o pior desses efeitos já passou.

No fim do mês, fomos para Penedo ver meu tio que mais me apoiou e foi inesperado e delicioso.

Dezembro -

Aqui estamos. Não vou fingir que esse resumo do ano não foi porco, foi, desculpa aí, Lua do futuro (mas podia ser pior kkkkkk podia ser problema meu) (epa?). 

Trabalhei que nem uma safada, recebi minha amada irmã Lu e meus lindíssimoooooos sobrinhos (gosto de reafirmar que mataria qualquer um de vocês por eles. Desculpa, é só a verdade), estamos lidando com a saúde da minha mãe que, entre fraqueza e falta de fome, tem melhorado a cada dia. Eu amo minha coroa, meu coroa, minhas irmãs. Acho que 31 é a idade de ficar ok com o núcleo familiar? (risos).

Fluminense escapou da série B (n detalhei, mas ô ano sofrido). Terapia salvou minha cabeça por mais um ano (valeu Andressa). Minha amiga Raquel segurou as pontas da minha sanidade diversas vezes durante o ano (amiga, você sabe que mato e morro por você! Sua adotadora de gatos!), Manu fez eu me sentir amada diversas vezes, Anandinha que tô com saudades, Mica e Fabrício que, além de serem muito legais, ainda trouxeram Edgar de novo preu brigar que ele mora em SP, Pedrinho, Pedroso, ahh, é uma galera que me apoiou de várias formas, sabendo ou não. Não citei todo mundo, mas quem sabe, sabe.

Já mencionei que o Flu não caiu?

 

 

Eu tô na última página da minha agenda, o que é triste, porque sou viciada em agendas, mas é esperado. A graça de ter agenda é, de certa forma, ver ela acabar, pelo menos para mim.

Fiz um resumo bem resumido do que foi meu ano, o suficiente para no futuro ler e ver o subtexto (atenção, Lua do futuro, se você ler e não entender é porque você é burra).

Tenho muitos planos para o próximo ano, acho que a mudança tá aí, voltei a planejar e sou porreta o suficiente para conseguir o que quiser na base do ódio e da falta de vergonha na cara, Quero chegar no Japão, pelo menos durante um mês. Se não rolar, ok, sei que não é tão simples. Mas a palavra é o primeiro passo, etc.

E, Lua, tenta mudar aí o emprego que tá te incomodando e foca nos que você tá amando. É simples na prática e difícil na teoria, mas, na verdade, tá uma bosta na prática. Resolva. Se estiver nessa em 2026 muda URGENTE a estratégia, deixa de ser otária. Grata, Lua versão 2024. 

Quero viver, quero viajar, trabalhar dignamente, escreveeeer, quero escrever que nem uma filha da puta condenada a escrever, bem ou mal, desgraça, quero demais. 

O ano foi incrível. Poderia reclamar de mil coisas, minha mãe tem três cânceres. E tá aqui, e eu converso com ela, e eu sou tão grata por isso. Tudo que posso pedir é mais um ano disso, e aí mais um, e mais um, e assim vai. 

Pela primeira vez me sinto ok com minha família que importa, por mim vale. Que ano doido, amigos.

Ow, Lua, se chegar em 2026 sem tatuar você precisa resolver, eu já tô doida agora, imagina daqui um ano! (Sei lá como estarei daqui um ano, mas sou metidinha e cobro mesmo).

Amigas, está aí. Uma retrospectiva de bêbada, como vários anos, e feita meio na preguiça. Mas faço isso pela nossa versão intertemporal que mete o louco e lê as coisas como passado, presente e futuro, que nem os fantasmas do Natal mas com mais cinismo e menos revisão de texto (absolutamente menos).

Eu gostei de você, 2024, seu fuleirinho cretino. Foi tipo o treinamento do Batman para enfrentar os perigos futuros, mas sem histoplasmose.

FELIZ ANO NOVO, AINDA ESTAMOS AQUI (ANTES E DEPOIS DO FILME DE MESMO NOME VIRALIZAR)




 


domingo, 15 de dezembro de 2024

Mmp

 Tô sentindo falta da minha mãe, o que é um pensamento besta ou no mínimo egoísta, porque ela tá aqui. 

Pensei nisso agora porque queria tirar uma dúvida jornalística com ela, algo que ela responderia em 0,03 segundos ainda hoje. A única coisa que mudou é a rotina de sono e, como humana e boba que sou, é o suficiente para assustar.

Ano passado eu mandaria mensagem nesse horário e ela responderia imediatamente. E, óbvio, isso não é bom, o que torna tudo mais confuso.

Digo, prefiro que, nesse horário, minha mãe esteja dormindo. No passado, talvez estivesse trabalhando. Ainda assim, é um saco que a vida obrigou a desacelerar. Era melhor ser escolha e, ao mesmo tempo, ela admite que, enquanto pode escolher, escolheu continuar num ritmo ruim pra si.

Eu sempre fico meio assustada nesses momentos em que vejo as reações ao tratamento. Ao mesmo tempo, minha mãe tá aqui, eu converso com ela sempre que quero, sou tão grata.

Adoro esse mês acho

 Amanhã é a última terapia do ano. Acho que posso sair do armário para minha psicóloga e para mim mesma: eu não pretendo tomar decisões racionais e normais, quero pensar, refletir, calcular, e em seguida abandonar qualquer lógica para seguir o que meu coração tá mandando.

Porque, queridos, sou tipo uma princesa Disney, só que falida. Eu tenho bichos burros, eu canto, eu acredito mesmo sem dever, e eu me jogo que nem uma maluca naquilo que eu decidi ser. 

Eu nunca quis uma vida normal, e nos últimos tempos me faltou coragem para assumir o que, na adolescência, eu já tinha como certeza. Quanto mais idade, mais pressão, mas eu nasci sabendo do que quero e eu não quero desistir. Pode me faltar sorte, oportunidade ou até, meu maior medo, talento. Mas não vai me faltar a coragem, porque nasci para arriscar e eu ainda estou aqui, e vocês?

Maluca e metidinha

 A mina saiu berrando de uma casa na rua, peguei a chave de fenda - primeira coisa que vi - enfiei no bolso e sai correndo atrás, que merda é essa, naquela rua aonde todo mundo se conhece, o que estava acontecendo? 

Meu pai, sábio, bondoso o suficiente para se meter e ciente o suficiente de que eu me meteria de qualquer forma, veio também. A moça passou correndo pela gente, ainda berrando. Perguntei "você precisa de ajuda???", ela disse que não e saiu berrando, o que parece um pouco contraditório, mas eu acho que entendi. Me passou a impressão de que ela não corria perigo, que era algo mais relacionado ao emocional, como flagrar uma traição, se decepcionar de alguma forma e sofrer muito por aquilo, mas, felizmente, nada que justificasse a ferramenta no meu bolso, que não seria usada, eu sei, mas que me sinto mais segura carregando, por ser uma metidinha de 1 metro e 50 que não pede permissão pro mundo para se intrometer. E se essa moça corresse perigo real, não correria sozinha. A verdade é que, certa ou errada, eu vou me meter, ao menos até ver que a mulher em questão chegará viva em casa. Para o desespero dos meus pais...

sábado, 14 de dezembro de 2024

Sonhos literais e sonhos metafóricos

 Uma coisa que aconteceu esse ano e que, desde a adolescência, eu não era agraciada: boto a cabecinha no travesseiro e, quando durmo, vivo várias aventuras, hahaha. É gostoso, porque posso vivenciar coisas que nunca farei, e tem sido interessante porque agora cada sonho se complementa, se aprendo algo em um, mantenho nos próximos. Em algum momento reaprendi a voar, o que fazia muito tempo que eu tentava sem conseguir (na adolescência conseguia, então sabia ser possível). Depois que reaprendi, aprendi outra técnica de voo (risos) e tô tentando ficar cada vez mais rápida. 

Aí resolvi ter poderes de fogo para sempre que aparecer algum bichão assustador eu parar de fugir e passar a enfrentar. Funcionou, mas recentemente também tenho poder de raio porque acho mais rápido e divertido. 

Basicamente virei uma personagem muito apelona de história em quadrinhos. Aceito e desejo continuar, tô me divertindo horrores. 

Ainda voltei a visitar os cenários fictícios fixos e, melhor ainda, conhecer uns novos que são no mínimo engraçados (ontem eu atravessei o São Francisco e cheguei na Rússia, mas uma Rússia bem mais quente, meio que quando eu era criança e botava reinos com nome de cidades nos meus livros e acabava falando das belas praias do reino de Curitiba). Enfim, passei os últimos dias doente de uma besteira que comi e ter sonhos divertidos quando durmo ajuda bastante. 

Sobre o outro sentido da palavra sonho.

Uma coisa que aconteceu esse ano e que, desde a adolescência, eu não era agraciada: voltei a sonhar, no sentido de criar metas e ambições muito maiores do que vejo hoje, mas acreditando que posso. De jeito ingênuo, talvez? Não importa muito, acho que voltar a acreditar é bom e um ótimo primeiro passo. Eu tenho grandes planos para 2025 em diante. Eu quero terminar o trabalho do livro e, a partir daí, meter um louco. Depois do casamento da Manu já quero voltar pelo Rio, ver meus tios e primos, ver Vitor, ver os amigos e passar calor naquele forno lindo. Quero viajar mais pelo Nordeste, conhecer uns lugares novos, ver gente. Também quero voltar a atuar. Fazer esportes. Escrever que nem uma maluca. Começar a desenvolver projetos. Eu quero MUITO viajar para o Japão e, além de tudo que quero fazer lá, meu objetivo principal é tirar uma foto com cada estátua de Mugiwara. Eu quero acreditar em mim que nem, sei lá, a Melody. Eu quero querer coisas e ir atrás delas.

Fico um pouco nervosa porque, da última vez que prometi para mim que viveria mais (saindo da fobia social na base do ódio), veio uma pandemia. Mas também quero ser menos neurótica. NÃO É UM DESAFIO, UNIVERSO! 


domingo, 8 de dezembro de 2024

Dezembros

 Sou uma pessoa de rituais, num nível saudável? Acho que sim, nada que me atrapalhe. Gosto de fazer minha retrospectiva aqui. Gosto de escolher uma música para o próximo ano. Gosto que dezembro traga em mim um sentimento que os outros meses não trazem (mesmo que isso seja meio ridículo, no fim das contas). Mas sou eu, e eu gosto de ser eu. Nem sempre, mas cada vez mais.

A culpa é não é minha quando dezembro traz um monte de eventos inesperado e divertido, além dos previsíveis natal e ano novo. A culpa é minha que bebo e fumo muito tabaco sempre e aumente nessas situações. São coisas que quero mudar e que, racionalmente sei, poderia mudar agora. Mas agora é dezembro e é tempo de colher e refletir, eu gosto dessa parte minha também.

No próximo ano quero ser mais saudável. Quero ter um hobbie com rotina e fora de casa. Quero viajar, ousar em sonhar conhecer o Japão na prática, não só em ideia. Talvez eu aprenda a surfar ou volte para o teatro (esse último é mais provável). Talvez eu escreva mais, porque eu gostaria muito disso. 

Não sei o que vai acontecer em relação ao meu tratamento ou medicações, mas são doze meses para achar um psiquiatre que sintonize. Eu achei uma psicóloga que eu consiga me abrir, afinal. E é mérito dela, como uma especialista em ostras que soube abrir a concha e manter a ostra viva (eu gosto de metáforas, boas ou ruins, superem).

Essa ainda não é minha retrospectiva. Minha irmã caçula vai voltar, minha irmã mais velha vai chegar logo depois com meus sobrinhos, eu pretendo ligar para minha irmã mais velha algumas vezes esse mês. Eu não sei muito bem o que significa família, até hoje. Sempre foi uma grande busca. Mas eu tô aprendendo a gostar da minha como ela é, e me descobrir nisso também, exatamente como eu sou. Meu núcleo próximo geograficamente tem me conhecido e aceitado, é só o que posso pedir.

E em tudo isso ainda tem o livro, não o meu, o da minha querida chefinha, haha. Foi uma das coisas mais positivas que recebi esse ano, embora sinta certa culpa por não ter avançado no tempo que eu gostaria e estimulei. Mas o ano não acabou, eu estou conseguindo manter certa rotina, e é um projeto que eu me sinto tão grata, quero tanto fazer da melhor forma. Me sinto grata pela confiança e pela oportunidade de poder receber para fazer aquilo que mais gosto, que é escrever histórias ficcionais, minhas ou não, mas algo que as pessoas leiam e simplesmente gostem. Eu amo escrever. 

Acho que amo atuar também embora esteja por fora. Próximo ano vou pensar mais nisso, embora minha admirável psicóloga tenha passado o ano inteiro me falando a mesma coisa, a bichinha hahah. Essa é outra que eu que financeiramente me foda, próximo ano vou dar um aumento, ela simplesmente merece muito (e nunca cobrou, o que não significa que eu não sei que ela mereça).

E, para finalizar, minha mãe. Minha mãe que, no dia 2 desse ano, nos informou um câncer. Em seguida descobriu mais um. No último mês descobriu o terceiro. E segue sendo irritantemente (com todo o respeito, mãe, te amo) forte quanto tudo isso. E o mais indignante é que eu conheço a coroa o suficiente para saber que é honesto, ela simplesmente vai aproveitar a vida dela da melhor forma, e, se depender dela, essa vida vai longe. Isso, lógico, não é uma reclamação. Sou feliz que minha mãe encontre a felicidade, é apenas surpreendente como ela sempre foi. E a bicha é teimosa, graças aos deuses. 

A ideia de morar próxima dos meus pais não é mais terrível, e minha mãe assume a participação do câncer nisso. Ela saberia explicar melhor do que eu, e por isso incentivo o livro que ela diz que fará, mas ela vivia no automático há anos e nenhum aviso funcionou. O câncer não é uma punição, jamais verei assim. Mas, como tudo nessa vida, ele pode ensinar algo. E minha mãe resolveu fazer o melhor que podia com isso. Quando chamo de irritante, brincando, é porque quase parece fácil. Todos sabemos que não é, e, como eu disse, ela não está fingindo. Ela simplesmente conseguiu, atingiu o tal aqui e agora, não sempre, mas na maioria das vezes. Eu fico orgulhosa e admirada, e espero que um dia ela possa simplesmente relaxar, sem nenhuma nuvem de câncer pairando tão perigosamente. O caso dela não tem cura, mas tem remissão, e remissão é bom o suficiente. Mas, o mais importante e o motivo de eu ter falado tanto nisso: minha mãe tá vivendo legal, e isso me traz tranquilidade. Tenho uma mãe com três cânceres e só tenho a agradecer o estado de saúde dela, que anda, faz pinturas no seu muro, viaja, vive tudo que tem vontade e consegue fazer. Ela é impressionante e se um dia eu for 1/4 disso ficarei feliz.

Minha relação com meu pai também se estreitou esse ano. Morar perto dele como uma adulta tem sido bom, e tenho visto várias tentativas dele em se aproximar, de forma que hoje ficou muito mais fácil. Sinto que estamos mais próximos e, hoje, podemos falar de assuntos que antes eram tabu, mas sempre quis saber, como a relação dele com a própria família, ou tudo que viveu. Eu não quero pais de mentira, de idealização, eu quero conhecer meus pais como são, e quanto mais conheço, mais eu gosto. Mesmo que eles me irritem às vezes, o que nunca neguei. Mas hoje eu me posiciono, sem briga, só falando o que sinto, eu aprendi também, e no geral dá certo. Sou feliz por ter eles.

Acho que vou terminar esse texto grande e despretensioso, hahah. Sempre tenho problema com a parte da conclusão, vide meu livro (o meu mesmo). Mas, olha, é a conclusão de um ano e eu me sinto pronta para isso. Podemos considerar evolução, certo?

No próximo ano vou para Curitiba no fim de janeiro. Não sei como vou me sentir lá. Vou gostar de presenciar o amor da Manu e do Otávio, ou rever a Ananda, que a cada vez eu gosto mais, resolver tudo que tenho por lá, sei lá, não é uma preocupação, é mais uma expectativa, uma ansiedade positiva. Eu moro aqui e tô feliz aqui, lá vai ser mais um lugar onde vou ver quem amo. 


Para finalizar, BORA FLU, passamos susto esse ano, mas se não for sofrido não é Fluminense e, chorem rivais, não foi dessa vez.