sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Perda

Ônibus lotado, calor insuportável, dia inteiro praticamente sem comida ou água.
A guitarra hiper mega pesada do Dih meio que me sufocando, sem espaço pra colocar ela no chão. No mesmo ombro, a mochila não tão mais leve.
A viagem corria bem.
Aliás, bem não, mas em um nível aceitável para um ônibus lotado e uma carga pesada.
Lá pelo fim do meu percurso (Ali no quartel cinza, perto do Mercadorama), minha vista deu uma escurecida rápida.
Me concentrei para não desmaiar, e ela escureceu de novo, por mais tempo.
Quando ela escureceu de vez, só olhei para a mulher do lado e disse "cuida da guitarra".

Foi como se fosse um filme pausado. Pela primeira vez na vida fiquei totalmente inconsciente em um desmaio (Nas outras raras vezes eu só não enxergava nada, mas ouvia). A única coisa que eu ouvia era uma espécie de música, tipo dessas de caixinha de música mesmo, com um ritmo meio macabro na minha cabeça.

Acordei uns três/quatro pontos depois, com umas quatro pessoas me levantando. Uma moça tava batendo no meu rosto (fraco, né), e chamando "moça, moça!", e eu já respondi "Tô bem, tô bem, obrigada".
Me ajudaram a sentar em um banco, me entregaram minhas coisas e alguém arranjou uma garrafa de água pra mim.
Parecia que eu havia escapado do deserto. Bebi a água quase inteira, aí uma moça molhou minha nuca e meu rosto. Eu respirava muito rápido.
Me perguntaram se eu demoraria mto pra descer, se conseguia ir pra casa sozinha, se eu estava bem...
Já estava perto do ponto de casa, agradeci bastante e desci.


A música macabra que eu ouvia tá na minha mente até agora, e eu ainda estou tremendo, sendo que já faz uns 15/20 minutos.

Mas salvei a guitarra.

Nenhum comentário: