quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cíclico

Me perco nos seus olhos
me perco em você
quem é você?
e o que quer de mim?

se você quer algo de mim
saiba que já levaram tudo antes
e aqui estou eu
esperando um forro novo

era um brilho escuro, como um buraco negro
ou a imagem que eu tenho de um buraco negro
que me sugava ao olhar

todos os textos tristes
todas as lágrimas e sonhos
eu gostaria de ignorar
mas já não está no meu alcance

eu errei em ficar perto
eu errei ao tentar fugir
eu só não errei em tentar,
mesmo na dor, evoluir

sonhei com um ser sem rosto,
cujo rosto conheço tanto
que faltou o ar naquele abraço

sonhei com uma vida que nem aconteceu
mas que ainda assim eu repito
e consigo me surpreender

eu sonhei com você.
mas quem é você,
que eu julguei conhecer?


Crueldade individual

Rumo ao pôr do sol
esperando que o dia não acabe
e pensando no que pode virar o amanhã

a estrada me chama,
como ela sempre chamou,
e eu ainda finjo querer ficar

por que fazemos isso conosco?
por que não podemos só seguir?
insistimos nessa ilusão

não somos felizes, nenhum de nós
sempre falta algo
e nos apaixonamos por ilusões

quanto dos nossos sonhos
descrevem a nossa loucura
em uma infiel certeza?

quantos de nós gostaríamos de voltar
àquela época perdida
e àquela perdição amarga?

vamos continuar seguindo
com um sorriso amarelo
sabendo que é tudo uma mentira

todos nós, todos nós.

e quantos nós somos?

domingo, 23 de junho de 2013

Rabisco

Letras que saem nessa imagem imaginário de papel
nossa imaginação realmente consegue controlar tudo
e tirar a magia do tradicional
Por que não?
Se a vida tantas vezes permite que tenhamos uma folga em nossa cabeça
que a gente consiga ver ordem no meio do caos
e caos no meio do nada
Não sei porque estou viva, não sei porque devo ver esse momento
não me sinto nem um pouco capaz de ajudar em nada
embora minha vontade é que eu conseguisse
causar, destruir, e das cinzas ajudar o novo a chegar na Terra
mas eu não posso
assim como não posso levantar da cama com um sorriso 
assim como não posso arrumar disposição para fazer nada
assim como eu não posso ignorar o medo que me prende


quarta-feira, 19 de junho de 2013

Um pouco sobre o respeito

Eu não preciso tentar te apunhalar pra ser notada, e suas atitudes só me mostrar que sou notada ainda assim.
Suas atitudes mostrar que você ainda sente algo, nem que seja raiva ou inveja.
E suas atitudes vão te derrubar. 
:*


SE LIGA E ANOTA.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Vai, Mariana

Mete-lhe a faca no próprio peito e acabe com o problema.
Ou obrigue o mundo a te aturar.

Remédios

Dois comprimidos laranja. Eles são grandes pra minha garganta, mas já estou acostumado a tomá-los sem água.
O meu corpo tenso pelo frio vai, aos poucos, ficando mais relaxado, embora a dor dos músculos continuem lá.
A minha mente dói tanto quanto antes.
Meus olhos estão ardendo, e vamos fingir por um momento que seja por estar faz tempo no computador.
Eu já não consigo entender muito bem o que escrevo, mas vejo que os meus dedos estão bem rápidos sobre o teclado. Espero estar digitando direito. Espero que faça sentido.
Com esse remédio, sinto-me morrer. Com essa morte, sinto-me vazia. Com esse vazio, sinto-me normal.
Nada mal pra quem está dopada, eu consegui entender, e vocês?
De qualquer forma, ainda vou fumar um cigarro antes de deitar e começar a assistir '500 Dias Com Ela'.
Talvez lá fora eu congele e só acorde no verão.
E talvez não.
Talvez tudo fique bem.
E talvez não.
Talvez eu não fique sozinha.
E talvez eu fique.
Só sei que dói. Dói tanto. Dói tanto que nem o meu remédio e nem nada no mundo consegue fazer parar.

Acho que a rosa perdeu pro cravo.

domingo, 16 de junho de 2013

Mais uma vez

Acho que algo quebrou dentro de mim. De novo.
Acho que mais uma vez chegou ao fim. De novo.
Será que a culpa é realmente minha? De novo!

Eu já sofri tanto, e me ergui, me dá medo de novamente tentar.
É tão difícil ter você e ainda assim me ter?
Eu sou tão livre, sou impulsiva. Eu sei que eu sou difícil.

Mas é que, entenda, existe uma parcela minha
que eu realmente sinto, de verdade,
que o mundo não merece ter.

Eu deveria ter aprendido, como todas as outras vezes não aprendi
eu nasci para ficar sozinha
porque eu não sei amar uma só pessoa, só sei amar o mundo

E pelo mundo eu morreria,
mas tente entender
sendo do mundo, eu morreria por você.

Acho que algo quebrou dentro de mim.
Talvez seja a minha esperança,
talvez seja a minha felicidade
talvez seja eu mesma
só sei que algo quebrou de novo
como tantas outras vezes
e a culpa novamente foi minha
por não aprender
que não dá pra prender uma nuvem
e nem congelar uma chama.

Ainda assim

Eu sou a música não ritmada
eu sou a inconcordância, eu sou errada
eu sou a vela com chama apagada
eu sou o tudo e ainda assim o nada

Eu não conheço mais o amor
e ainda assim o amo
eu ainda lembro da dor
mas ainda assim não o chamo

e te deixo ir
eu sou assim
quero tudo pra você
e não mereço você pra mim

Eu sou a bola que veio quadrada
eu sou a melodia não tocada
a corda do violão estourada
eu sou assim, eu tô marcada

Eu sou a taça que está quebrada
O que eu posso fazer?
A vida não me ensina mais nada
ou eu que não consigo mais aprender?

Eu não conheço mais o amor
e ainda assim o amo
eu ainda lembro da dor
mas ainda assim não o chamo

sábado, 15 de junho de 2013

Nuvens

Foi você a nuvem branca que caiu do céu
que tem o lábio com gosto de mel
e a mente mais leve que o mais puro ar

Foi você a nuvem cinza que surgiu no mar
a tempestade que me fez desabar
ao ver toda sua beleza

Foi você que dentre toda minha destreza
chegou e abalou minhas certezas
como só uma nuvem pode abalar

Nuvem de Abril
porque tapa o sol em seu frio?
e porque agora vai embora?

Nuvem de mentiras
que me enganaram 
e agora me fazem arder

Nuvens malditas
está na hora de irem embora
para que eu possa me esquecer
da mais bela nuvem
que foi você

e foi você que zombou dos meus sorrisos
que apenas fingia estar comigo
e que por um momento eu cheguei a acreditar

e foi você que recebeu o meu abraço
quando só queria dar um amasso
para então se satisfazer

e só você que ouviu os meus lamentos
e que no meio de todo tormento
conseguiu me aquecer

e foi você a nuvem 
que voou pra longe, embora
para se fazer morrer. 




quinta-feira, 13 de junho de 2013

Primavera chegou

Acordamos. Eu acredito. Eu realmente acredito.
Na verdade eu sinto que tudo que lutei foi esperando esse momento. 
A faísca saiu de controle e a bomba estourou. Se eu ganhasse R$ 0,20 centavos cada vez que eu falei que esse dia estava chegando (os sinais apontavam pra isso, a repressão estava maior), eu seria mais rica que o Arnaldo Jabor.

Hoje é transporte público, amanhã educação, saúde... O primeiro passo foi dado e nada mais segura esse incêndio. Ainda bem.

♫ Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença
e eu vou morrer de rir que esse dia há de vir antes do que você pensa ♪

Primavera

Disposta pra matar
disposta pra morrer

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Um conto sobre ninguém

Bons anos se passaram desde que tudo aconteceu. Hoje eu tenho minha casa, estou formada -relativamente bem sucedida, me arrisco a dizer-, e, adivinhe, com sua filha em meus braços.
Batizei-a de Pietra, o nome que você queria dar à sua primeira filha, o nome da sua avó.
Ela não sabe da sua existência, eu não tive coragem. Como posso explicar que tudo começou e terminou nas chuvas de Abril? De qualquer forma, ela ainda não entenderia, é só um bebê.
Não sei porque resolvi lhe escrever agora, nunca mais tive notícias de você e sei que posso estar invadindo sua vida, que há muito já deve estar formada. Você provavelmente tem a sua mulher, e a sua família. Antes de qualquer coisa, deixe-me esclarecer: não desejo seu dinheiro, nem desejo que largue o que hoje você tem.
Escrevo da varanda da minha casa. É um ambiente gostoso, dá para um pequeno bosque e, por ser alto, tenho uma boa vista do céu azul. Algumas nuvens brancas correm enquanto minhas letras vão aparecendo no papel, e como essas nuvens me lembram Abril! Lembra-se? Aquelas nuvens fofas com a "base" levemente achatada?
Mas então as nuvens vão, assim como você foi.
Mas, ao menos, deixou-me Pietra, que me aquece nas noites frias e me conforta quando chegam os trovões de Maio.
Maio, sempre detestei Maio. Foi em Maio que tudo acabou, foi em Maio que você, ah, como colocar em palavras? Foi em Maio que a normalidade voltou para nós.
Não quero me alongar muito, não pretendo voltar a fazer parte da sua vida, não fomos feitos para casamentos e família, somos feitos de sonhos, feitos das nuvens de Abril. Nós vivemos, e vamos embora.
Eu só queria que você soubesse da sua filha, e de que, no momento certo, ela saberá quem era o pai, e o que foi o nosso momento. E gostaria de que você soubesse que, não, eu não esqueci. Nunca esquecerei.

Da sempre sua,
                        garota de Abril