A terapia hoje foi pesada, porque minha semana também foi. O câncer da minha mãe, que vinha regredindo, voltou a crescer, o que significa que vai mudar a forma de tratamento e todos nós ficamos no escuro por um tempo de novo (em uma família que ama ter o controle das coisas). Também tô sem um puto, como manda o fim do mês, e sem meu natural, o que significa que eu lembro o quanto sou pobre e fudida. Não vou fingir que meu natural não tem culpa nisso, mas também não vou fingir que ele que cria minhas mágoas, elas tão aí e afloram quando fico sem (ou eu afogo elas quando tenho minha muleta).
Só que hoje eu não tô culpando o mundo por ser uma pobre fudida, porque a culpa não é só dele e eu sei bem disso. Me acomodei em um trabalho que não me valoriza e tenho medo de mudar e não dar conta por causa da depressão, ansiedade e constante sensação de ser um fracasso com pernas curtas. E aí minha vontade é nem tentar, para não fracassar ou para que, caso eu consiga, não perca horas da minha vida em um emprego que não gosto, o que é absolutamente irônico porque a) isso é a vida no mundo capitalista e b) essa é exatamente minha vida no momento.
Ou seja, hoje é um dia de sentir raiva de mim mesma ao mesmo tempo em que ouço a psicóloga no ouvido falando que eu tenho que ser mais de boas comigo mesma. Mas ela também diz que eu tendo pra TPOC, que sinceramente é bem irritante e me faz pensar que eu sou no mínimo destinada a ser chata para um caralho até o resto da vida. E eu nem conheço ninguém que tenha isso, é só preconceito ou o fato de me achar chata para caralho, o que eu nem achava tanto, mas depois de tanto tipo diferente de rejeição tenho começado a ter certeza.
Eu sei que tudo isso soa pedante e autopiedoso e vou pedir um pouquinho de paciência porque sinto que não sei mais lidar com pessoas, que só consigo me fixar com a minha família (menos disfuncional do que eu, mas ainda assim complicada) e com amigos que moram longe e falam cada vez menos comigo, uma forma de manter vivo o sentimento que ainda cultivam por mim. Que merda, né?
Ao mesmo tempo Manu vem aqui esse final de semana oficializar que eu vou ser madrinha do casamento dela. Isso me faz sentir uma farsa porque, embora eu realmente ame ela e torça para que tudo de bom ocorra na sua vida, tenho me sentido uma péssima pessoa para se ter por perto e a proximidade geográfica torna mais difícil enganar.
Eu sei que vou melhorar, sei que muito do que tô sentindo agora tá aflorado por inúmeros motivos, sei que já já encontro em mim algum outro motivo para continuar, porque é isso que eu faço, eu continuo, deve ser meu mais fácil ponto positivo para mim mesa: eu ainda tô aqui.
Por enquanto vou chorar, escrever esse tanto de pieguice, tentar elaborar o que tô realmente sentindo e o que é aquela minha tendência de querer jogar tudo pro alto e desistir do mundo (seria isso TPOC? Sendo que já tô medicada para depressão e ansiedade), vou continuar.
Mas que saco. Que completo saco.
Em tempo, li um livro, sendo o quarto esse ano, sendo quatro a mais do que no ano passado. Li aquele da Jennette McCurdy, Estou Feliz que minha mãe morreu, e acho que, embora a história seja pesadíssima e tenha acendido diversos tipos de gatilho (o que, acho importante dizer em um mundo de censura ao que é feio e cruel, é louvável), me trouxe algo bom, a começar pelo fato dela ter tido várias oportunidades na mão, mas só tá conseguindo lutar pela própria felicidade profissional ao investir na escrita, que era o que ela queria mesmo. É um resumo completamente simplista do livro, lógico, mas acho que foi uma das partes que mais me tocou.
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